Os homens de cor invisíveis da imprensa negra paulistana: como a biografia de um intelectual negro nascido no século dezenove auxilia a repensar a historiografia do pós-abolição paulistano
DOI:
https://doi.org/10.12957/intellectus.2018.33687Palavras-chave:
intelectuais negros, imprensa, biografiaResumo
O presente texto aborda aspectos históricos e historiográficos do pós-abolição a partir dos jornais da imprensa negra paulistana. Existentes desde pelo menos o final do século dezenove, os jornais negros de São Paulo foram considerados mais combativos a partir da segunda década do século vinte. A relevância bibliográfica atribuída a esse último período ofuscou a luta de ativistas dos decênios anteriores, cuja herança documental é menos acessível. O objetivo deste artigo é refletir acerca das possibilidades para se contornar o problema da ausência dos jornais negros paulistanos nos primeiros anos do século vinte. Desse modo, a investigação biográfica sobre intelectuais negros nascidos em fins do século dezenove – por vezes ainda sob o jugo da escravidão – e que foram atuantes sobretudo nos anos imediatamente posteriores a abolição faz compreender a experiência negra antirracista interligada entre ambos os períodos históricos.
Referências
Fontes
CHIBATA (1932). Nós somos Judas da raça, quem serão os Cristos? São Paulo.
FOLHA DA MANHÃ (1930). Mahatma Gandhi. São Paulo.
O ALFINETE, órgão literário, crítico e recreativo dedicado aos homens de cor (1918- 1919, 1921.) São Paulo.
O BALUARTE, órgão oficial do Centro Literário dos Homens de Cor (1904). Campinas.
O CLARIM e O CLARIM D' ALVORADA, (1924-1932, 1940). São Paulo.
O CORREIO PAULISTANO, (1919). São Paulo.
O ESTADO DE SÃO PAULO. (1904-1919). São Paulo.
O KOSMOS, órgão do Grêmio Dramático e Recreativo Kosmos (1922-1925). São Paulo.
O MENELICK, órgão mensal, noticioso, literário e crítico dedicado aos homens de cor. (1915-1916). São Paulo.
UNESP/CEDEM. Fundo Clóvis Moura. (1931) Livro de Atas Sociedade Cooperadora O Clarim Alvorada. Regimentos e Atas de Associações. (Arquivos Históricos do
CMU) – 1931. São Paulo.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (1942). Pasta do Funcionário Frederico Baptista
de Souza. (Seção de Arquivo e Museu) – 1942. São Paulo.
Referências Bibliográficas
ABREU, Martha (2000). O Império do Divino – Festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro (1830-1900). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
ALBERTO, Paulina L (2011). Terms of inclusion: black intellectuals in twentieth-century Brazil. The University of North Carolina Press.
AMÂNCIO, Kleber Antônio de Oliveira (2013). Pós-abolição e quotidiano: ex-escravos, ex-libertos e seus descendentes em Campinas (1888-1926). São Paulo: Alameda.
ANDREWS, George Reid (1998). Negros e brancos em São Paulo. (1888-1988). (Trad. Magda Lopes) Bauru: EDUSC.
APPIAH, Kwame Anthony (2016). Identidades. Brasilio Sallum Júnior (org.) [et al.] São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
AZEVEDO, Thales de (1996). As elites de cor numa cidade brasileira: um estudo de ascensão social e classes sociais e grupos de prestígio. 2 ed. Salvador: EDUFBA: EGBA.
BARBOSA, Márcio (1998). Frente Negra Brasileira: depoimentos/entrevistas e textos. (Org. Quilomboje), São Paulo: Quilomboje.
BUTLER, Kim (2000). Freedoms given, freedoms won: Afro-Brazilians in post-abolition São Paulo and Salvador. Library of Congress Catalog-in-Publication, 1998. Second paperback printing.
