Transgredindo as margens e forjando histórias: a imprensa negra na fronteira Brasil-Uruguai no Pós-Abolição

Autores

  • Fernanda Oliveira da Silva UFRRJ - Pós-doutoranda

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2018.35650

Resumo

Neste artigo analiso a imprensa negra da região de fronteira Brasil-Uruguai, mais especificamente das cidades de Melo e Pelotas: A Alvorada (Pelotas, 1907-1965), Acción (Melo, 1934-1952) e Orientacion (Melo, 1941-1945). A experiência destes periódicos é o fio condutor, cujo foco está em Acción, criado como porta voz do Centro Uruguay, clube negro criado em Melo em 1923. Dentre as conclusões explicito que por meio da tribuna pública, imprensa, foram transgredidas as margens, tanto uma referência aos trânsitos em uma região de fronteira, quanto às vivências da racialização, e forjada uma história para a nação uruguaia que se conectava com o Brasil, denunciava a racialização reinante e inseria a população negra dentre os atores daquela história já plenamente conhecida pelos pagos uruguaios. 

Referências

Fontes

A Alvorada. Pelotas, números esparsos 1912-1944, 1947-1956.

Acción. Melo, 1934-1952.

Estatutos generales del Centro Uruguay. Melo, 1932. Regulamento Interno del “Centro Uruguay”.

Orientacion. Melo, 1941-1945.

Referências Bibliográficas

ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de. (2009). O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia das Letras.

ANDREWS, George Reid. (2011). Negros en la nación blanca: historia de los afro- uruguayos. Montevideo (Uruguay): Librería Linardi y Risso.

BASTIDE, Roger. (1973) A Imprensa Negra do Estado de São Paulo. In: BASTIDE, Roger. Estudos afro-brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1973, p. 129-156.

BERSTEIN, Serge. A cultura política. In: RIOUX, Jean-Pierre & SIRINELLI, Jean- François. Para uma História Cultural. Lisboa: Estampa, 1998, pp. 349-363.

BURGUEÑO, Cristina. (2007). Virginia Brindis de Salas: La Voz de un 'Yo' Afro. Negritud, v.1, n.1, p. 281-289.

CASTRO, Cristian. (2010). Exploraciones para una historia transnacional de la afro- modernidad en América. Chicago y Sao Paulo, 1900-1940. Revista de Historia Iberoamericana, v. 3, n. 1, p.33-49.

CHALLOUB, Sidney. (2010). Precariedade estrutural: o problema da liberdade no Brasil escravista (século XIX). História Social, n. 19, p. 33- 62, 2010.

COLLINS, Patricia Hill (2016). Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, pp. 99- 127.

CÔRTES, Giovana Xavier da Conceição. (2012) Brancas de almas negras? Beleza, racialização e cosmética na imprensa negra pós-emancipação (EUA, 1890-1930). Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas. Tese (Doutorado em História).

DAVIS, Angela Y. (2009). A Democracia da Abolição – para além do império, das prisões e da tortura. Rio de Janeiro: DIFEL.

DECOSTA-WILLIS, Miriam (2003). Daughters of the diaspora: Afra-Hispanic writers. Ian Randle Publishers.

DU BOIS, W. E. B. (1999). As almas da gente negra. Rio de Janeiro: Lacerda. FERRARA, Miriam Nicolau. (1986). A imprensa negra paulista (1915-1963). São Paulo: Universidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em História).

GOLDMAN, Gustavo (2015). Negros modernos: música, territorio y asociacionismo al sur de la ciudad de Montevideo a fines del siglo XIX. Boletin de Musica, n. 41, pp. 49-65.

GOLDMAN, Gustavo (2016). Los otros ciudadanos: Asociacionismo, prensa y política de los negros montevideanos a fines del siglo XIX. Claves Revista de Historia, n. 2, pp. 175-198. GONZALEZ, Lélia. (1985) The unified black movement: a new stage in black political mobilization. In: FONTAINE, Pierre-Michel. Race, class and power in Brazil. Los Angeles: UCLA Center for Afro-American Studies, pp. 120-134.

HOLT, Thomas. C. (1995). Marking: race, race-making, and the writing of history. The American Historical Review, vol. 100, n. 1, pp. 1-20.

LEWIS, Marvin A (2003). Afro-Uruguayan literature: post-colonial perspectives. London: Bucknell University Press.

LIMA, Henrique Espada. (2005). Sob o domínio da precariedade: escravidão e os significados da liberdade de trabalho no século XIX Topoi, vol. 6, n. 11, pp. 289- 326.

Loner, Beatriz Ana (2001). Construção de classe: operários de Pelotas e Rio Grande, 1888-1930. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária−UFPel/Rede Unitrabalho.

Loner, Beatriz Ana (2009) A rede associativa negra em Pelotas e Rio Grande. In: Silva, Gilberto Ferreira da; Santos, José Antônio dos. RS Negro: cartografias sobre a produção do conhecimento. Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 246-261.

Loner, Beatriz Ana & Gill, Lorena. (2009) Clubes carnavalescos negros na cidade de Pelotas. Estudos Ibero- Americanos. Porto Alegre, vol. 35, n. 1, pp. 145-162.

Loner, Beatriz Ana (2011) Antônio: de Oliveira a Baobab. In: Gomes, Flávio; Domingues, Petrônio. Experiências da emancipação: biografias, instituições e movimentos sociais no pós- abolição (1890-1980). São Paulo: Selo Negro, pp. 109-136.

MARQUES, Pâmela Marconatto. (2017). “‘Nou led, nou la!’ Estamos feios, mas estamos aqui!” Assombros haitianos à retórica colonial sobre pobreza. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2017. Tese (Doutorado em Sociologia).

PEREIRA, Amilcar Araújo. (2013) O mundo negro: relações raciais e a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas; FAPERJ.

PINTO, Ana Flávia Magalhães. (2010). Imprensa negra no Brasil do século XIX. São Paulo: Selo Negro.

PINTO, Ana Flávia Magalhães (2014). Fortes laços em linhas rotas: literatos negros, racismo e cidadania na segunda metade do século XIX. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas. Tese (Doutorado em História).

RODRÍGUEZ, Romero Jorge. (2006). Mbundo, Malungo A Mundele: Historia del movimiento Afrouruguayo y sus alternativas de desarrollo. Montevideo (UY): Rosebud Ediciones.

SANTOS, José Antonio dos. (2011). Prisioneiros da história. Trajetórias intelectuais na imprensa negra meridional. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Tese (Doutorado em História).

SANTOS, José Antonio dos (2003). Raiou a Alvorada: Intelectuais negros e imprensa. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária−UFPel.

SEIGEL, Micol. (2005). Beyond compare: comparative method after the transnational turn. In: Radical History Review, n. 91, pp. 62-90.

SERRAT, Alberto Brítos (1990). Antologia de poetas negros uruguayos. Montevideo (Uruguay): Ediciones Mundo Afro.

SILVA, Fernanda Oliveira da. (2017). As lutas políticas nos clubes negros: culturas negras, racialização e cidadania na fronteira Brasil-Uruguai no pós-abolição (1870- 1960). Tese (Doutorado em História). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Downloads

Publicado

2018-07-19

Como Citar

Silva, F. O. da. (2018). Transgredindo as margens e forjando histórias: a imprensa negra na fronteira Brasil-Uruguai no Pós-Abolição. Intellèctus, 17(1), 73–94. https://doi.org/10.12957/intellectus.2018.35650