HISTÓRIA ORAL DE VIDA E DIDÁTICA DA HISTÓRIA: NOTAS PARA UMA TEORIA DA AÇÃO COMUNICATIVA HISTORICAMENTE SITUADA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2024.85932

Resumo

Este artigo problematiza a potência do método da História Oral de vida para a Didática da História, em especial na compreensão da geração histórica de sentido e da formação cultural-identitária. A pesquisa foi conduzida com docentes de História da UECE dentre os mais indicados pelos estudantes como suas referências formativas; para este artigo, analisaremos as narrativas de uma docente autoidentificada com o campo do Ensino de História. A análise aponta que o método favorece a compreensão da formação cultural-identitária, bem como a entender que a mobilização dos modos de geração histórica de sentido – entendendo-os como vocabulário para se expressar acerca da passagem temporal – depende dos sentidos dados a essa formação, pavimentando caminhos para desenvolver uma teoria da ação comunicativa historicamente situada.

Palavras-chave: História Oral de Vida; Didática da História; Ensino de História; Comunicação Histórica

Biografia do Autor

Augusto Ridson de Araújo Miranda, UEPG/SEDUC-CE

Augusto Ridson de Araújo Miranda é pós-doutorando em História pela UEPG. Doutor em Educação (UECE). Professor na rede estadual pública cearense, faz parte da equipe editorial dos periódicos SEDUC-CE

Luis Fernando Cerri, Unversidade Estadual de Ponta Grossa

Possui graduação em História (1992), mestrado (1996) e doutorado (2000) em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. É professor associado no Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Atua no mestrado acadêmico de História da UEPG e na Maestría en Enseñanza de la Historia da UNTREF e da UNR (Argentina). Tem experiência na área de História, com ênfase em ensino de História, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura histórica, didática da história, consciência histórica, identidade social, ensino de história. Líder do Grupo de Estudos em Didática da História (GEDHI) e coordenador do Mestrado Acadêmico em História da UEPG. Foi presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de História (mandato 2019-2021 e 2022-2023).

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Publicado

2024-12-12