Representações Sociais sobre Adoção, Adoção tardia e Adoção por pessoas solteiras

Autores

  • Mayara Custódio Pereira
  • Lília Iêda Chaves Cavalcante
  • Normanda Araujo de Morais
  • Patrícia Oliveira Lima

Palavras-chave:

adoção, adoção tardia, adoção por pessoas solteiras, representações sociais, família

Resumo

Este estudo teve como objetivo investigar as representações sociais de 136 universitários (52,7% sexo feminino, M = 25,9 anos) acerca da adoção, da adoção tardia e da adoção por pessoas solteiras. Para a coleta de dados, foi aplicado um questionário que incluía um Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), com as palavras indutoras “adoção”, “adoção tardia” e “adoção por pessoas solteiras”. O exame dos dados foi realizado por meio de análises prototípicas, utilizando o software IRAMUTEQ. Os resultados sugerem uma visão positiva da adoção e da adoção tardia, evidenciada por termos como “amor”, “família” e “cuidado”. No entanto, a adoção ainda é associada à ideia de caridade, refletida na palavra “compaixão”. A adoção tardia está relacionada ao julgamento social devido à idade da criança, sinalizada pela palavra “preconceito”. A adoção por pessoas solteiras é reconhecida como uma configuração de família legítima, ilustrada pela palavra “família”. Contudo, a palavra “solidão” sugere que uma das principais motivações dos adotantes é a necessidade de ter a companhia de um filho na velhice. Conclui-se que, embora os termos pesquisados sejam vistos de forma positiva pelos participantes, a adoção tardia e a adoção por pessoas solteiras tendem a estar mais associadas ao preconceito social. Intervenções podem ser promovidas no sentido de desestigmatizar tais concepções e promover o direito à convivência familiar de mais crianças e adolescentes.

Referências

Araújo, A. I. S. F., & Faro, A. (2017). Motivações, dificuldades e expectativas acerca da adoção: perspectivas de futuros pais adotivos. Psicologia em Revista, 23(3), 790-810.

Baldessar, J. C., & Castro, A. (2020). Representações sociais da adoção tardia: o amor vinculado ao medo. O Social em Questão, 47, 271-296.

Bento, I. D. J., & Grzybowski, L. S. (2023). Adoção de Adolescentes e a Construção do Vínculo Parento-filial. Pluralidades em Saúde Mental, 12(2), 57-76. doi: doi.org/10.55388/psicofae.v12n2.430

Biasutti, C. M., & Nascimento, C. R. R. (2021). O processo de adoção na família monoparental. J Hum Growth Dev, 31(1), 47-57. doi: 10.36311/jhgd.v31.10364

Bicca, A., & Grzybowski, L. S. (2014). Adoção tardia: percepções dos adotantes em relação aos períodos iniciais de adaptação. Contextos Clínicos, 7(2), 155-167. doi:10.4013/ctc.2014.72.04

Bossardi, C. N., Gomes, L. B., Vieira, M. L., & Crepaldi, M. A. (2013). Engajamento paterno no cuidado a crianças de 4 a 6 anos. Psicologia Argumento, 31(73), 237-246.

Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). IRAMUTEQ: Um Software Gratuito para Análise de Dados Textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518.

Conto. T., & Canzi, I. (2024). Adoção internacional e o princípio da proteção integral no Brasil e Portugal. R. Katál., Florianópolis, 27, 1-11. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0259.2024.e94382

Cúnico, S. D., & Arpini, D. M. (2014). Família e monoparentalidade feminina sob a ótica de mulheres chefes de família. Aletheia, 43(44), 37-49.

Damaceno, C. D., Sousa, C. V., & Batinga, G. L. (2020). Filhos do coração: percepção das famílias adotantes em relação as ações de marketing social em prol da causa. Revista Gestão e Planejamento, Salvador, 21, 54-69. doi: 10.21714/2178-8030gep.v.21.6088

Denardi, A. T., & Bottoli, C. (2017). E quando não é a mãe? a paternidade diante da monoparentalidade. Barbarói, Santa Cruz do Sul, 49, 120-146.

Feitosa, H. F. O. (2021). Adoção monoparental por mulheres solteiras numa sociedade patriarcalista: desafios e conquistas neste novo modelo de família. Revista Processus Multidisciplinar, 2(4), 567-583.

Giacomozzi, A. I., Nicoletti, M., & Godinho, E. M. (2015). As representações e as motivações para a adoção de pretendentes brasileiros à adoção. PSYCHOLOGICA 58(1), 41-64. doi: http://dx.doi.org/10.14195/1647-8606_58 -1_3

Jodelet, D. (1989). Représentations sociales: un domaine en expansion. Em D. Jodelet (Org.) Les représentations sociales (pp. 31-61). PUF.

Leão, F. E., Porta, D. D., Pauli, C. G., Antoniazzi, M. P., & Siqueira, A. C. (2017). Reflexões Teóricas sobre Maternidade e Adoção no Contexto da Monoparentalidade Feminina. Pensando Famílias, 21(2), 45-59.

Lei nº 8.069, 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

Lima, S. J. P., & Féres-Carneiro, T. (2021). Monoparentalidade Voluntária: Autoridade e Rede Social na Construção do Vínculo. Pensando Famílias, 26(1), 137-151.

