“A guerra ia nos seguindo como a nossa própria sombra”: Brecht no exílio dinamarquês

Autores

  • Débora El Jaick Andrade UFF

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2019.44392

Palavras-chave:

Intelectuais, exílio, Bertolt Brecht, Nazismo

Resumo

O artigo versa sobre o período de 1933-1939 quando o poeta, dramaturgo e crítico teatral Bertolt Brecht exilou-se na Dinarmaca, a partir da ascensão do Partido Nacional Socialista ao poder na Alemanha (1933). Aborda o exílio como um tema historiográfico e sociológico e como fenômeno histórico no século XX. Caracteriza o período da República de Weimar como favorável às vanguardas artísticas, ao pensamento liberal, quando Brecht estabeleceu os princípios do seu teatro épico. Todo o intenso desenvolvimento teatral foi interrompido pela política de “alinhamento” que determinou a emigração dos maiores nomes da intelectualidade alemã. No exílio desde 1933, Brecht caracterizou a condição do exilado político e realizou a crítica ao nazifascismo através da poesia e da dramaturgia, em cartas, poemas, diários de trabalho. Através da abordagem da história intelectual é possível depreender a evolução de seu pensamento, assim como relações de amizade e solidariedade entre emigrados que consistiam em uma forma fundamental de sobrevivência, no sentido de atenuar o isolamento e permitir a continuidade dos trabalhos literários. Para Brecht, uma tarefa fundamental era mobilizar os emigrados, romper o conformismo, aproveitar-se de sua projeção literária para combater o regime nazista de fora do país.

Biografia do Autor

Débora El Jaick Andrade, UFF

Doutora em História Social ,professora Associada do Departamento de História da UFF Campos.

Referências

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Publicado

2019-12-22

Como Citar

Andrade, D. E. J. (2019). “A guerra ia nos seguindo como a nossa própria sombra”: Brecht no exílio dinamarquês. Intellèctus, 18(2), 9–40. https://doi.org/10.12957/intellectus.2019.44392