AVALIAÇÃO QUÍMICA DE MACRONUTRIENTES E MINERAIS DE DIETAS ENTERAIS ARTESANAIS UTILIZADAS EM TERAPIA NUTRICIONAL DOMICILIAR NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Resumo
Objetivo: este estudo objetivou avaliar quimicamente a composição de macronutrientes e minerais de dietas enterais artesanais prescritas para terapia nutricional domiciliar. Métodos: Foram coletadas fichas técnicas de dietas enterais artesanais padrão e padrão sem lactose, prescritas na alta hospitalar por hospitais públicos e pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Após preparo das formulações e avaliação de viscosidade, estabilidade, odor, cor e custo, foram selecionadas dietas de cinco locais, sendo agrupadas de acordo com as semelhanças na composição em Grupo A e Grupo B, e encaminhadas para análise química de macronutrientes e minerais. Os resultados foram comparados com as necessidades nutricionais propostas pelas Recomendações Dietéticas de Referência para homens de 51-70 anos. Resultados e Discussão: As dietas analisadas apresentaram distribuição normoproteica, normolipídica e normoglicídica. A quantidade total de fibra alimentar nas dietas do Grupo A ficou entre 12 g e 15 g, com 48% de fibra solúvel. No Grupo B, a fibra alimentar foi de 3,40 g, e na dieta padrão sem lactose, entre 6 e 8 g, apresentando 65% de fibra solúvel. Quanto aos minerais, todas as formulações estavam adequadas em ferro e a maioria, em cálcio, zinco, fósforo, cobre e sódio. Nenhuma formulação avaliada encontrou valores adequados de potássio e magnésio. Observou-se ainda baixa adequação de muitos minerais nas formulações de 1.200 Kcal. Conclusão: As formulações analisadas têm composição de macronutrientes adequada, necessitando de ajustes em fibras. Quanto aos minerais, aqueles deficientes precisam ser suplementados enquanto as adequações dietéticas não forem realizadas.
DOI: http://dx.doi.org/10.12957/demetra.2014.10424
Palavras-chave
Referências
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis. Plano de Ações estratégicas para Enfrentamento das DCNT no Brasil 2011-2022. 2011. Disponível em (http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1818
- Planas M, et al. Evaluación del grado de satisfacción de un programa de nutrición enteral domiciliaria. Nutrición Hospitalaria 2007; 22(5):612-15.
- Cabrit R. et al. Nutrition entérale à domicile: 3 millions de journées d’expérience. Nutrition Clinique et Métabolisme 2013; 27;178-184.
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
- CAISAN. Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: 2012/2015. Brasília, DF: MDS; Consea, 2011.
- Brasil, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada, RDC n° 11, de 26 de janeiro de 2006. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam Atenção Domiciliar. Brasília, DF: 2006. Disponível em URL:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2006/res0011_26_01_2006.html
- Brasil. Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância Sanitária. Resolução RDC no 63 de 6 de julho de 2000. Aprova regulamento técnico para fixar os requerimentos mínimos exigidos para a terapia nutricional enteral. Diário Oficial, Brasil, 07 de Julho de 2000.
- Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria 120 de 14 de abril de 2009. Disponível em URL:
- Barbosa JAG, Freitas MIF. Representações sociais sobre a alimentação por sonda obtidas de pacientes adultos hospitalizados. Revista Latino Americana de Enfermagem 2005; 13(2):235-42. doi.org/10.1590/S0104-11692005000200016
- Poulain JP, Proença RPC. O espaço social alimentar: um instrumento para o estudo dos modelos alimentares. Revista de Nutrição 2003; 16(3):245-256.
- Menegassi B, et al. Características físicoquímicas e qualidade nutricional de dietas enterais não-industrializadas. Alimentos e Nutrição. 2007; 18(2):127-132.
- Santos VFN, Bottoni A, Morais TB. Qualidade nutricional e microbiológica de dietas enterais artesanais padronizadas preparadas nas residências de pacientes em terapia nutricional domiciliar. Revista de Nutrição 2013; 26 (2):205-14.
- Henriques GS, Rosado GP. Formulação de dietas enterais artesanais e determinação da osmolalidade pelo método crioscópico. Revista de Nutrição. 1999; 12(3):225-32.
- Sousa LRM, Ferreira SMR, Schieferdecker MEM. Physicochemical and nutricional characteristics of handmade enteral diets. Nutrición Hospitalaria 2014; 29:568-574.
- Von Atzingen MC, et al. Composição centesimal e teor de minerais de dietas enterais artesanais. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial 2007; 1(2): 37-47.
- Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis. 19. ed., Washington DC, 2012, 1141p.
