Sexismo Sagrado
A influência da Religiosidade na Adesão ao Sexismo por mulheres
Keywords:
Religiosidade, Sexismo, Mulheres, Fundamentalismo, GêneroAbstract
Em diversas culturas, as mulheres se caracterizam como um grupo em desvantagem em relação aos homens e essa desigualdade de gênero possui diversas implicações sociais e econômicas na vida das mulheres. A inferioridade do feminino, reforçada tanto no âmbito público quanto no privado, levanta questões acerca do preconceito contra a mulher que, na literatura, se apresenta com o nome de sexismo. O sexismo não é um fenômeno isolado, tendo em vista que suas bases estão cobertas por concepções filosóficas, biológicas e/ou religiosas. Por meio de seus ensinamentos e tradições, as religiões possuem um papel importante na manutenção da hierarquia e no reforçamento dos papéis de gênero no mundo inteiro. No Brasil, mais da metade da população se identifica com a religião cristã. Nesse sentido, o objetivo geral do presente trabalho foi investigar a influência da religiosidade na adesão ao sexismo. Para tanto, participaram desta pesquisa 336 mulheres de diferentes afiliações religiosas, maiores de 18 anos, que responderam a um questionário contendo uma medida de fundamentalismo religioso, uma medida de ambivalência em relação às mulheres, além de perguntas de caráter sociodemográfico e outras medidas de religiosidade. Os resultados mostraram que as mulheres cristãs (protestantes e católicas) apresentam maiores nível de sexismo hostil e benevolente do que as mulheres sem religião. Ademais, o fundamentalismo religioso prediz significativamente o sexismo benevolente e o hostil. Esses resultados são discutidos a partir das possíveis consequências dessa relação entre religiosidade e sexismo para a vida das mulheres.
References
Allport, G. W. (1954). The nature of prejudice. Addison-Wesley.
Allport, G. W. (1966). Religious context of prejudice. Journal for the Scientific Study of Religion, 5(3), 447-457. https://doi.org/10.2307/1384172
Altemeyer, B., & Hunsberger, B. (2009). A Revised Religious Fundamentalism Scale: The Short and Sweet of It. International Journal for the Psychology of Religion, 14(1), 47-54.
Altemeyer, B., & Husberger, B. (1992). Authoritarianism, religious fundamentalism, quest and prejudice. International Journal for the Psychology of Religion, 2(2), 113-133. https://doi.org/10.1207/s15327582ijpr0202_5
Alves, J. E. D., & Cavenaghi, S. M. (2013). Indicadores da desigualdade de gênero no Brasil. Mediações: Revista de Ciências Sociais, 18, 83-105.
Belo, R. P., Gouveia, V. V., Raymundo, J. S., & Marques, C. M. C. (2005). Correlatos Valorativos do Sexismo Ambivalente. Psicologia: Reflexão e Crítica, 18(1), 7-15. https://doi.org/10.1590/S0102-79722005000100003
Burn, S. M., & Busso, J. (2005). Ambivalent sexism, scriptural literalism and religiosity. Psychology of Women Quarterly, 29(4), 412-418. https://doi.org/10.1111/j.1471-6402.2005.00241.x
Christopher, A. N. & Mull, M. S. (2006). Conservative Ideology and Ambivalent Sexism. Psychology of Women Quarterly, 30(2), 223-230. https://doi.org/10.1111/j.1471-6402.2006.00284.x
Conelly, K., & Heesacker, M. (2012). Why Is Benevolent Sexism Appealing? Associations With System Justification and Life Satisfaction. Psychology of Women Quarterly, 36(4), 432-443. https://doi.org/10.1177/0361684312456369
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. (2007). Bíblia Sagrada (6ª ed). Canção Nova.
D’Abreu, L. C. F. (2013). Pornografia, desigualdade de gênero e agressão sexual contra mulheres. Psicologia & Sociedade, 25, 592-601. https://doi.org/10.1590/S0102-71822013000300013
Ecco, C. (2008). A função da religião na construção social da masculinidade. Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies. 14, 93-97. https://www.redalyc.org/pdf/3577/357735510013
Ferreira, M. C. (2004). Sexismo hostil e benevolente: inter-relações e diferenças de gênero. Temas em Psicologia da SBP, 12(21), 119-126.
Formiga, N. S., Gouveia, V. V., & Santos, M. N. (2002). Inventário de sexismo ambivalente: Sua adaptação e relação com o gênero. Psicologia em Estudo, 7(1), 103-111. https://doi.org/10.1590/S1413-73722002000100013
Fullerton, T., & Hunsberger, B. (1982). A Unidimensional Measure of Christian Orthodoxy. Journal for the Scientific Study of Religion, 21(4), 317-326.