Lino, M. V., & Marafon, G. (2023). Reflexões sobre o impacto do racismo nas adoções inter-raciais. Revista ABPN, 16, 620-651.

Machado, L. V., Ferreira, R. R., & Seron, P. S. (2015). Adoção de crianças maiores: sobre aspectos legais e construção do vínculo afetivo. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 6(1), 65-81.

Maux, A. A. B., & Dutra, E. (2010). A adoção no Brasil: algumas reflexões. Estudo e pesquisas em psicologia, 10(2), 356-372.

Medrado, B. (1998). Das representações aos repertórios: uma abordagem construcionista. Psicologia & Sociedade, 10(1), 86-103.

Melgaço, G. S. L., & Nascimento, L. O. (2023). A (im) possibilidade de adoção pela família acolhedora. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 9(10), 6155-6180.

Moscovici, S. (2015). Representações Sociais: Investigações em psicologia social (11ª ed.). Vozes.

Nokata, L. C., & Gomes, G. C. (2023). A viabilidade da adoção homoparental após o reconhecimento da união homoafetiva no brasil. Revista de Iniciação Científica e Extensão da Faculdade de Direito de Franca, 8(1), 953-975.

Otuka, L. K., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2013). Adoção tardia por casal divorciado e com filhos biológicos novos contextos para a parentalidade. Estudos de Psicologia Campinas, 30(1), 89-99.

Peixoto, A. C., Giacomozzi, A. I., Bousfield, A. B. S., Berri, B., & Fiorott, J. G. (2019). Desafios e estratégias implementadas na adoção de crianças maiores e adolescentes. Nova Perspectiva Sistêmica, 63, 89-108. doi: http://dx.doi.org/10.21452/2594-43632019v28n63a05

Reis, E. F. (2010). Varas de família – Um encontro entre Psicologia e Direito. Juruá.

Resmini, G. de F., Silberfarb, M. S., Soares, E. L. M., Savy, V. M., & Frizzo, G. B. (2023). Quando desconhecidos tornam-se pais e filhos: a formação de vínculos na adoção tardia. Revista Interinstitucional de Psicologia, 16(1), 1-25. doi: http://dx.doi.org/10.36298/gerais202316e19193

Riede, J. E., & Satorinei, G. L. Z. (2013). adoção e os fatores de risco: do afeto à devolução das crianças e adolescentes. PERSPECTIVA, Erechim. 37(138), 143-154.

Sampaio, D. S., Magalhães, A. S., & Féres-Carneiro, T. (2018). Pedras no caminho da adoção tardia: desafios para o vínculo parento-filial na percepção dos pais. Temas em Psicologia, 26(1), 311-324. doi: 10.9788/TP2018.1-12Pt

Sampaio, D. S., Magalhães, A. S., & Machado, R. N. (2020). Motivações para adoção tardia: entre o filho imaginado e a realidade. Psicologia em Estudo, 25, 1-15. doi: 10.4025/psicolestud.v25i0.44926

Santos, C. P., Fonsêca, M. C. S. M., Fonsêca, C. M. S. M. S., & Dias, C. M. S. B. (2011). Adoção por pais solteiros: desafios e peculiaridades dessa experiência. Psicologia: Teoria e Prática, 13(2), 89-102.

Silva, G. M., Silva, R. S., Silva, I. G., Ferreira. J. S., & Porto, A. K. (2022). Adoção tardia: processo de adaptação do filho sob o olhar dos pais adotivos. Research, Society and Development, 11(13), 1-15. doi: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35343

Silva, J. M. (2010). O lugar do pai: uma construção imaginária. Annablume.

Souza, A. B. L., Beleza, M. C. M. & de Andrade, F. C. (2012). Novos arranjos familiares e os desafios ao direito de família: uma leitura a partir do Tribunal de Justiça do Amazonas. PRACS: Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP Macapá, 5, 105-119.

Souza, M. de L. N., Brito, L. M. T., & Monteiro, C. A. S. (2021). Adoção como solução: o cenário atual no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, 41(3), 1-14. doi: https://doi.org/10.1590/1982-3703003190115

Spink, M. J. P. (1996). Representações sociais: questionando o estado da arte. Psicologia & Sociedade, 8(2), 166-186.

Wachelke, J. F. R., & Camargo, B. V. (2007). Representações sociais, representações individuais e comportamento. Revista Interamericana de Psicologia, 41, 379-390.

Wachelke, J. F. R., & Wolter. R. (2011). Critérios de Construção e Relato da Análise Prototípica para Representações Sociais. Psicologia: Pesquisa e Teoria, 27(4), 521-526.

Weber, L. N. D. (2021). Aspectos psicológicos da adoção. Juruá.

Downloads

Publicado

19.08.2025

Como Citar

Pereira, M. C., Cavalcante , L. I. C., Morais, N. A. de, & Lima, P. O. (2025). Representações Sociais sobre Adoção, Adoção tardia e Adoção por pessoas solteiras. Psicologia E Saber Social, 14, 155–181. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/psi-sabersocial/article/view/93622

Edição

Seção

Artigos