Problemas de saúde mental na perspectiva adolescente

Representações sociais e relação com o objeto

Autores

  • Stéphanie Maximiano de Azevedo
  • Renata Lira dos Santos Aléssio
  • Edclécia Reino Carneiro de Morais

Palavras-chave:

Saúde mental, Adolescência, Representações Sociais, Ansiedade, Depressão, Distância do objeto

Resumo

Esta pesquisa buscou investigar as representações sociais sobre problemas de saúde mental entre adolescentes e suas relações com esse objeto. A investigação em representações sociais deve acontecer de maneira situada, considerando um grupo, contexto e tempo histórico específicos. Considerando o cenário brasileiro e entendendo a adolescência como um período de mudanças importantes no processo de desenvolvimento o objeto: “problemas de saúde mental” se destaca no campo estudado e aparece intensificado durante e após a pandemia de COVID-19. Os dados foram coletados através de um questionário online, respondido por 127 adolescentes, contendo uma tarefa de associação-livre e um questionário de caracterização. Foram consideradas possíveis diferenças do campo representacional em função de gênero, cor da pele, idade e tipo de escola. Os softwares Iramuteq, Rtemis e Jasp auxiliaram nas análises prototípica, análise de correspondências múltiplas e de componentes principais, respectivamente. Os adolescentes compartilham uma representação objetivada pelos termos depressão e ansiedade. Diferenças no campo léxico aparecem associadas ao gênero (meninas, escola particular e cor da pele branca associadas às evocações sobre violências autoinfligidas; meninos, escola pública e cor da pele negra associados às evocações sobre sentimentos de tristeza e solidão). Adolescentes demonstram proximidade com o objeto, acendendo o debate sobre a promoção à saúde mental nesta população.

Referências

Abric, J.-C. (2005). L’approche structurale des représentations sociales: développements récents. Psychologie & Société, 4, 81–106.

Aim, M.-A., Goussé, V., Apostolidis, T., & Dany, L. (2017). The study of social representations in children and adolescents: Lessons from a review of the literature. Estudos de Psicologia (Natal), 22(1), 28–38. https://doi.org/10.22491/1678-4669.20170004

Almeida, A. M. de O., Santos, M. de F. de S., & Trindade, Z. A. (2000). Representações e práticas sociais: Contribuições teóricas e dificuldades metodológicas. Temas em Psicologia, 8(3), 257–267.

Andrade, S. F. de O., Alves, R. S. F., & Bassani, M. H. P. de A. (2018). Representações Sociais sobre as Drogas: Um Estudo com Adolescentes em Conflito com a Lei. Psicologia: Ciência e Profissão, 38(3), 437–449. https://doi.org/10.1590/1982-37030000742017

Assis, S. G. D., Avanci, J. Q., Pesce, R. P., & Ximenes, L. F. (2009). Situação de crianças e adolescentes brasileiros em relação à saúde mental e à violência. Ciência & Saúde Coletiva, 14(2), 349–361. https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000200002

Avanci, J., Assis, S., Oliveira, R., & Pires, T. (2009). Quando a convivência com a violência aproxima a criança do comportamento depressivo. Ciência & Saúde Coletiva, 14(2), 383–394. https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63013532008

Benetti, S. P. da C., Pizetta, A., Schwartz, C. B., Hass, R. de A., & Melo, V. L. (2010). Problemas de saúde mental na adolescência: Características familiares, eventos traumáticos e violência. Psico-USF, 15, 321–332. https://doi.org/10.1590/S1413-82712010000300006

Binotto, B. T., Goulart, C. M. T., & Pureza, J. da R. (2021). PANDEMIA DA COVID-19: Indicadores do impacto na saúde mental de adolescentes. Psicologia e Saúde em debate, 7(2), Artigo 2. https://doi.org/10.22289/2446-922X.V7N2A13

Brasil. Estatuto da criança e do adolescente, 8.069, Diário Oficial da União (1990). https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

Cucchiaro, G., & Dalgalarrondo, P. (2007). Mental health and quality of life in pre- and early adolescents: A school-based study in two contrasting urban areas. Revista Brasileira De Psiquiatria (Sao Paulo, Brazil: 1999), 29(3), 213–221. https://doi.org/10.1590/s1516-44462007000300005

Damasceno, M. G., & Zanello, V. M. L. (2018). Saúde Mental e Racismo Contra Negros: Produção Bibliográfica Brasileira dos Últimos Quinze Anos. Psicologia: Ciência e Profissão, 38, 450–464. https://doi.org/10.1590/1982-37030003262017

Dany, L., & Abric, J. C. (2007). Distance à l’objet et représentations du cannabis. Revue Internationale de Psychologie Sociale, 20(3), 77–104.

Doise, W., Clémence, A., & Lorenzi-Cioldi, F. (1992). Représentations sociales et analyses de données. Presses universitaires de France.

Félix, L. B. (2014). O cuidado à saúde mental na infância: Entre práticas e representações sociais. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife. [Dissertação (Mestrado em Psicologia)]. Universidade Federal de Pernambuco.

Figueiredo Filho, D. B., & Silva Júnior, J. A. D. (2010). Visão além do alcance: Uma introdução à análise fatorial. Opinião Pública, 16(1), 160–185. https://doi.org/10.1590/S0104-62762010000100007

Foucault, M. (1961). História da Loucura. Perspectiva.

