A Revelação e as Reações da Rede de Apoio na Violência Sexual Infantil (VS) contra Meninos
Palavras-chave:
Violência sexual infantil, meninos sobreviventes, ofensa sexual, gênero do agressorResumo
A Violência Sexual Infantil (VS) é um fenômeno de relevância em todo o mundo e um sério problema de saúde pública a ser enfrentado. É perpassada por questões relacionadas a gênero e orientação sexual que reverberam nas suas consequências e experiências, tanto na vida dos sobreviventes, como na vida dos agressores. Nesse sentido, o presente estudo teve por analisar as formas de revelação de homens sobreviventes de VS e as reações da rede de apoio em função do gênero do agressor. Para isso foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 homens adultos que foram vítimas de violência sexual na infância. Tais entrevistas foram analisadas de acordo com a análise de conteúdo. Os resultados mostraram um tempo médio de 19 anos para realizar a revelação, e diferenças em relação ao gênero do agressor, tanto nas formas de revelação, como nas reações dos pares à revelação. Espera-se que os resultados dessa pesquisa possam contribuir com a literatura da área, e com a elaboração e o aprimoramento de políticas públicas, tanto para a prevenção, quanto para o acompanhamento em rede de crianças sobreviventes de violência sexual.
Referências
Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. São Paulo, SP: Edições 70.
Brandão, V. B. G., Martins, A. M. A., & dos Reis Marques, J. N. (2019). Violência sexual infanto juvenil: uma análise sobre o agressor. Humanidades (Montes Claros), 8(2).
Brasil (1990). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o estatuto da criança e do adolescente, e dá outras providências. Brasília: Câmara dos deputados. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em 20 de maio de 2025.
Cashmore, J., & Shackel, R. (2014). Gender differences in the context and consequences of child sexual abuse. Current Issues in Criminal Justice, 26(1), 75-104.
Conceição, M. I. G., Costa, L. F., Penso, M. A., & Williams, L. C. D. A. (2020). Abuso sexual infantil masculino: sintomas, notificação e denúncia no restabelecimento da proteção. Psicologia Clínica, 32(1), 101-121.
Conselho Federal de Psicologia (2005). Código de Ética Profissional dos Psicólogos, Resolução n.º 10/05, 2005.
Costa, L. F., Ströher, L. M. C., & Wolff, L. D. S. (2023). Atendimento psicossocial à mulher que comete ofensa sexual. Psicologia: Ciência e Profissão, 43, e248137.
Cunha, G. C. F., de Lima, A. C. S., da Cunha Miranda, A. C., de Oliveira Carneiro, C. R., dos Santos, F. M., de Lima Leal, I. T., & de Nazaré Farias, L. (2023). Violência Sexual Infantil: a importância de incluir temas sociais na formação inicial docente. Research, Society and Development, 12(1), e3312138430-e3312138430.
Davide, D. A. S. (2016). Representações sociais do abuso sexual de crianças perpetrado por mulheres (Doctoral dissertation, Universidade do Porto (Portugal).
De Antoni, C., Yunes, M. A. M., Habigzang, L., & Koller, S. H. (2011). Abuso sexual extrafamiliar: percepções das mães de vítimas. Estudos de Psicologia (Campinas), 28, 97-106.
Ferreira, D. G., Bortoli, M. C. D., Pexe-Machado, P., Saggese, G. S. R., & Veras, M. A. (2023). Violência sexual contra homens no Brasil: subnotificação, prevalência e fatores associados. Revista de Saúde Pública, 57, 23.
Finkelhor, D. & Browne, A. (1985). The traumatic impact of child sexual abuse: A conceptualization. American Journal of Orthopsychiatry, 55, (4), 530-541.
Fonseca, M. D. C. F., Setubal, C. B., & Costa, L. F. (2019). Adulto autor de violência sexual: Estudo exploratório de avaliação de risco de reincidência. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 12(2), 389-409.
Furniss, T. (1993). Abuso sexual da criança: Uma abordagem multidisciplinar. (M. A. V. Veronese, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas.
Hardt, J. & Rutter, M. (2004). Validity of Adult Retrospective Reports of Adverse Childhood Experiences: Review of the Evidence, Journal of Child Psychology and Psychiatry 45, 260–73.
Hohendorff, J. V., Costa, L. S., Habigzang, L. F., & Koller, S. H. (2014). Documentary analysis of cases of sexual violence against boys reported in Porto Alegre. Paidéia (Ribeirão Preto), 24, 187-196.
Hohendorff, J. V., Habigzang, L. F., & Koller, S. H. (2012). Violência sexual contra meninos: dados epidemiológicos, características e consequências. Psicologia USP, 23, 395-416.
Hohendorff, J. V., Habigzang, L. F., & Koller, S. H. (2014). Violência sexual contra meninos: teoria e intervenção. Juruá Editora.
Hohendorff, J. V., Habigzang, L. F., & Koller, S. H. (2017). “A boy, being a victim, nobody really buys that, you know?”: Dynamics of sexual violence against boys. Child Abuse & Neglect, 70, 53-64.
