O direito cosmopolítico Munduruku como prática jurídica contra o Antropoceno

Autores

Palavras-chave:

Autodemarcação Munduruku, Antropoceno, Direito cosmopolítico

Resumo

https://doi.org/10.1590/2179-8966/2024/83710

Discussões críticas sobre a tese do Antropoceno apontam para a necessidade de uma reconfiguração radical da política e do direito. Propomos que possíveis caminhos para essa reconfiguração estão presentes nas práticas de defesa do território e modo de vida do povo Munduruku, especialmente no processo de autodemarcação do território Daje Kapap Eypi, no médio curso do rio Tapajós, iniciado em resposta à paralisação da demarcação da terra pelo governo brasileiro e ao avanço do licenciamento da Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós. A partir de uma análise dos conflitos em torno deste território, investigamos o embate entre duas lógicas jurídicas antagônicas: de um lado, um direito do Antropoceno, que reforça a separação entre natureza e sociedade, rejeita modos existência que fogem a essa dualidade, e aprofunda o extrativismo predatório; e, de outro, um direito cosmopolítico dos Munduruku, no qual direitos e obrigações são constituídos por redes de entidades humanas e mais-que-humanas, por práticas autônomas de tomada de decisão e pela experiência situada e viva do território. Argumentamos que o direito cosmopolítico dos Munduruku tem constituído territórios capazes de frear o avanço do extrativismo e da destruição ecológica, e deve ser entendido como uma prática jurídica que sustenta e repara as condições de vida num planeta ferido.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Carolina Alfinito, UFPA e Direito FGV SP

Ana Carolina Alfinito Vieira é formada em direito pela Universidade de São Paulo e doutora em sociologia política pelo Instituto Max Planck para o Estudo de Sociedades (MPIfG), na Alemanha. Atualmente, é pós-doutoranda na Universidade Federal do Pará (UFPA) e pesquisadora na FGV Direito SP. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3924-3056. Email: ana.avieira@gmail.com

Salvador Schavelzon, UNIFESP

Salvador Schavelzon é antropólogo, professor e pesquisador na Universidade Federal de São Paulo, e no Programa de Integração Latino Americana (PROLAM) da Universidade de São Paulo. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1029-8798. E-mail: schavelzon@gmail.com 

Alessandra Korap Munduruku, Associação Indígena Pariri

Associação Indígena Pariri, Itaituba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0009-0003-1750-5267. E-mail: alessandracorape@gmail.com.

Downloads

Publicado

2024-09-11

Como Citar

Alfinito, A. C., Schavelzon, S., & Munduruku, A. K. (2024). O direito cosmopolítico Munduruku como prática jurídica contra o Antropoceno. Revista Direito E Práxis, 15(3), 1–37. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/83710

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)