CARDOSO, Paulino de Jesus Francisco (2012). A luta contra apatia: Estudo sobre a instituição do movimento negro antirracista na cidade de São Paulo (1915-1931). Itajaí: NEAB; Casa Aberta.
CARVALHO, G. L. DE (2009). A imprensa negra paulista entre 1915 e 1937: características, mudanças e permanências. São Paulo: Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História Programa de Pós-Graduação em História Econômica.
CHAPEAUX, Pedro Dechamps (1963). El negro em el periodismo cubano em el siglo XIX. Havana: Ediciones Revolución.
CÔRTES, Giovana Xavier da Conceição (2012). “‘Leitoras’: Gênero, Raça, Imagem e Discurso em O Menelick (São Paulo, 1915-1916).” Afro-Ásia, no. 46. Centro de Estudos Afro-Orientais - Universidade Federal da Bahia: 163–91.
CUTI (org). José Correia Leite (1992). ... E disse o velho militante José Correia Leite...
(organizador e textos Cuti). São Paulo: Secretaria Municipal da Cultura
DOMINGUES, Petrônio. (2008) Decifrando os segredos internos: a transição do trabalho
escravo para o livre no Brasil. Revista Iberoamericana, v.8, n. 31, p.197-205.
DOMINGUES, Petrônio (2007). Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo [online], vol.12, n.23, pp.100-122.
DOMINGUES, Petrônio (2006). A visita de um afro-americano ao paraíso racial. Revista de História, vol. 2, n. 155, 161-181.
DOMINGUES, Petrônio (2006). O “messias” negro? Arlindo Veiga dos Santos (1902- 1978) “Viva a nova monarquia brasileira; Viva Dom Pedro III!”. Varia História, Belo Horizonte, vol. 22, n. 36, p. 517-536.
DOMINGUES, Petrônio (2000). Uma História não contada: negros, racismo e trabalho no pós-abolição em São Paulo (1889-1930). Tese (Doutorado em História) Universidade de São Paulo, São Paulo.
ELLISON, Ralph Waldo (1952). Invisible Man. New York: Random House.
FERNANDES, Florestan (1965). A integração do negro na sociedade de classes. Volume
II, (3ª. Ed.) São Paulo: Dominus; Editora da Universidade de São Paulo.
FERRARA, Mirian Nicolau (1986). Imprensa negra paulista (1915-1960). São Paulo: FFLCH – USP.
FERREIRA, Maria Claudia Cardoso (2005). Representações sociais e práticas políticas do movimento negro paulistano: as trajetórias de Correia Leite e Veiga dos Santos (1928-1937). Dissertação (Mestrado em História). Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
FORTES, Alexandre & MATTOS, Hebe (2015). Pós-abolição no Mundo Atlântico. Revista Brasileira de História, v. 35, n. 69.
GELER, Lea. (2010). Periódicos y periodistas afro porteños a fines del siglo XIX. In: Andares negros, caminos blancos: Afroporteños, Estado y Nación Argentina a fines del siglo XIX. Rosario: Pro historia Ediciones; TEIAA, pp. 27-53.
GOMES, Flávio dos Santos (2005). Negros e política. Rio de Janeiro: Zahar.
GOMES, Tiago de Melo (2007). Afro-Brasileiros e a Construção da ideia de Democracia Racial nos Anos 1920. LINHAS, Florianópolis, vol. 8, n. 1, jan. / jun.
HELLWIG. J. David (edited by) (1992). African-American Reflections on Brazil´s paradise. Philadelphia: Temple University Press.
LONER, Beatriz (1999). Classe operária: mobilização e organização em Pelotas: 1888- 1937. Tese (Doutorado em Sociologia) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
MACCORD, Marcelo (2012). Artífices da Cidadania: Mutualismo, Educação e Trabalho no Recife Oitocentista. Campinas: Editora da Unicamp.
MACIEL, Cleber da Silva (1997). Discriminações raciais: negro em Campinas (1888- 1926). 2 ed. Campinas, SP: CMU/Unicamp.
