Dois pesos e duas medidas
Uma análise dos desfechos gestacionais na culpabilização secundária de uma vítima de violência sexual
Λέξεις-κλειδιά:
Violência sexual, Aborto Legal, Estupro, Sexismo Ambivalente, RepresentaçãoΠερίληψη
Este estudo buscou analisar o impacto de diferentes desfechos gestacionais no nível de culpabilização de uma vítima de violência sexual. Três estudos foram realizados para abordar essa questão. O primeiro envolveu 133 participantes (M=25.29; DP=9.14) e investigou como as condições propostas (aborto, gravidez a termo e controle) afetaram o nível de culpabilização da vítima. O segundo, com 161 participantes (M=28.44; DP=10.01), examinou como o sexismo benevolente previu diferentes níveis de culpabilização da vítima por meio de uma ANOVA (F (2, 153) = 9,89, p <.001). Para os participantes com uma alta adesão ao SB, observou-se uma menor culpabilização da vítima na condição de gravidez a termo em comparação com a condição de aborto (p<0,001) e a condição controle (p<0,001). O terceiro estudo, com 173 participantes (M=27.10; DP=9.43), analisou as justificativas dos participantes diante da culpabilização atribuída a vítima pela violência sexual, considerando as condições em que a vítima optou por abortar ou levar a gravidez a termo. Foi adotada, para este estudo, a abordagem societal de Doise para as representações sociais, utilizando como ancoragem psicossocial, o sexismo Benevolente. Realizou-se por meio do software Iramuteq uma análise de Classificação Hierárquica Descendente (CHD). Os resultados sugeriram o aparecimento de quatro classes, e entre essas classes, percebeu-se que o sexismo Benevolente relaciona-se à culpabilização da vítima e associa-se às justificações de danos. Em conjunto, esses dados demonstram que ainda que o aborto em situações de violência sexual seja legalizado, a sociedade segue, em algum grau, estigmatizando a sua prática.
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