Hohendorff, J. V., & Patias, N. D. (2017). Violência sexual contra crianças e adolescentes: identificação, consequências e indicações de manejo. Barbarói, (49), 239-257. https://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i49.9474
Hohendorff, J. V., Nelson-Gardell, D., Habigzang, L. F., & Koller, S. H. (2017). An integrative conceptual model for enhanced understanding of the dynamics of sexual violence against children. In D. D. Dell’Aglio & S. H. Koller (Eds.), Vulnerable Children and Youth in Brazil (pp. 77-88). Cham, Switzerland: Springer International Publishing.
Hohendorff, J. V., Salvador-Silva, R., Andrade, R. D., Habigzang, L. F., & Koller, S. H. (2014). Adaptação e avaliação de uma intervenção cognitivo-comportamental para meninos vítimas de violência sexual. Psicologia: Reflexão e Crítica, 27, 424-433.
Hohendorff, J. V., Santos, S. S. D., & Dell'Aglio, D. D. (2015). Estudo de caso sobre a revelação da violência sexual contra meninos. Contextos Clínicos, 8(1), 46-54.
Kia-Keating, M., Grossman, F. K., Sorsoli, L., & Epstein, M. (2005). Containing and Resisting Masculinity: Narratives of Renegotiation Among Resilient Male Survivors of Childhood Sexual Abuse. Psychology of Men & Masculinity, 6(3), 169.
Kristensen, C. H. (1996). Abuso sexual em meninos.
Lessa, C. B., & Mayor, A. S. (2021). (Re) violências socialmente infligidas a meninos sexualmente abusados por mulheres. Psicologia Revista, 30(2), 332-362.
Miranda, M. H. H., Fernandes, F. E. C. V., Melo, R. A. de., & Meireles, R. C. (2020). Violência sexual contra crianças e adolescentes: uma análise da prevalência e fatores associados. Revista Da Escola De Enfermagem Da USP, 54, e03633. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2019013303633.
O'Leary, P. J., & Barber, J. (2008). Gender differences in silencing following childhood sexual abuse. Journal of child sexual abuse, 17(2), 133-143.
Oliveira, M. P. C. D. (2010). Abuso sexual de meninos: estudo das conseqüências psicossexuais na adolescência (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).
Oliveira, L. R. G. de, Câmara, L. & Canavêz, F. (2021). Meninos não choram: estudo sobre um caso de abuso sexual infantil. Desidades, (29), 151-167.
Passarela, C. D. F. T., Stroher, L. M. C., & Costa, L. F. (2019). As violências sofridas por mulheres que ofenderam sexualmente. Nova Perspectiva Sistêmica, 28(64), 47-60.
Pinho, A. A. (2023). Mulheres agressoras sexuais de crianças: papéis de género nas decisões judiciais. Leya.
Platt, V. B., Back, I. D. C., Hauschild, D. B., & Guedert, J. M. (2018). Violência sexual contra crianças: autores, vítimas e consequências. Ciência & Saúde Coletiva, 23, 1019-1031.
Reis, D. C. dos, Barros, A. A. S. de, & Cavalcante, L. I. C. (2015). Agressor sexual de crianças e adolescentes: uma discussão sobre o gênero dos participantes na literatura. Psicologia em Revista, 21(2), 252-272.
Rodrigues, F. R. A., Rodrigues, C. M. L., de Oliveira, R. J., & Galvão, A. C. (2023) Atuação de psicólogos no atendimento psicoterápico de homens vítimas de abuso sexual, In https://revistamental.unipac.br/details/310. Acesso em: 15 de abril de 2024.
Sanderson, C. (2005). Abuso sexual em crianças: fortalecendo pais e professores para proteger crianças de abusos sexuais. São Paulo: M. Books do Brasil.
Santos, S. S. dos (2007). Mães de meninas que sofreram abuso sexual intrafamiliar: Reações maternas e multigeracionalidade. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Santos, A. S. F., & Mesquita, A. C. C. (2019). O perfil do agressor sexual infantil: uma revisão bibliográfica. Revista Educação, Psicologia e Interfaces, 3(2), 85-100.
Sobrosa, L., & Kocourek, S. (2018). Violência sexual contra crianças e adolescentes: uma análise do perfil das vítimas e agressores. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, 10(2). Spiegel, J. (2003). Sexual abuse of males: The SAM model of theory and practice. New York: Routledge.
Silva, P. A. D., Algeri, S., Silva, M. P. D., Corrêa, M. L., & Silveira, M. D. P. D. R. (2021). Perfil da violência sexual contra meninos, SINAN, 2009-2017, Brasil. Research, society and development. São Paulo. Vol. 10, no. 2 (2021), e29910212509, 7 p.
Teixeira-Filho, F. S., Rondini, C. A., Silva, J. M., & Araújo, M. V. (2013). Tipos e consequências da violência sexual sofrida por estudantes do interior paulista na infância e/ou adolescência. Psicologia & Sociedade, 25(1), 90–102.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Declaro que o texto é inédito e foi submetido exclusivamente a essa Revista para fins de publicação. Ressalto que foram respeitados todos os procedimentos éticos exigidos em lei.
Declaro concordar com a cessão dos direitos autorais do artigo à Revista Psicologia e Saber Social, estando vedada sua reprodução, total ou parcial, em meio impresso, magnético ou eletrônico, sem autorização prévia por escrito do Editor Científico da Revista.