Gaunt, R. (2012). “Blessed Is He Who Has Not Made Me a Woman”: Ambivalent Sexism and Jewish Religiosity. Sex Roles, 67, 477-487. https://doi.org/10.1007/s11199-012-0185-8
Glick, P., & Fiske, S. T. (1996). The ambivalent sexism inventory: Differentiating hostile and benevolent sexism. Journal of personality and social psychology, 70(3), 491-512. https://doi.org/10.1037/0022-3514.70.3.491
Glick, P., & Fiske, S. T. (1997). Hostile and Benevolent Sexism: Measuring Ambivalent Sexist Attitudes Toward Women. Psychology of Women Quarterly, 21(1), 119-135. https://doi.org/10.1111/j.1471-6402.1997.tb00104.x
Glick, P., & Fiske, S. T. (1999). The Ambivalence Toward Men Inventory: Differentiating Hostile and Benevolent Beliefs About Men. Psychology of Women Quarterly, 23(3), 519-536. https://doi.org/10.1111/j.1471-6402.1999.tb00379.x
Glick, P., & Fiske, S. T. (2001). An Ambivalent Alliance: Hostile and Benevolent Sexism as Complementary Justifications for Gender Inequality. American Psychologist, 56(2), 109-118.
Glick, P., Fiske, S. T., Mladinic, A., Saiz, J. L., Abrams, D., Masser, B., et al. (2000). Beyond Prejudice as Simple Antipathy: Hostile and Benevolent Sexism Across Culture. Journal of Personality and Social Psychology, 79(5), 763-775. https://doi.org/10.1037//0022-3514.79.5.763
Glick, P., Lameiras, M., & Castro, Y. M. (2002a). Education and the catholic religiosity as predictors of hostile and benevolent sexism toward women and men. Sex Roles, 47, 433-441. https://doi.org/10.1023/A:1021696209949
Hannover. B., Gubernath. J., Schultze. M., & Zander, L. (2018). Religiosity, Religious Fundamentalism, and Ambivalent Sexism Toward Girls and Women Among Adolescents and Young Adults Living in Germany. Frontiers in Psychology, 9, 1-17. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.02399
Henning, M. C. & Moré, C. L. O. O. (2009). Religião e Psicologia: análise das interfaces temáticas. REVER: Revista de estudos da religião, 84-114. https://www.pucsp.br/rever/rv4_2009/t_henning.pdf
Hunsberger, B. & Jackson, L. M. (2005). Religion, Meaning, and Prejudice. Journal of Social Issues, 61(4), 807-826. http://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.02399
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2018). Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil (3ª ed., n. 38). Estudos e Pesquisas: informação demográfica e socioeconômica.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2018). Diversidade religiosa é marca da população brasileira. http://legado.brasil.gov.br/noticias/cidadania-e-inclusao/2018/01/diversidade-religiosa-e-marca-da-populacao-brasileira.
Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (2006). Lei Maria da Penha. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm
Maltby, L. E., Hall, M. E. L., Tamara, L. A., & Keith, E. (2010). Religion and Sexism: The Moderating Role of Participant Gender. Sex Roles, 62, 615-622. https://doi.org/10.1007/s11199-010-9754-x
Mikołajczak, M., & Pietrzak, J. (2014). Ambivalent Sexism and Religion: Connected Through Values. Sex Roles, 70, 387-399.
Oliveira, A. C. (2018). Violencia contra las mujeres: un problema cultural en Brasil. Polyphōnia: Revista de Educación Inclusiva, 2, 175-198. https://revistaschilenas.uchile.cl/handle/2250/167784
Peek, C. W., & Brown, S. (1980). Sex Prejudice among White Protestants: Like or Unlike Ethnic Prejudice? Social Forces, 59(1), 169-185.
Peek, C. W., Lowe, G. D., & Williams, L. S. (1991). Gender and God's Word: Another Look at Religious Fundamentalism and Sexism. Social Forces, 69(4), 1205-1221. https://doi.org/10.1093/sf/69.4.1205
Rollero, C., Glick, P., & Tartaglia, S. (2014). Psychometric Properties of Short versions of The Ambivalent Sexism Inventory and Ambivalence Toward Men Inventory. TPM, 21(2), 149-159. https://doi.org//10.4473/TPM21.2.3
Sampaio, P. P. (2009). As instituições na perspectiva freudiana. Revista de Humanidades, 24(2), 244-255. https://doi.org/10.5020/23180714.2009.24.2.%p
Toldy, T. M. (2010). A violência e o poder da(s) palavra(s): A religião cristã e as mulheres. Revista Crítica de Ciências Sociais, 89, 171-183. https://doi.org/10.4000/rccs.3761
Whitehead, A. D. (2012). Gender Ideology and Religion: Does a Masculine Image of God Matter? Review of religious research, 54, 139-156. https://doi.org/10.1007/s13644-012-0056-3
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
I declare that the text has not been published and was submitted exclusively to that Journal for publication. I stress that all the ethical procedures demanded in law were respected.
I declare to agree with the cession of the author rights of the article to the journal Psychology and Social Knowing, with its total or partial reproduction in print, magnetic or electronic means being forbidden, without previous written authorization by the Scientific Editor of the Journal.