INTERFACES ENTRE A GORDOFOBIA E A FORMAÇÃO ACADÊMICA EM NUTRIÇÃO: UM DEBATE NECESSÁRIO

Autores

  • Barbara Leone Silva Universidade Federal de Santa Catarina
  • Jacobina Rivas Cantisani Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2018.33311

Palavras-chave:

Preconceito. Estigma social. Obesidade. Risco.

Resumo

Este estudo propõe refletir sobre como a formação em Nutrição é passível de reproduzir gordofobia, e os riscos impostos às pessoas gordas por essa opressão. A gordofobia, enquanto discriminação dos indivíduos gordos, consequente da estigmatização, traduz-se em desigualdades nos mais diversos ambientes, repercutindo nos níveis biológico, psicológico, social e econômico. A hierarquização das populações consideradas mais ou menos saudáveis, baseada na lógica médico-estatística polarizada entre normal e patológico, sustenta a predominância da fisiologia no estudo das ciências da saúde, consolidando práticas de intervenção e controle sobre os desviantes, como medidas de prevenção. A formação teórica, enquanto definidora da prática, apresenta dilemas criando uma tendência de atuação patologizante, direcionando os Cursos de Nutrição a priorizarem interesses econômicos em detrimento das demandas sociais. Essa patologização contribui para a manutenção do modelo de saúde que corrobora a busca incessante pelo tipo corpóreo ideal, favorecendo a mercantilização das práticas em saúde. O debate conceitual e teórico mostra-se essencial para a discussão da abordagem prática, uma vez que a crença na obesidade enquanto reflexo das qualidades morais dos indivíduos tem importantes consequências sociais. De forma agravante, ao reproduzir a estigmatização das pessoas gordas, os profissionais as afastam do acesso aos serviços de saúde. Para desenvolver práticas humanizadas, promotoras de saúde e que reconheçam o indivíduo em sua historicidade e sociabilização, é preciso desenvolver outras concepções de saúde, já que a abordagem clínico-biomédica se mostra insuficiente para atuar de maneira satisfatória diante desta complexidade.

DOI: 10.12957/demetra.2018.33311

 

Biografia do Autor

Barbara Leone Silva, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Colaboradora do grupo de pesquisa Teia de Articulação pelo Fortalecimento da Segurança Alimentar e Nutricional (TearSAN).

Jacobina Rivas Cantisani, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Publicado

2018-07-16

Como Citar

Silva, B. L., & Cantisani, J. R. (2018). INTERFACES ENTRE A GORDOFOBIA E A FORMAÇÃO ACADÊMICA EM NUTRIÇÃO: UM DEBATE NECESSÁRIO. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 13(2), 363–380. https://doi.org/10.12957/demetra.2018.33311

Edição

Seção

ARTIGOS TEMÁTICOS "Imagens e discursos sobre corpos, famílias e subjetividades”