Taxas de reganho ponderal em pacientes bariátricos acompanhados na Policlínica Piquet Carneiro
DOI:
https://doi.org/10.12957/rhupe.2014.9812Resumo
A obesidade é uma doença com alta prevalência em nosso meio e o tratamento cirúrgico pode promover redução da morbimortalidade cardiovascular. Apesar do maior conhecimento sobre as técnicas cirúrgicas empregadas e manejo clínico destes pacientes, ainda observam-se altas taxas de reganho ponderal. O objetivo deste estudo é avaliar a taxa de reganho (TxR) ponderal dos pacientes bariátricos atendidos em consulta de primeira vez na Policlínica Piquet Carneiro. Foram recrutados 35 pacientes (29 mulheres e 6 homens; 39,3 ± 9,10 anos) submetidos à cirurgia bariátrica entre abril a setembro de 2013. O índice de massa corporal (IMC = peso/altura2) foi calculado e, com base no relato do peso pré-cirúrgico e do peso mínimo alcançado após a cirurgia, foram calculados respectivamente, o IMC pré-cirúrgico e o IMC mínimo. A TxR foi calculada [(Peso atual - Peso mínimo relatado) x 100/(Peso pré-operatório relatado - Peso mínimo relatado)]. Os pacientes foram divididos conforme o tempo decorrido da cirurgia, primeiramente em dois grupos: ≤ 1 ano (G ≤ 1) e > 1 ano (G > 1). Posteriormente, estes foram reagrupados em outros dois novos grupos: < 2 anos (G < 2) e ≥ 2 anos (G ≥ 2) e ainda em < 5 anos (G < 5) e ≥ 5 anos (G ≥ 5). Dos 35 pacientes recrutados, 94,3% (n = 33) relataram a realização de gastroplastia redutora com reconstrução em Y de Roux. O IMC pré-cirúrgico relatado era de 50,5 ± 8,92 kg/m2. Em relação ao tempo decorrido da cirurgia, observamos que 22,8% (n = 8) da amostra havia realizado a cirurgia em até um ano, 40% (n = 14) em menos de dois anos e 74,3% (n = 26) em menos de cinco anos. O IMC mínimo alcançado foi de 30,7 ± 6,6 kg/m2. O percentual de pacientes que apresentavam reganho ponderal foi de 71,4% (n = 25) e o IMC atual era de 34,2 ± 6,89 kg/m2. O grupo G ≤ 1 apresentou uma TxR inferior ao G > 1 (3,8 ± 3,1 vs. 20,6 ± 4,1%; P < 0,05). Tal fato se acentua após o segundo ano da cirurgia (2,6 ± 1,8 vs. 26,2 ± 4,6%; P < 0,001); tornando-se ainda mais relevante após cinco anos da cirurgia (10,1 ± 3,0 vs. 35,9 ± 7,2%; P < 0,001). Conclui-se que o reganho ponderal já esteve presente no primeiro ano do pós-operatório, entretanto torna-se mais relevante em função do tempo decorrido da cirurgia.
Descritores: Obesidade; Cirurgia bariátrica; Ganho de peso; Prognóstico.
Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2014;13(1):94-100
doi:10.12957/rhupe.2014.9812