Bacon, Deleuze, pintura e filosofia
Abstract
Admiti-se que a filosofia é uma atividade que se caracteriza fundamentalmente por sua relação com os Conceitos. A filosofia seria um exercício estritamente conceitual. Mesmo que precária, mesmo que insuficiente, a definição da filosofia como atividade em estreita ligação com os conceitos nos fornece, contudo, critérios convincentes para exatamente separá-la da não-filosofia. E mais: podemos também, se quisermos, desenvolver as relações entre filosofia e a não-filosofia, descobrindo entre ambas comunicações nem sempre manifestas, nas quais cada uma tenta expressar, com os meios que lhes são imanentes, um mesmo campo de problemas.
O artigo Bacon, Deleuze, pintura e filosofia isenta expor alguns pontos de ressônancia entre a produção conceitual de Deleuze e a criação artística de Bacon, sobretudo a partir de um ponto que parece comum a ambos: em Bacon, a crítica à ilustração enquanto clichê narrativo (que subordina a pintura aos estados subjetivos de um seujeito e à percepção que este último tem de um estado de coisas); em Deleuze, a critica à representação enquanto estrutura psicológica que reduz o pensamento à sua imagem mais pobre: a busca dogmática da verdade.