Escala brasileira de insegurança alimentar: proposta adaptada para povos e comunidades tradicionais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2022.66149

Palavras-chave:

Segurança alimentar e nutricional. Vulnerabilidade social. Grupos populacionais. Grupos étnicos.

Resumo

Introdução: A literatura tem retratado a vulnerabilidade à insegurança alimentar (IA) enfrentada por povos e comunidades tradicionais (PCTs). No Brasil, a Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA) é tida como o principal instrumento para avaliação da IA, mas seu enfoque centrado na renda para acesso aos alimentos não contempla os PCTs, que são grupos culturalmente diferenciados. Objetivo: Este artigo tem como objetivos desenvolver uma análise crítico-reflexiva sobre a aplicabilidade da EBIA e propor uma versão adaptada da EBIA reduzida para avaliação da IA em PCTs. Métodos: Estudo exploratório a partir de uma análise empírica e crítico-reflexiva. Foi proposta uma adaptação da EBIA reduzida para atender às singularidades dos PCTs. A versão proposta leva em conta características relativas à forma de aquisição dos alimentos por esses grupos sociais e desprende-se do enfoque teórico-metodológico da EBIA, em que há necessidade da renda para obtenção dos alimentos. Resultados: Foi elaborada uma adaptação da EBIA reduzida que levasse em consideração os costumes e necessidades dos PCTs. Obteve-se um instrumento conciso, de fácil aplicação e terminologias apropriadas ao público estudado. Termos que associavam a ausência de realização de refeições e/ou de aquisição de alimentos, como “comprar” e “dinheiro”, foram substituídos por outros, que fossem mais familiares aos PCTs. Considerações finais: Preconiza-se a elaboração de um instrumento específico para avaliação da IA de PCTs ou até mesmo a reformulação da EBIA, com o propósito de contemplar as particularidades desses grupos e trazer resultados de IA mais fidedignos, que possam subsidiar políticas públicas adequadas para atender as necessidades de saúde desse seguimento da sociedade.

Biografia do Autor

Amanda Forster Lopes, Universidade Federal do Amazonas (Coari/AM)

Docente da área de Nutrição Social do Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas

Maria José Laurentina do Nascimento Carvalho, Universidade Federal do Pernambuco

Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição.

Nathalia Barbosa de Aquino, Universidade Federal de Pernambuco

Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição.

Maria de Lourdes Araújo Soares, Universidade Federal do Pará

Universidade Federal do Pará, Campos Castanhal, Programa de Pós-Graduação em Estudos Antrópicos da Amazônia.

Sonia Christina da Cunha Carvalho, Universidade Adventista de São Paulo

Universidade Adventista de São Paulo, Campus Sede, Programa de Pós-Graduação em Nutrição Vegetariana e Estilo de Vida.

Flávio Bezerra Barros, Universidade Federal do Pará

Universidade Federal do Pará, Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares.

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Publicado

2022-10-23

Como Citar

Lopes, A. F., Carvalho, M. J. L. do N., de Aquino, N. B., Soares, M. de L. A., Carvalho, S. C. da C., & Barros, F. B. (2022). Escala brasileira de insegurança alimentar: proposta adaptada para povos e comunidades tradicionais. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 17, e66149. https://doi.org/10.12957/demetra.2022.66149

Edição

Seção

Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva