A existência no fio da navalha: propriedade e violência em Grande sertão: veredas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2023.72436

Palavras-chave:

Grande sertão, veredas, Propriedade, Dialética.

Resumo

Este artigo discute a complexa relação entre propriedade e violência no âmbito do romance Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa. Entende-se que, para além da rica matéria social, histórica e política do sertão, uma das principais dimensões dos conflitos narrados se vincula intrinsecamente à concentração de terras por parte dos grandes potentados locais, os coronéis, e pela prática quase institucionalizada do banditismo armado, o jaguncismo. Longe de ser mera fabulação, a análise dialética entre literatura e sociedade almeja sublinhar que o romance de Guimarães Rosa é uma possibilidade de pesquisa e interpretação de um passado não muito distante e que ainda reflete, em maior ou menor grau, determinada lógica de coerções, roubos e assassinatos em áreas características do território brasileiro.


Referências

Referências Bibliográficas

ANDRADE, Fábio de Souza (2002). Leilão divino, tribunal jagunço, duelo de bravos: rito, lei, ordem e costume em Guimarães Rosa. Literatura e Sociedade. São Paulo, v.6, pp.148-157, nov.

BOLLE, Willi (2004). Grandesertão.br: o romance de formação do Brasil. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34.

BOLLE, Willi (2007). O Brasil jagunço: retórica e poética. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. São Paulo, n.44, pp. 141-158, fev.

CANDIDO, Antonio (2012). O homem dos avessos. In: CANDIDO, Antonio. Tese e Antítese. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, pp. 111–130.

CANDIDO, Antonio (2012). Jagunços mineiros de Claudio a Guimarães Rosa. In: CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. São Paulo: Duas Cidades, pp. 133-160.

CUNHA, Euclides da (2007). Os sertões. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional.

FURTADO, Celso (2000). Pequena introdução sobre o desenvolvimento: enfoque histórico estrutural. São Paulo: Paz e Terra.

GALVÃO, Walnice Nogueira (1986). As formas do falso: um estudo sobre a ambiguidade no Grande sertão: veredas. São Paulo: Editora Perspectiva.

GROSSI, Paolo (2006). História da propriedade e outros ensaios. Rio de Janeiro: Renovar.

LEAL, Victor Nunes (1975). Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Editora Alfa-Ômega.

MARX, Karl (2005). Crítica da filosofia do direito de Hegel. Trad. Rubens Enderle e Leonardo de Deus. São Paulo: Boitempo.

MARX, Karl & ENGELS, Friedrich (2007). A ideologia alemã: critica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas (1845-1846). Trad. Rubens Enderle, Nélio Schneider e Luciano Cavini Martorano. São Paulo: Boitempo.

PRADO JR., Caio (2011). Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: Companhia das Letras.

ROSA, Guimarães (1994 [1956]). Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar.

SCHWARCZ, Lilia Moritz (2019). Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras.

SOBRINHO, Barbosa Lima (1975). Prefácio à segunda edição. In: LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. 3.ed. São Paulo: Editora Alfa-Ômega, pp. 13-17.

VIANNA, Oliveira (1987). Instituições políticas brasileiras. Belo Horizonte; São Paulo: Editora Itatiaia: Editora da USP.

Downloads

Publicado

2023-07-26

Como Citar

A. Barros, V. V. (2023). A existência no fio da navalha: propriedade e violência em Grande sertão: veredas. Intellèctus, 22(1), 171–183. https://doi.org/10.12957/intellectus.2023.72436