Avaliação da qualidade proteica, peso de órgãos e comprimento da tíbia e animais experimentais alimentados com quinoa (Chenopodium, quinoa)

Autores

  • Eliane Maria Ribeiro Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
  • Juliana Márcia Macedo Lopes Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
  • Ivy Scorzi Cazelli Pires Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri https://orcid.org/0000-0001-8103-4488
  • Lucilene Soares Miranda Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
  • Vanessa Alves Ferreira Universidade Federal de Minas Gerais https://orcid.org/0000-0003-0417-8490
  • Iara Ribeiro
  • Letícia Aparecida Gonçalves Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri https://orcid.org/0000-0003-1346-1335

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2022.56992

Palavras-chave:

Chenopodium quinoa. Qualidade proteica. Digestibilidade.

Resumo

Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade proteica e os efeitos da ingestão da quinoa (Chenopodium quinoa) no peso do fígado, baço e comprimento da tíbia de animais experimentais. Método: Para análise da qualidade proteica e eficácia alimentar, utilizou-se ensaio biológico de 28 dias e 18 ratos linhagem Wistar, calculando-se coeficiente de eficácia proteica (PER), razão proteica líquida (NPR), escore químico corrigido pela digestibilidade proteica (PDCAAS), utilização da proteína líquida (NPU), digestibilidade in vivo e coeficiente de eficácia alimentar (CEA) (AOAC). Resultados: Foram encontradas diferenças significativas entre valores de PER, NPR, NPU e CEA da quinoa (0,54; 2,58; 26,22 e 0,05, respectivamente) e da caseína (2,04; 3,84; 59,9; 0,2, respectivamente). Quanto à composição centesimal, foram encontrados valores de 11,31% de proteína, 11,28% de umidade, 2,04% de cinzas, 7,9% de lipídios e 67,47% de carboidratos. Não foram encontradas diferenças significativas entre valores de digestibilidade da caseína (96,93%) e quinoa (92,2%). O valor de PDCAAS encontrado para quinoa foi 0,97. Houve diferenças significativas em relação aos pesos dos órgãos, exceto o peso da tíbia, sendo que a caseína obteve maior peso. Conclusão: Os menores valores de PER, NPR, NPU e CEA demonstraram que a proteína da quinoa teve qualidade inferior à do leite, mas que os valores de digestibilidade e PDCAAS provam que ela apresenta boa qualidade proteica e perfil aminoacídico interessante, sendo necessários mais estudos para avaliar seu valor nutritivo.

Biografia do Autor

Eliane Maria Ribeiro, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Nutricionista graduada pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Juliana Márcia Macedo Lopes, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Nutricionista graduada pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Ivy Scorzi Cazelli Pires, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Lucilene Soares Miranda, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Vanessa Alves Ferreira, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais

Iara Ribeiro

Técnica do Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Letícia Aparecida Gonçalves, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Nutricionista e mestranda em Ensino em Saúde pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

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Publicado

2022-01-28

Como Citar

Ribeiro, E. M., Macedo Lopes, J. M., Pires, I. S. C., Miranda, L. S., Ferreira, V. A., Ribeiro, I., & Gonçalves, L. A. (2022). Avaliação da qualidade proteica, peso de órgãos e comprimento da tíbia e animais experimentais alimentados com quinoa (Chenopodium, quinoa). DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 17, e56992. https://doi.org/10.12957/demetra.2022.56992

Edição

Seção

Nutrição Básica e Experimental