Saúde mental e trabalho docente

Vivências de prazer e sofrimento dos professores da educação de jovens e adultos (eja) em um município do agreste da paraíba

Abstract

O presente trabalho teve como objetivo geral analisar as inter-relações do processo de trabalho e a saúde mental dos professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) das escolas públicas de um município do nordeste brasileiro. Como arcabouço teórico-metodológico recorremos as contribuições da Psicodinâmica do Trabalho. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa e como instrumento metodológico, utilizamos entrevistas individuais de caráter semiestruturado. Participaram da pesquisa dez professoras da rede pública municipal. Na análise dos dados, identificamos a predominância de mulheres ocupando a função de docentes na Educação de Jovens e Adultos, em sua maioria, vinculadas institucionalmente a partir de contratos temporários. Os depoimentos sinalizaram como fontes de sofrimento psíquico das professoras da EJA: a insegurança e receio de perder o emprego; cansaço físico e mental; a falta de materiais didáticos específicos; o desgaste com a criação de metodologias dinâmicas; a evasão escolar e a desvalorização salarial. Os docentes sinalizaram como fontes de prazer: o reconhecimento do seu trabalho pelos discentes; o aprendizado e o êxito ao conseguirem despertar o interesse do alunado; a interação afetiva entre professor e aluno, a cooperação e confiança com gestores e colegas. Consideramos com base nos relatos que os docentes mobilizam suas capacidades cognitiva, intelectual e criativas para enfrentarem/suportarem/superarem as demandas, as pressões psíquicas, o sofrimento patogênico e até mesmo o adoecimento produzido no ambiente de trabalho.