A perspectiva interseccional-rizomática nas narrativas (auto)biografias de universitárias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2019.40189

Palavras-chave:

(Auto)biografia, Universidade, Interseccionalidade, Resiliência, Rizoma

Resumo

O objetivo deste artigo foi descrever e analisar, através das (auto)biografias de duas universitárias - uma do curso de Enfermagem e outra do curso de Pedagogia - fenômenos que envolvem a interseccionalidade e o modelo de rizoma, entre pobreza, etnia, gênero, os processos de superação, mobilidade social e a pesquisa como fator de biografização. As duas universitárias ingressaram na universidade através do vestibular, sem cotas sociais ou étnico-raciais. Partindo do princípio teórico-metodológico da biografização e projeto de si propostos por Cristine Delory-Momberger e Maria da Conceição Passeggi, verificamos que a mobilidade social foi basicamente forjada na resiliência pessoal e familiar, no capital social e cultural. A perspectiva da interseccionalidade-rizomática se evidenciou na narrativa (auto)biográfica da universitária do curso de Pedagogia, porque ela expressa o nível de reflexão crítica sobre a sua autoidentificação étnica, classe social e gênero, por ocasião da construção do seu Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (TCC) e como integrante do “Grupo de Estudos e Pesquisas Autobiográficas”, inferindo a relevância do universitário pesquisador-reflexivo de sua própria história de vida. O que não se evidenciou na narrativa (auto)biográfica da universitária do curso de Enfermagem.

Biografia do Autor

Andrea Abreu Astigarraga, Universidade Estadual Vale do Acaraú

Professora Adjunta do Centro de Filosofia, Letras e Educação da Universidade Estadual Vale do Acaraú. Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Ceará. Líder do Grupo Pesquisa de Pesquisa do CNPq “Grupo de Estudos e Pesquisas Autobiográficas”.

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Publicado

2019-10-01

Como Citar

Astigarraga, A. A. (2019). A perspectiva interseccional-rizomática nas narrativas (auto)biografias de universitárias. Revista Maracanan, (22), 125–144. https://doi.org/10.12957/revmar.2019.40189