Legar ao além: uma análise das propriedades da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro

Autores

  • Karoline Marques Machado Doctoral Student no Max Planck Institute for Legal History and Legal Theory (mpilhlt), Alemanha Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História (UERJ) https://orcid.org/0000-0002-2551-9007

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2023.74116

Palavras-chave:

Irmandade, Caridade, Império português

Resumo

O presente artigo visa compreender a relação entre a Irmandade de Nossa Senhora da Misericórdia, como receptora de legados pios, e o imaginário da salvação das almas que possibilitou o acúmulo de bens imóveis pelos irmãos de caridade. As propriedades recebidas pela Misericórdia foram, em sua maioria, amealhadas através de doações estipuladas em testamento por indivíduos que almejavam alcançar o Paraíso. A Misericórdia recebeu o privilégio de manter sob o seu controle alguns dos bens de raiz doados por homens e mulheres que buscavam  a remissão dos pecados ao buscarem a salvação eterna. A correlação entre salvação e caridade representa um caminho para entender o papel da Misericórdia e, principalmente,  como a Irmandade virou uma das principais detentoras de terras urbanas no Rio de Janeiro durante o período colonial.


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Biografia do Autor

Karoline Marques Machado, Doctoral Student no Max Planck Institute for Legal History and Legal Theory (mpilhlt), Alemanha Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História (UERJ)

Doctoral Student no Max Planck Institute for Legal History and Legal Theory (mpilhlt), Alemanha

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Brasil 

Pesquisadora júnior do INCT-Proprietas, Brasil


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Publicado

2023-07-26

Como Citar

MACHADO, Karoline Marques. Legar ao além: uma análise das propriedades da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Intellèctus, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 50–76, 2023. DOI: 10.12957/intellectus.2023.74116. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/intellectus/article/view/74116. Acesso em: 8 jun. 2025.