Garrido, R. G., & Rodrigues, R. C. (2020). Restrição de contato social e saúde mental na pandemia: Possíveis impactos das condicionantes sociais. Journal of Health & Biological Sciences, 8(1), Artigo 1. https://doi.org/10.12662/2317-3076jhbs.v8i1.3325.p1-9.2020

Gonçalves, F. T. D., Menegon, V. G. e S., Oliveira, M. M., Silva, R. R., Carneiro, M. S., Lemos, A. V. L., Guimarães, L. D. A., Araújo, Z. A. M., Conceição, P. W. R. D., & Silveira, C. A. S. (2020). Imagem corporal feminina e os efeitos sobre a saúde mental: Uma revisão bibliográfica sobre a intersecção entre gênero, raça e classe. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 39, e2194. https://doi.org/10.25248/reas.e2194.2020

Hildebrand, N. A., Celeri, E. H. R. V., Morcillo, A. M., & Zanolli, M. de L. (2015). Violência doméstica e risco para problemas de saúde mental em crianças e adolescentes. Psicologia: Reflexão e Crítica, 28, 213–221. https://doi.org/10.1590/1678-7153.201528201

Jodelet, D. (2004). Folies et représentations sociales ([2e éd., 4e tirage].). Presses Universitaires de France.

Moscovici, S. (2003). O fenômeno das representações sociais. Em Representações sociais: Investigações em psicologia social (p. 29–110). Vozes.

Oliveira, D. R., Magnavita, P., & Oliveira, F. S. de. (2017). Aspectos sociocognitivos como eventos estressantes na saúde mental em grupos étnicos e minoritários no Brasil. Summa psicol. UST, 43–55.

Sá, C. P. (1998). Construção do Objeto de Pesquisa em Representações Sociais. EdUERJ.

Sá, C. P. de. (1996). Representações sociais: Teoria e pesquisa do núcleo central. Temas em Psicologia, 4(3), 19–33.

Santos, J. V. de O., Araújo, L. F. de, Castro, J. L. D. C., & Faro, A. (2019). Análise prototípica das representações sociais sobre as infecções sexualmente transmissíveis entre adolescentes. Psicogente, 22(41), Artigo 41. https://doi.org/10.17081/psico.22.41.3312

Santos, M. de F. de S., Almeida, A. M. de O., Mota, V. L., & Medeiros, I. (2010). Representação social de adolescentes sobre violência e suas práticas preventivas. Temas em Psicologia, 18(1), 191–203.

Santos, M. de F. de S., & Almeida, L. M. de. (2005). Diálogos com a teoria da representação social. Editora Universitária UFPE.

Santos, M. de F. de S., Danfá, L., & Almeida, A. M. O. (2021). A Loucura em Movimento: Representação Social e Loucura na Imprensa Escrita. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, e221899. https://doi.org/10.1590/1982-3703003221899

Sousa, Y. S. O. (2021). O Uso do Software Iramuteq: Fundamentos de Lexicometria para Pesquisas Qualitativas. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 21(4), Artigo 4. https://doi.org/10.12957/epp.2021.64034

Sousa, Y. S. O., & Chaves, A. M. (2023). Representações Sociais. Em A. R. R. Torres, M. E. O. Lima, E. M. Techio, & L. Camino (Orgs.), Psicologia Social: Temas e Teorias (p. 277–306). Editora Blucher. https://doi.org/10.5151/9786555502046-08

Souza, A. X. A., Nóbrega, S. M., & Coutinho, M. da P. L. (2012). Representações sociais de adolescentes grávidas sobre a gravidez na adolescência. Psicologia & Sociedade, 24(3), 588–596. https://doi.org/10.1590/S0102-71822012000300012

Tenório, F. (2002). A reforma psiquiátrica brasileira, da década de 1980 aos dias atuais: História e conceitos. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 9, 25–59. https://doi.org/10.1590/S0104-59702002000100003

Vala, J. (2004). Representações sociais e a psicologia social do conhecimento quotidiano. Em J. Vala & M. B. Monteiro (Orgs.), Psicologia social (p. 457–502). Fundação Calouste Gulbenkian.

Vilela, T. dos R., Rocha, M. M. da, Figlie, N. B., Pillon, S. C., Diehl, A., & Mari, J. de J. (2020). Domestic violence and risk of internalizing and externalizing problems in adolescents living with relatives displaying substance use disorders. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 69, 93–102. https://doi.org/10.1590/0047-2085000000268

Wachelke, J., Calixto, R. S., Pereira, J. B. B., & Dornelas, P. M. (2019). Tabela de proporções condicionais: Auxílio para interpretação da análise de correspondências múltiplas (ACM) em pesquisas psicológicas. Interação em Psicologia, 23(3), Artigo 3. https://doi.org/10.5380/psi.v23i3.61306

Wachelke, J., Wolter, R., & Rodrigues Matos, F. (2016). Efeito do tamanho da amostra na análise de evocações para representações sociais. Liberabit, 22(2), 153–160.

Zanello, V., & Silva, R. M. C. e. (2012). Saúde mental, gênero e violência estrutural. Revista Bioética, 20(2), 267–279.

Downloads

Publicado

01.01.2023

Como Citar

Azevedo, S. M. de, Aléssio, R. L. dos S., & Morais, E. R. C. de. (2023). Problemas de saúde mental na perspectiva adolescente: Representações sociais e relação com o objeto. Psicologia E Saber Social, 12(1), 142–171. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/psi-sabersocial/article/view/89192

Edição

Seção

Artigos