- Bligh EG, Dyer WJ. A rapid method of total lipid extraction and purification. Canadian Journal of Biochemistry and Physiology 1959; 37: 911-917.
- Asp NG et al. Rapid enzymatic assay of insoluble and soluble dietary fiber. Journal of Agricultural Food Chemistry 1983; 31(3): 476-482.
- Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes. The essential guide to nutrient requirements. Washington DC: The National Academies Press; 2006. 543p.
- Institute of Medicine. Dietary reference intake for calcium and vitamin D. 2010. Disponível em URL:
- USDA/DHHS. Dietary guidelines for Americans, 2010. Disponível em URL:
.
- Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, Sociedade, Brasileira de Clínica Médica, Associação Brasileira de Nutrologia. Projeto Diretrizes. Recomendações Nutricionais para Adultos em Terapia Nutricional Enteral e Parenteral. 2011 URL//
- Crowe TC, Brockbank CM. Nutrition therapy in the prevention and treatment of pressure ulcers. Wound Practice and Research. 2009;17:90-99.
- Arvanitakis M, et al. Nutrition in care homes and home care: How to implement adequate strategies. Clin Nutr. 2008; (27): 481 e 488.
- Santos RD, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2013;100(1Supl.3):1-40.
- Araújo EM, Menezes HC. Formulações com alimentos convencionais para nutrição enteral ou oral. Ciência e Tecnologia de Alimentos 2006; 26(3): 533-538.
- Araújo EM, Menezes HC, Tomazini JM. Fibras solúveis e insolúveis de verduras, tubérculos e canela para uso em nutrição clínica. Ciência e Tecnologia de Alimentos 2009; 29(2): 401-406.
- Bosaeus I. Fibre effects on intestinal functions (diarrhoea, constipation and irritable bowel syndrome) Clinical Nutrition Supplements 2004; 1:33-38. Doi:10.1016/jclnu.2004.09.006.
- Goldsmith JR, Sartor RB. The role of diet on intestinal microbiota metabolism: downstream impacts on host immune function and health, and therapeutic implications.J Gastroenterol 2014; 21. [Epub ahead of print].
- Candela CG, et al. Fibra y nutrición enteral. Nutrición Hospitalaria 2002; 17 (2):30-40.
- Silk DBA, et al. The effect of a polymeric enteral formula supplemented with a mixture of six fibers on normal human bowel function and colonic motility. Clinical Nutrition 2001; 20:49-58.
- Cozzolino SMF. Biodisponibilidade de Nutrientes. Barueri, SP: Manole, 2005.878p.
- Araújo EM, Menezes HC. Composição centesimal, lisina disponível e digestibilidade in vitro de proteínas de fórmulas para nutrição oral ou enteral. Ciência e Tecnologia de Alimentos 2005; 25(4): 768-771.
- Ames BN, et al. Mineral and vitamin deficiencies can accelerate the mitochondrial decay of aging. Molecular Aspects in Medicine 2005; 26(4-5):363-78.
- Bottoni A et al. Papel da nutrição na cicatrização. Ciências e saúde coletiva. 2011,1:98-103.
- Yoshihiro, S. Abnormal bone and calcium metabolism in patients after stroke. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation 2000; 81:117-121.
- Okada A, et al. Risk of renal stone formation induced by long-term bed rest could be decreased by premedication with bisphosphonate and increased by resistive exercise. International Journal of Urology 2008 ;15(7):630-5. doi: 10.1111/j.1442-2042.2008.02067.
- He K, et al. Magnesium intake and the metabolic syndrome: epidemiologic evidence to date. Journal of the Cardiometabolic Syndrome 2006; 1 (5):351–355.
- Rayman, M. P. Selenium and human health. The Lancet 2012; 379:1256-1268.
- Mente A, O’Donnell MJ, Yusuf S. The population risk of dietary salt excess are greatly exaggerated. Canadian Journal of Cardiology 2014. Doi:10.1016/j.cjca.2014.02.003.
- He JF, Li J, MacGregor GA. Effect of longer term modest salt reduction on blood pressure: Cochrane systematic review and meta-analysis of randomised trials. BMJ 2013; 346:f1325 doi:10.1136/bmj.f1325
- Drewnowski A, Maillot M, Rehm C. Reducing the sodium-potassium ratio in the US diet: a challenge for public health. American Journal of Clinical Nutrition 2012; 96:439-444.doi:10.3945/ajcn.111.025353.
- Yang Q et al. Sodium and potassium intake and mortality among US
adults: prospective data from the Third National Health and
Nutrition Examination Survey. Archives of Internal Medicine 2011;171:
DOI: https://doi.org/10.12957/demetra.2014.10424
e-ISSN: 2238-913X
Esta revista está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.