O Ensaio como vocação: intelectuais latino-americanos e experiência intelectual (semi)periférica no século XIX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2020.45728

Palavras-chave:

América Latina, Pensamento Político e Social, Ensaio

Resumo

Este texto aborda a transfiguração do ensaio em terras americanas, apontando as características desta forma de apresentação das ideias, relacionando o conteúdo ao contexto. Em outras palavras, o ensaio latino-americano se apropriou de conceitos originários de sistemas filosóficos e científicos os mais diversos, e, libertando-os do peso desta origem, da pureza e transcendência que esta transposição impunha, os (re)significou a partir de sua inserção em uma forma discursiva nova, em uma experiência intelectual específica e interina. Deste modo, fugiu aos padrões frios da descrição analítica e da erudição ao se colocar no mundo público, como interpretação de um novo mundo, com seus habitantes e território. Desenhando assim, uma peculiar episteme (semi)periférica cuja centralidade se ancoraria na inventividade e no pragmatismo, postos na confluência da imposição pessoal e da palavra pública.

Biografia do Autor

Maro Lara Martins, Ufes - Universidade Federal do Espírito Santo

Graduação em História pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), mestrado em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e doutorado em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj). Professor Adjunto do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenador do Núcleo de Teoria Social e Interpretação do Brasil (Netsib-Ufes). Membro da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), da Associação Nacional de História (Anpuh) e da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH). Áreas de interesse: Pensamento Social Brasileiro, Teoria Social e Sociologia Histórica.

Referências

ADORNO, Theodor (2003). Notas de Literatura I. São Paulo: Editora 34. ANDERSON, Benedict (2008). Comunidades Imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras.

ARCINIEGAS, Germán (1983). Nuestra América es un ensayo. In: LARROYO, Francisco et al. Filosofía de la historia latinoamericana. Bogotá: El Búho.

BARBOSA FILHO, Rubem (2000). Tradição e Artifício: Iberismo e Barroco na Formação Americana. Belo Horizonte: Editora UFMG.

CARVALHO, José Murilo de (1980). A construção da ordem: a elite política imperial.

Rio de Janeiro: Campus.

EARLE, Peter G (1982). El ensayo hispanoamericano, del modernismo a la modernidad. Revista Iberoamericana, n°s 118-119 p.46-57.

FERES JÚNIOR, João (2009). El concepto de América en el mundo atlántico (1750- 1850): Perspecti- vas teóricas y reflexiones sustantivas a partir de una comparación de múltiples casos. In: LOSADA, Cristobal. SEBASTIAN, Javier. Diccionario político y social del mundo iberoamericano La era de las revoluciones, 1750-1850. Madrid: Fundación Carolina Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y Centro de Estudios Políticos y Constitucionales de Madrid.

FERREIRA, Fatima (2009). Entre viejos y nuevos sentidos: «Pueblo» y «pueblos» en el mundo ibe- roamericano, 1750-1850. In: LOSADA, Cristobal. SEBASTIAN, Javier. Diccionario político y social del mundo iberoamericano La era de las revoluciones, 1750-1850. Madrid: Fundación Carolina Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y Centro de Estudios Políticos y Constitucionales de Madrid.

GOLDMAN, Noemi (2009). Legitimidad y deliberación. El concepto de opinión pública en Ibero- américa, 1750-1850. In: LOSADA, Cristobal. SEBASTIAN, Javier. Diccionario político y social del mundo iberoamericano La era de las revoluciones, 1750-1850. Madrid: Fundación Carolina Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y Centro de Estudios Políticos y Constitucionales de Madrid.

GÓMES-MARTÍNEZ, José Luis (1992). Teoría del Ensayo. México, UNAM. GREENBLATT, S (1996). Possessões maravilhosas: o deslumbramento do Novo Mundo. São Paulo: EDUSP.

HAMILTON, Carlos (1972). El Ensayo Hispanoamericano. Madrid, Ediciones Iberoamericanas.

HARO, Pedro Haullón de (1992). Teoría del Ensayo. Madrid, Verbum. HELLER, Agnes (1982). O Homem do Renascimento. Lisboa: Presença.

HOUVENAGHEL, Eugenia (2002). Reivindicacion de una vocacion americanista: Alfonso Reyes – América como obra educativa. Genebra, Livraria Droz

KOSELLECK, Reinhart (2006). Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Puc-Rio

LECLERC, Gérard (2004). Sociologia dos Intelectuais. São Leopoldo, Editora Unisinos.

LIMA, Luiz Costa (1995). Vida e Mimeses. São Paulo: Editora 34.

LIMA, Luiz Costa (1993) Limites da Voz: Montaigne, Schlegel. Rio de Janeiro: Rocco.

LOMMÉ, Georges (2009). De la República y otras repúblicas: La regeneración de un concepto. In: LOSADA, Cristobal. SEBASTIAN, Javier. Diccionario político y social del mundo iberoamericano La era de las revoluciones, 1750-1850. Madrid: Fundación Carolina Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y Centro de Estudios Políticos y Constitucionales de Madrid.

LOSADA, Cristobal (2009). Ciudadano y vecino en Iberoamérica, 1750-1850: Monarquía o República. In: LOSADA, Cristobal; SEBASTIAN, Javier. Diccionario político y social del mundo iberoamericano La era de las revoluciones, 1750-1850. Madrid: Fundación Carolina Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y Centro de Estudios Políticos y Constitucionales de Madrid.

