Práticas científicas e representações sociais antecipatórias
O caso da edição genética do embrião humano
Schlagworte:
Inovação científica, Ancoragem, Futuro, Biotecnologia, CRISPRAbstract
A edição genética de embriões humanos é um objeto social controverso que tem sido objeto de discussões em diversas esferas do conhecimento. Este artigo tem como objetivo analisar as representações sociais e posicionamentos acerca da edição genética do embrião humano entre pesquisadores(as) em artigos de opinião e editorial em revistas científicas. Foram analisados com ajuda do software IRAMUTEQ, 141 artigos de reflexão teórica e de opinião, editoriais e debates de cientistas, publicados nas plataformas Web of Science (WoS) e PubMed, entre 2015 e 2021. Sete contextos lexicais se organizam em dois eixos principais: o primeiro (dimensão técnica) contém apenas uma classe e o segundo (dimensão social) é estruturado pelas demais. As principais dimensões temáticas que emergiram na discussão sobre a edição do embrião humano foram saúde, família e projetos de parentalidade, além dos meios para o avanço do conhecimento científico. Foi possível perceber que o passado e a antecipação orientaram os posicionamentos dos cientistas sobre a edição do embrião humano, com posição favorável para a saúde e a possibilidade de permitir experiência de parentalidade e, desfavorável quanto à outras possibilidades de usos sem a devida regulação em função dos riscos. Ao novo é atribuído sentido a partir de acontecimentos passados, mas também a partir de uma antecipação do que pode vir a ser - projetos de futuro e representações antecipatórias.
Literaturhinweise
Bubela, T., Kleiderman, E., Master, Z., Ogbogu, U., Ravitsky, V., Zarzeczny, A., & Knoppers, B. M. (2019). Canada’s Assisted Human Reproduction Act: Pragmatic Reforms in Support of Research. Frontiers in Medicine, 6, 157. https://doi.org/10.3389/fmed.2019.00157
Camporesi, S., & Cavaliere, G. (2016). Emerging ethical perspectives in the clustered regularly interspaced short palindromic repeats genome-editing debate. Personalized Medicine, 13(6), 575–586. https://doi.org/10.2217/pme-2016-0047
Cavaliere, G. (2018). Genome editing and assisted reproduction: Curing embryos, society or prospective parents? Medicine, Health Care, and Philosophy, 21(2), 215–225. https://doi.org/10.1007/s11019-017-9793-y
Doudna, J. (2015). Perspective: Embryo editing needs scrutiny. Nature, 528(7580), S6–S6. https://doi.org/10.1038/528S6a
Furtado, R. (2019). Edição genética: Riscos e benefícios da modificação do DNA humano. Revista Bioética, 27(2), Article 2. https://doi.org/10.1590/1983-80422019272304
Hammerstein, A. L. V., Eggel, M., & Biller-Andorno, N. (2019). Is selecting better than modifying? An investigation of arguments against germline gene editing as compared to preimplantation genetic diagnosis. BMC Medical Ethics, 20(1), 83. https://doi.org/10.1186/s12910-019-0411-9
Hildt, E. (2016). Human Germline Interventions-Think First. Frontiers in Genetics, 7, 81. https://doi.org/10.3389/fgene.2016.00081
Ishii, T. (2017). The ethics of creating genetically modified children using genome editing. Current Opinion in Endocrinology, Diabetes, and Obesity, 24(6), 418–423. https://doi.org/10.1097/MED.0000000000000369
Jodelet, D. (2001). Um domínio em expansão. In D. Jodelet (Ed.), As representações sociais (pp. 17–44). EdUERJ.
