“E se o frade quiser ser perfeitinho”: instruções para uma conduta exemplar do clero regular português no século XVIII.

Autores

  • Eliane Cristina Deckmann Fleck Programa de Pós-Graduação em História - Universidade do Vale do Rio dos Sinos https://orcid.org/0000-0002-7525-3606
  • Mauro Dillmann Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul.

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2019.36862

Palavras-chave:

Clero Regular, Portugal, João Franco, Perfeição Religiosa

Resumo

Este texto busca identificar e analisar as instruções para uma conduta exemplar dos clérigos regulares presentes na obra Mestre da Virtude, do padre português dominicano João Franco. Neste livro, publicado em Lisboa, em 1745, o autor busca incitar os clérigos ao cumprimento de suas obrigações religiosas, destacando as atitudes próprias de um “bom religioso” e as transgressões mais comuns que deviam ser corrigidas e eliminadas da vivência religiosa, visando à adoção de um determinado modelo de vida cristã clerical no interior dos conventos portugueses. Essas instruções, que seguiam a moral tridentina e tiveram forte ressonância em Portugal até meados do século XVIII, diziam respeito aos comportamentos sociais e morais esperados do clero regular português tanto pela Igreja, quanto pelos leigos.

Biografia do Autor

Eliane Cristina Deckmann Fleck, Programa de Pós-Graduação em História - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Doutora em História pela PUCRS (Porto Alegre, RS), com a Tese “Sentir, adoecer e morrer – sensibilidade e devoção no discurso missionário jesuítico do século XVII”. Professora Titular da Graduação e do Programa de Pós-Graduação em História da UNISINOS (São Leopoldo, RS), pesquisadora do CNPq (PQ 2) e integrante dos Grupos de Pesquisa-CNPq “Jesuítas nas Américas” e “Imagens da Morte: a morte e o morrer no mundo ibero-americano”.

Mauro Dillmann, Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul.

Doutor em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo/RS. Possui Graduação em História pela Universidade Federal de Pelotas (2003) e Mestrado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2007), integrando o GT História das Religiões e Religiosidades/Anpuh-RS e o Grupo de Pesquisa-CNPq, “Imagens da Morte: a morte e o morrer no mundo ibero-americano”. É professor da UFPEL, Rio Grande do Sul.

Referências

BELLINI, Lígia; PACHECO, Moreno Laborda. Performance religiosa e mobilidade social de mulheres no Portugal dos séculos XVII e XVIII. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 38, n. 77, 13-35, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882018000100013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-93472018v38n77-01.

BOXER, Ch. A Igreja e a expansão ibérica (1440-1770). Lisboa: Edições 70, 1981.

COSTA, Elisa Maria Lopes da. A Jacobeia. Achegas para a história de um movimento de reforma espiritual no Portugal setecentista. Arquipélago, História, 2ª série, XIV-XV, 31-48, 2010-2011.

DAIBERT JR, Robert. Entre homens e anjos: padres e celibato no período colonial no Brasil. In: PRIORE, Mary del; AMANTINO, Márcia (orgs.). História dos homens no Brasil. São Paulo: Ed. Unesp, 2013.

DELUMEAU, Jean. O pecado e o medo: a culpabilização no Ocidente (séculos 13-18). Vol. 2. Bauru, SP: EdUSC, 2003.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Vol. 1: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

FERNANDES, Maria de Lurdes Correia. Da reforma da Igreja à reforma dos cristãos: reformas, pastoral e espiritualidade. In: AZEVEDO, Carlos Moreira (dir.). História Religiosa de Portugal. V. 2: Humanismos e Reformas. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000.

HONOR, André Cabral. Paga-se com rezas: o peditório dos carmelitas turônicos das capitanias de Pernambuco e Paraíba no século XVIII. Saeculum, Revista de História, João Pessoa, v. 32, jan./jun. 2015. Disponível em: http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/srh/article/view/27072.

MARQUES, João Francisco. O livro religioso. In: AZEVEDO, Carlos Moreira. (dir.). História religiosa de Portugal. Vol. 2: Humanismos e reformas. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000.

MARTINS, William de Souza. A beata Joana de Gusmão (1688-1780): análise das representações construídas pela historiografia e da atuação no campo religioso. História Unisinos, v. 22, n. 1, 18-32, jan./abr. 2018. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/historia/article/view/htu.2018.221.02.

MONDONÇA, Pollyanna Gouveia. Parochos imperfeitos: Justiça Eclesiástica e desvios do clero no Maranhão colonial. 2011. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense, Niterói (RJ).

MORUJÃO, Isabel. Poesia e santidade: alguns contributos para uma percepção do conceito de santidade, a partir de duas biografias devotas de religiosas do séc. XVIII. Via Spiritus, n. 3, 235-261, 1996.

OLIVAL, Fernanda; MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Mobilidade social nas carreiras eclesiásticas em Portugal (1500-1820). Análise Social, v. XXXVII, n. 165, 1213-1239, 2003.

PAIVA, José Pedro. D. Sebastião Monteiro da Vide e o Espiscopado do Brasil em Tempo de Renovação (1701-1750). In: FEITLER, Bruno; SOUZA, Evergton Sales (orgs.). A Igreja no Brasil: normas e práticas durante a Vigência das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São Paulo: Ed. Unifesp, 2011.

PAIVA, José Pedro. Os mentores. In: AZEVEDO, Carlos Moreira (dir.). História Religiosa de Portugal. Vol. 2: Humanismos e Reformas. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000.

PALOMO, Federico. Cultura religiosa, comunicación y escritura en el mundo ibérico de la Edad Moderna. In: MARTÍN, Eliseo (ed.). De la tierra al cielo. Líneas recientes de la investigación en Historia Moderna. Zaragoza: Institución Fernando el Católico, 2013.

RODRIGUES, Afonso. Exercícios de perfeição e virtudes cristãs. Tomo III. São Paulo: Cultor de Livros, 2017.

THAI-HOP, Pablo. Domingos de Gusmão e a opção pelos pobres. São Paulo: Edições Loyola, 1993.

Downloads

Publicado

2019-01-17

Como Citar

Deckmann Fleck, E. C., & Dillmann, M. (2019). “E se o frade quiser ser perfeitinho”: instruções para uma conduta exemplar do clero regular português no século XVIII. Revista Maracanan, (20), 30–50. https://doi.org/10.12957/revmar.2019.36862