LOVELUCK, Juan (1976). El ensayo hispanoamericano y su naturaleza. Los Ensayistas. I (1), 7-13.

LUKÁCS, Georg (2009). A Teoria do Romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande época. São Paulo: Editora 34.

LUKÁCS, Georg (1985) Sobre la esencia y forma del ensayo (Carta a Leo Popper). In: El alma y las formas y Teoría de la novela, Barcelona, Grijalbo, 15-39.

MAIA, João Marcelo (2008). A terra como invenção: o espaço no pensamento social brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar.

MAIA, João Marcelo. (2009) Pensamento brasileiro e teoria social: notas para uma agenda de pesquisa. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo: v. 24, n. 71, Outubro. pp.155- 168, 2009.

MAIA, João Marcelo. (2011) Ao Sul da Teoria: a atualidade teórica do pensamento social brasileiro. Revista Sociedade e Estado, volume 26, números 2 Maio/Agosto. pp. 71-94, 2011.

MAÍZ, Claudio (2003). Problemas genológicos del discurso ensayístico: origen y configuración de un género. Acta Literaria, n°. 28 (79-105), 2003. Edição Digital disponível em: http://www.scielo.cl/pdf/aclit/n28/art07.pdf

MIGNOLO, Walter (2013). Histórias locais/Projetos globais. Colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG.

MONTAIGNE, Michel de (2000). Ensaios. São Paulo: Martins Fontes.

MONTIEL, Edgar (2000). El ensayo americano, centauro de los géneros. In: . El humanismo americano. Filosofía de una comunidad de naciones. Perú: Fondo de Cultura Económica, pp. 169-177.

NOYAMA, Samon (2009). Adorno e o „ensaio como forma‟. Revista Ítaca. Ouro Preto, UFOP, n14, pp. 135-147, 2009.

OBALDIA, Claire de (1995). The Essayistic Spirit: literature, modern criticism and the essay. Clarendon: Oxford University Press.

ORJUELA, Héctor (2002). Primicias del ensayo em Colombia: el discurso ensaystico colonial. Bogotá, Editora Guadalupe.

OVIEDO, José Miguel (1992). Breve História del Ensayo Hispanoamericano. Madrid, Alianza.

PADILLA, Guillermo (2009). Historia, experiencia y modernidad en Iberoamérica, 1750-1850. In: LOSADA, Cristobal. SEBASTIAN, Javier. Diccionario político y social del mundo iberoamericano La era de las revoluciones, 1750-1850. Madrid: Fundación Carolina Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y Centro de Estudios Políticos y Constitucionales de Madrid.

PINTO, Manuel da Costa (1998). Albert Camus: um elogio do ensaio. São Paulo: Ateliê Editorial.

POCOCK, J. G. A (2003). Linguagens do Ideário Político. São Paulo: Edusp.

PRATT, Mary Louise (1999). Os olhos do Império: relatos de viagem e transculturação. Bauru: Edusc.

RAMA, Angél (2001). Literatura e Cultura na América Latina. (Aguiar, Flávio; Vasconcelos, Sandra – orgs) São Paulo: Edusp.

RAMA, Angél (1985). A cidade das Letras. São Paulo: Brasiliense.

RAMOS, Julio (2008). Desencontros da Modernidade na América Latina: literatura e política no século XIX. Belo Horizonte: Editora UFMG.

ROLAND, Ana Maria (1997). Fronteiras da Palavra, Fronteiras da História. Brasília, Editora da Unb.

VALDES, José (2009). Ex unum, pluribus: revoluciones constitucionales y disgregación de las monarquías ibero-americanas. In: LOSADA, Cristobal. SEBASTIAN, Javier. Diccionario político y social del mundo iberoamericano La era de las revoluciones, 1750-1850. Madrid: Fundación Carolina Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y Centro de Estudios Políticos y Constitucionales de Madrid.

WASSERMAN, Fabio (2009). El concepto de nación y las transformaciones del orden político en Iberoamérica (1750-1850). In: LOSADA, Cristobal. SEBASTIAN, Javier. Diccionario político y social del mundo iberoamericano La era de las revoluciones, 1750-1850. Madrid: Fundación Carolina Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y Centro de Estudios Políticos y Constitucionales de Madrid.

WEINBERG, Liliana (2001). El ensayo, entre el paraíso y el infierno. México, UNAM/Fondo de Cultura Económica.

WEINBERG, Liliana (2006) Pensar el ensayo. México, Editora Siglo XXI.

WERNECK VIANNA, Luiz (1997). A Revolução Passiva: iberismo e americanismo no Brasil. Rio de Janeiro: Revan.

WERNECK VIANNA, Luiz (2001) “O Pensar e o Agir”. Lua Nova. Revista de Cultura e Política. São Paulo: Nº 54. CEDEC, 2001.

ZEA, Leopoldo (org.). (1995) Fuentes de la Cultura Latinoamericana. México, F.C.E., 2 vols.

ZEA, Leopoldo (1972) America como conciencia. México, Unam.

Downloads

Publicado

2020-07-17

Como Citar

Martins, M. L. (2020). O Ensaio como vocação: intelectuais latino-americanos e experiência intelectual (semi)periférica no século XIX. Intellèctus, 19(1), 390–409. https://doi.org/10.12957/intellectus.2020.45728