n. 25 (2022): Novos paradigmas de desenvolvimento para a América Latina: (re)emergência étnica e resistência indígena no tempo presente.
As promessas de "progresso", "desenvolvimento" e "integração social", mobilizadas pelas elites da América Latina para justificar a construção de Estados nacionais modernos, não se cumpriram para a maioria da humanidade. No que diz respeito aos povos originários, as reformas neoliberais contribuíram para a destruição das organizações comunitárias e para a liquidação da propriedade social da terra. Contudo, nas últimas décadas, os movimentos étnicos revelaram-se laboratórios políticos com imenso potencial de luta contra o colonialismo interno e o monstro bicéfalo Estado-Mercado. Levando em conta a multiplicidade de experiências de vida singulares e com objetivos variados, os movimentos indígenas, em que pesem as especificidades de suas demandas, afastam-se de todo universalismo homogeneizante para construir um mundo em perspectiva, que possa englobar vários mundos.
O dossiê reuniu artigos que tratam da temática dos movimentos indígenas na América Latina no Tempo Presente e suas propostas alternativas de desenvolvimento para o continente. O enfrentamento da Hidra capitalista; a transformação e a reinvenção das estruturas ancestrais; a busca de uma relação harmônica do homem com a natureza e entre os seres humanos; o estabelecimento de diálogos interculturais são alguns eixos norteadores que nos permitem pensar o processo em curso de desnaturalização das práticas de colonização e de eliminação do complexo de dependência sobre o qual se sustenta a existência do sujeito colonizado.