Klipstein, S. (2017). Parenting in the Age of Preimplantation Gene Editing. The Hastings Center Report, 47 Suppl 3, S28–S33. https://doi.org/10.1002/hast.792
Ledford, H. (2015). CRISPR, the disruptor. Nature, 522(7554), 20–24. https://doi.org/10.1038/522020a
Liang, P., Xu, Y., Zhang, X., Ding, C., Huang, R., Zhang, Z., Lv, J., Xie, X., Chen, Y., Li, Y., Sun, Y., Bai, Y., Songyang, Z., Ma, W., Zhou, C., & Huang, J. (2015). CRISPR/Cas9-mediated gene editing in human tripronuclear zygotes. Protein & Cell, 6(5), 363–372. https://doi.org/10.1007/s13238-015-0153-5
Lino, C. A., Harper, J. C., Carney, J. P., & Timlin, J. A. (2018). Delivering CRISPR: A review of the challenges and approaches. Drug Delivery, 25(1), 1234–1257. https://doi.org/10.1080/10717544.2018.1474964
Ma, H., Marti-Gutierrez, N., Park, S.-W., Wu, J., Lee, Y., Suzuki, K., Koski, A., Ji, D., Hayama, T., Ahmed, R., Darby, H., Van Dyken, C., Li, Y., Kang, E., Park, A.-R., Kim, D., Kim, S.-T., Gong, J., Gu, Y., … Mitalipov, S. (2017). Correction of a pathogenic gene mutation in human embryos. Nature, 548(7668), 413–419. https://doi.org/10.1038/nature23305
Marcon, A., Master, Z., Ravitsky, V., & Caulfield, T. (2019). CRISPR in the North American popular press. Genetics in Medicine, 21(10), Article 10. https://doi.org/10.1038/s41436-019-0482-5
Moscovici, S. (2003). O fenômeno das representações sociais. In Representações sociais: Investigações em psicologia social (pp. 29–110). Vozes.
Philogène, G. (2002). Systems of beliefs and the future: The anticipation of things to come. Psychologie & Société, 5, 111–120.
Salem, T. (1997). As novas tecnologias reprodutivas: O estatuto do embrião e a noção de pessoa. Mana: Estudos de Antropologia Social, 3, 75–93.
Santos, M. de F. de S., & Almeida, L. M. de. (2005). Diálogos com a teoria da representação social. Editora Universitária UFPE.
Santos, M. de F. de S., Danfá, L., & Almeida, A. M. O. (2021). A Loucura em Movimento: Representação Social e Loucura na Imprensa Escrita. Psicologia: Ciência e Profissão, 41(e221899), 1–15. https://doi.org/10.1590/1982-3703003221899
Sousa, Y. S. O. (2021). O Uso do Software Iramuteq: Fundamentos de Lexicometria para Pesquisas Qualitativas. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 21(4), Article 4. https://doi.org/10.12957/epp.2021.64034
Stapleton, P., & Torres Yabar, A. (2023). Playing God? Media coverage of CRISPR in the United States. Public Understanding of Science, 32(4), 504–521. https://doi.org/10.1177/09636625221138953
Wasserman, D., & Asch, A. (2012). Selecting for disability: Acceptable lives, acceptable reasons. The American Journal of Bioethics: AJOB, 12(8), 30–31. https://doi.org/10.1080/15265161.2012.692445
Zittoun, T., & Gillespie, A. (2018). Imagining the Collective Future: A Sociocultural Perspective. In C. de Saint-Laurent, S. Obradović, & K. R. Carriere (Eds.), Imagining Collective Futures: Perspectives from Social, Cultural and Political Psychology (pp. 15–37). Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-3-319-76051-3_2
Downloads
Veröffentlicht
Zitationsvorschlag
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Declaro que o texto é inédito e foi submetido exclusivamente a essa Revista para fins de publicação. Ressalto que foram respeitados todos os procedimentos éticos exigidos em lei.
Declaro concordar com a cessão dos direitos autorais do artigo à Revista Psicologia e Saber Social, estando vedada sua reprodução, total ou parcial, em meio impresso, magnético ou eletrônico, sem autorização prévia por escrito do Editor Científico da Revista.
