Quilombos e a resistência negra no Brasil
um estudo de representações sociais
Palavras-chave:
Representações Sociais, Quilombos, PreconceitoResumo
Considerando que os Quilombos são patrimônios materiais e imateriais brasileiros e que representam um símbolo vivo de resistência ao colonialismo e, atualmente, como resistência negra, O presente estudo propôs identificar representações sociais de quilombos em brasileiros, este se apresenta como um tema tão importante e relevante para a compreensão da identidade do povo brasileiro e das relações da sociedade com a população negra. Para tal pesquisa, usou-se a teoria das representações sociais de Serge Moscovici como marco teórico referencial. Tendo em vista que esta busca o entendimento das diferentes realidades do viver, e as distintas expressões do âmbito social. Utilizamos na coleta de dados uma perspectiva multi-métodos, possibilitando o conhecimento das características da representação social de quilombo e seus direitos, através da evocação livre, análise documental e análise de conteúdo. A pesquisa foi realizada com 130 pessoas feita através de uma amostragem por conveniência, possibilitando uma aproximação das características de tal representação. Os dados foram tratados pelo software Iramuteq e apontam que o núcleo central dessas representações ainda é carregado de estereótipos, mostrando que a narrativa incorporada pelo colonialismo, atravessada pelo discurso de superioridade cultural ecoa por entre as representações sociais. Porém as periferias do núcleo apresentam a incidência de novas representações, o que se deu por meio de mais de 130 anos de lutas na tentativa para que o estado brasileiro incorporasse os quilombos em sua narrativa. Concluindo, é importante ressaltar o papel da psicologia social para compreender de forma mais apurada tais fenômenos, já que é no ambiente social, em especial, nas relações interpessoais que esses preconceitos se constroem criam consequências que afetam a qualidade de vida individual coletivas das comunidades Quilombolas.
Referências
Abric, J. C. (1994). Prácticas sociales y representaciones. México: Ediciones Coyoacán.
Abric, J. C. (1998). A abordagem estrutural das representações sociais. Estudos interdisciplinares de representação social, 2(1998), 27-38.
Abumanssur, E. S. (2011). A conversão ao pentecostalismo em comunidades tradicionais (The conversion to Pentecostalism in traditional communities. Horizonte-Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, 396-415.
Brasil. (1988). Lei nº 7.668, de 22 de agosto de 1988. Autoriza o Poder Executivo a constituir a Fundação Cultural Palmares-FCP e dá outras providências. Diário Oficial da União, 160025-160025.
Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em psicologia, 21(2), 513-518.
Costa, E. S., & Scarcelli, I. R. (2016). Psicologia, política pública para a população quilombola e racismo. Psicologia USP, 27, 357-366.
De Alencastro, L. F. (2000). O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. Companhia das letras.
de Almeida, A. W. B. (2011). Quilombos e as novas etnias. UEA Edições.
de Oliveira Lopes, C. J. (2018). Direito ao território e grandes empreendimentos: lutas e resistências dos povos quilombolas no município de Baião–PA.
dos Santos Gomes, F. (2015). Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. Editora Companhia das Letras.
Fanon, F. (1968). Os Condenados da Terra (tradução de José Laurênio de Melo) Civilização Brasileira. Rio de Janeiro.
Flament, C., Guimelli, C., & Abric, J. C. (2006). Effets de masquage dans l’expression d’une représentation sociale. Les Cahiers internationaux de psychologie sociale, (1), 15-31.
Furtado, M. B., Pedroza, R. L. S., & Alves, C. B. (2014). Cultura, identidade e subjetividade quilombola: uma leitura a partir da psicologia cultural. Psicologia & Sociedade, 26, 106-115.
Gomes, F. D. S. (2012). Terra e camponeses negros: o legado da pós-emancipação. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Brasília (IPHAN), 34, 375-395.
Gordon, L. R. P., Fanon, F., & Silveira, R. D. (2008). Pele Negra, Máscaras Brancas.
Hooks, B. (2019). Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2018). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2018
IBGE (2019). Base de informações Geográficas e Estatísticas sobre os indígenas e Quilombolas no Brasil, 2019
Jodelet, D. (1984). Représentation sociale: phénomènes, concept et théorie. Psychologie sociale, 2, 357-378.
Jodelet, D. (2001). Representações sociais: um domínio em expansão. As representações sociais, 17(44), 1-21.
Moscovici, S. (1981). On social representations. Social cognition: Perspectives on everyday understanding, 8(12), 181-209.
Müller, T. M., & Cardoso, L. (2018). Branquitude: estudos sobre a identidade branca no Brasil. Appris Editora e Livraria Eireli-ME.
Munanga, K. (1995/1996). Origem e histórico do quilombo na África. Revista da USP, 28, 56-63.
Pereira, P. F. S. (2020). Os quilombos ea nação: inclusão constitucional, políticas públicas e antirracismo patrimonial. Lumen Juris.
Quijano, A. (2005a). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 117-142.
Quijano, A. (2005b). Colonialidade do saber, eurocentrismo e América Latina. A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais, Buenos Aires: Clacso Livros.
Ramos, G. (1995). O negro desde dentro. In G. A. Ramos, Introdução crítica à sociologia brasileira (pp. 241-248). Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
Ratinaud, P. (2009). IRaMuTeQ: Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires. Téléchargeable à l’adresse: http://www. iramuteq. org.
Reis, J. J. (1996). Quilombos e revoltas escravas no Brasil. Revista usp, (28), 14-39.
Ricoeur, P. (2007). A memória, a história, o esquecimento. Editora Unicamp.
Rodrigues, M. F. (2015). Raça e criminalidade na obra de Nina Rodrigues: Uma história psicossocial dos estudos raciais no Brasil do final do século XIX. Estudos e pesquisas em psicologia, 15(3), 1119-1135.
Sá, C. P. D. (1996). Representações sociais: teoria e pesquisa do núcleo central. Temas em psicologia, 4(3), 19-33.
da Silva, S. R., & do Nascimento, L. K. (2012). Negros e territórios quilombolas no Brasil. Cadernos Cedem, 3(1), 23-37.
Santos, G. L. D., & Chaves, A. M. (2007). Ser quilombola: representações sociais de habitantes de uma comunidade negra. Estudos de Psicologia (Campinas), 24, 353-361.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Declaro que o texto é inédito e foi submetido exclusivamente a essa Revista para fins de publicação. Ressalto que foram respeitados todos os procedimentos éticos exigidos em lei.
Declaro concordar com a cessão dos direitos autorais do artigo à Revista Psicologia e Saber Social, estando vedada sua reprodução, total ou parcial, em meio impresso, magnético ou eletrônico, sem autorização prévia por escrito do Editor Científico da Revista.