MULLER, Liane. (2013). As contas do meu rosário são balas de artilharia. Dissertação (Mestrado em História) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
PEREIRA, Amilcar Araújo (2010). O mundo negro: a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). Tese (Doutorado em História) Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro.
PEREIRA, A. C (2016). Associativismo negro na Primeira República: o Grêmio Dramático Recreativo e Literário Elite da Liberdade. In: Anais Eletrônicos V Congresso Sergipano de História: Encontro Estadual de História, Sergipe: ANPUH.
PINTO, Ana Flávia Magalhães (2014). Fortes laços em linhas rotas: literatos negros, racismo e cidadania na segunda metade do século XIX. Tese (Doutorado em História) Universidade de Campinas, Campinas.
PINTO, Ana Flávia Magalhães (2002). Imprensa Negra no Brasil do século XIX. São Paulo: Selo Negro (Coleção Consciência e debate).
QUINTÃO, Antônia Aparecida (2002). Irmandades Negras: Outro espaço de luta e resistência (1870/1890), São Paulo: Annablume.
REGINALDO, Lucilene (2011). O Rosário dos Angolas: Irmandades de africanos e crioulos na Bahia Setecentista. São Paulo: Alameda.
RIBEIRO, Flávio Thales Francisco (2010). Fronteiras em definição: identidades negras e imagens dos Estados Unidos e da África no jornal O Clarim da Alvorada (1924- 1932). Tese (Doutorado em História) Universidade de são Paulo, São Paulo.
RIBEIRO, Jonatas Roque (2016). Escritos da liberdade: trajetórias, sociabilidade e instrução no pós-abolição no sul-mineiro (188-1930). Dissertação (Mestrado em História) Universidade de Campinas, Campinas.
RIOS, Maria e MATTOS, Hebe Maria (2004). O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas, Topoi, v. 5, n. 8, pp. 170-198.
SILVA, Mário Augusto Medeiros da. (2012). Fazer história, fazer sentido: Associação Cultural do Negro (1954-1964). Lua Nova, n. 85, São Paulo, pp. 227-273.
SILVA, Mário Augusto Medeiros da. (2017). Rastros do Cisne Preto: Lino Guedes, um escritor negro pelos jornais (1913-1969). Estud. hist. (Rio J.). vol.30, n.62, pp.597- 622. ISSN 0103-2186.
SILVA, Mário Augusto Medeiros da; UNGARETTI Adda Alessandra Piva e CAPORRINO, Amanda Walter (2017). Parecer técnico GEI no. 272-2013 – Clubes Sociais Negros de São Paulo. Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, Centro de Documentação da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico, Processo Condephaat 01097/2011
TENÓRIO, Valquíria Pereira (2010). Baile do Carmo: Festa, movimento negro e política das identidades negras em Araraquara-SP. Tese (Doutorado em Sociologia). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
THOMPSON, E. P. (1987) A formação da classe operária inglesa. I A árvore da Liberdade. Trad. Denise Bottman. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
TIEDE, Lívia Maria. (2002) Imprensa negra: espaço de sociabilidade em São Paulo no início do século XX. Monografia (Graduação em História). Universidade de Campinas: Campinas.
TIEDE, Lívia Maria. (2006) Sob suspeita: negros, pretos e homens de cor em São Paulo no início do século XX. Dissertação (Mestrado em História). Universidade de Campinas, Campinas.
TUTTLE, William M. (1970). Race Riot: Chicago in the Red Summer of 1919.
University of Illinois Press.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Os Direitos Autorais dos artigos publicados na Revista Intellèctus pertencem ao(s) seu(s) respectivo(s) autor(es), com os direitos de primeira publicação cedidos à Revista, com o trabalho simultaneamente licenciado sob uma LicençaCreative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, a qual permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. O(s) autor(es) tem/têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), após o processo editorial, uma vez que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado. Nesse caso, deverão ser fornecidos o crédito apropriado e um link do repositório original.
A Revista Intellètus está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
