A serpente de Ouroborus enquanto memória na arquitetura: Oscar Niemeyer e o baú dos guardados

Autores

  • José Carlos Rodrigues Avelãs Nunes Doutorando em Teoria e História da Arquitetura no Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

Palavras-chave:

Memória na Arquitetura, Oscar Niemeyer, Teoria da Arquitetura.

Resumo

A memória em arquitetura é asopa primordial para o ato criativo e deconcepção em arquitetura. As memórias doarquiteto funcionam como pilares efundações de uma obra de arquitetura, eesta como um espelho das vivências eexperiências do indivíduo criativo. Esteartigo, subordinado ao tema da memória emarquitetura, tem como objetivo demonstrarque o arquiteto utiliza-se de uma “gavetados guardados”, que constrói de forma“viva” ou “fabricada”, dependendo do graude presença do objeto, e que utiliza deacordo com memórias “inconscientes” ou“conscientes ativas”, de acordo comprocessos fisiológicos, intrínsecos à suamaturação intelectual, e sempre comuns aoseu percurso de vida – à construção interior:a gaveta da gaveta. É utilizado o caso doarquiteto Oscar Niemeyer para ilustrar aincidência da memória na arquitetura: umaevidência da importância da casa primordial(as primeiras memórias da arquitetura), osósia, o companheiro, as relações intra eextra-projetuais entre o indivíduo, a filiaçãopolítica, os seus ideais e a sua formaçãopessoal na concepção como processos deprocura e utilização de memóriasexistentes. Niemeyer, considerado pormuitos como o símbolo representativo –muitas vezes até elevado ao estatuto deícone – da criação espontânea, das ideiasconduzidas pela imaginação, é analisadoem todas as dimensões do seu discurso –desde a entrevista à escrita e ao projeto.Verificar-se-á, assim, a validade da “criação espontânea”. Sendo o processo criativo umato de concepção integrada, pretende-setambém mostrar a origem do arquiteto, daarquitetura e da relação entre ambos: a casaprimordial como julgamento entre amemória viva e a memória construída.Estes cruzamentos, comuns aos arquitetos ediferenciados a cada indivíduo, espelham aaparente e disfarçada singularidade doprocesso criativo. Mas outras vozes, comoos arquitetos Frank Ghery e Ruskin, aartista Eleni Basteá, os escritores Jorge LuisBorges e o ensaísta Montaigne, comprovamque o processo criativo é então o resultadode um elo e ligação entre memóriaspassadas e futuras, partindo desta premissa,não existe qualquer criação espontânea – ainvenção é puramente especulativa e não real.

Downloads

Como Citar

Nunes, J. C. R. A. (2015). A serpente de Ouroborus enquanto memória na arquitetura: Oscar Niemeyer e o baú dos guardados. Intellèctus, 13(1), 44–67. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/intellectus/article/view/18220

Edição

Seção

Artigos Livres