As noivas de Satã: bruxaria, misoginia e demonização no Brasil colonial
DOI:
https://doi.org/10.12957/cesp.2017.32869Palavras-chave:
Feitiçaria, Misoginia, Escravidão, InquisiçãoResumo
Durante toda Idade Média e Moderna o tema da natural inclinação feminina para os comportamentos desviantes fazia parte do programa educacional de padres e religiosos das mais variadas ordens. Os médicos também reafirmaram em seus escritos a inferioridade física e moral das mulheres, e os juristas, igualmente, deram sua contribuição para reforçar a inferioridade estrutural do sexo feminino. A produção literária e a iconografia da Renascença foram da mesma forma hostis à condição feminina. Esse artigo resgata a história de duas escravas mestiças, Joana e Custódia de Abreu, que assumiram participar de encontros noturnos firmados por pactos diabólicos no Piauí colonial. Mulheres mestiças, descendentes de escravos africanos e indígenas, pobres e imersas numa sociedade misógina, opressora e extremamente híbrida, com interconexão de cultos e culturas diversas, de origem africana, indígena e europeia. O uso da “feitiçaria” era constante no Brasil colonial, seja para resolver problemas práticos do dia-a-dia, seja para conquistar benesses materiais ou ainda como forma de resistência ao sistema escravista e a dominação portuguesa. O artigo analisa historicamente a segunda metade do século XVIII, mas os temas são totalmente atuais: misoginia, demonização de práticas religiosas, pluralidade religiosa, escravidão, dentre outros.
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