DE TIA EVA A DONA GOIA: CAMINHOS PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA EM CAMPO GRANDE-MS

Autores

  • Manuela Areias Costa UEMS
  • Larissa Siqueira Alencar

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2024.85905

Resumo

Este texto propõe reflexões sobre trajetórias de mulheres negras, educação antirracista e ensino de História. Igualmente reflete sobre invisibilização de experiências e protagonismos da população negra na historiografia e no ensino de História, sobretudo quando se intersecciona a temática étnico-racial à temática de gênero, cujas mulheres negras são vozes silenciadas e pouco retratadas. Por intermédio dos aportes teóricos e metodológicos do Feminismo Negro e da História Oral, as trajetórias de Eva Maria de Jesus, liderança quilombola e fundadora da Comunidade Quilombola Tia Eva, e Gonçalina Faustina de Oliveira, educadora, discutiremos o protagonismo de mulheres negras no município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, evidenciando a importância da incorporação de trajetórias negras no ensino de História e Cultura Afro-brasileira. Portanto, abordaremos duas trajetórias de mulheres negras “comuns”, cujos papéis desempenhados na história campo-grandense comunicam ativismos, repletos de desafios e negociações. Tais trajetórias se conectam por meio de experiências marcadas pelo racismo no pós-abolição e precisam ser conhecidas e trabalhadas em sala de aula, corroborando ainda para o campo da Educação Antirracista.

Biografia do Autor

Manuela Areias Costa, UEMS

Professora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), atuando no curso de graduação em História e Programas de Pós-Graduação (ProfHistória e ProfEduc). Pesquisadora PQ Fundect/CNPq. Doutora em História pela UFRJ.

Larissa Siqueira Alencar

Mestre em Ensino de História pelo Profhistória da UEMS.

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Publicado

2024-12-12