Construção e validação da Escala de Vivência do Racismo Afetivo-Sexual (EVRAS)

Autores

  • Hênio dos Santos Rodrigues
  • Marcus Eugênio Oliveira Lima
  • Elder Cerqueira-Santos
  • Mozer de Miranda Ramos
  • Kaline Silva Lima

Palavras-chave:

Racismo, Racismo Afetivo-Sexual, Escala, Construção, Validação

Resumo

O objetivo deste estudo foi desenvolver e validar a Escala de Vivência do Racismo Afetivo-Sexual (EVRAS) por meio de métodos científicos. Uma pesquisa online foi conduzida com a participação de 446 indivíduos autodeclarados pretos, em sua maioria mulheres (75,3%), com idade superior a 18 anos. Além dos dados coletados pela EVRAS, foram extraídos índices de autoestima (EAR), satisfação corporal (ESSC) e saúde mental (K10). Os resultados revelaram um modelo trifatorial com ajuste adequado e ítens com cargas fatoriais apropriadas. Foram encontradas consistências internas satisfatórias para os fatores: Preterição Afetivo-Sexual (ω = 0,92), Objetificação Racial (ω = 0,91) e Encobrimento (ω = 0,92). Evidências de validade de critério foram obtidas por meio de correlações entre as pontuações da EVRAS e os demais instrumentos utilizados. Portanto, a EVRAS é um instrumento válido para medir os níveis de racismo Afetivo-sexual no contexto brasileiro, o que contribui para a ampliação da pesquisa nessa área.

Referências

American Educational Research Association [AERA], American Psychological Association [APA], National Council on Measurement in Education [NCME] (2014). Standards for educational and psychological testing. American Educational Research Association.

Almeida, S. (2019). Racismo estrutural. Pólen Produção.

Berquó, E. (1986). Pirâmide da solidão. Encontro Nacional de estudos Populacionais, 5.

Bhambhani, Y., Flynn, M. K., Kellum, K. K., & Wilson, K. G. (2019). Examining sexual racism and body dissatisfaction among men of color who have sex with men: The moderating role of body image inflexibility. Body Image, 28, 142-148. https://doi.org/10.1016/j.bodyim.2019.01.007

Bhambhani, Y., Flynn, M. K., Kellum, K. K., & Wilson, K. G. (2020). The role of psychological flexibility as a mediator between experienced sexual racism and psychological distress among men of color who have sex with men. Archives of Sexual Behavior, 49, 711-720. https://doi.org/10.1007/s10508-018-1269-5

Bhambhani, Y., Kellum, K. K., Bentley, J. P., & Wilson, K. G. (2021). Constructing a scale to measure sexual racism experienced by men of color who have sex with men. Psychology of Sexual Orientation and Gender Diversity. Advance online publication. https://doi.org/10.1037/sgd0000526

Callander, D., Newman, C. E., & Holt, M. (2015). Is sexual racism really racism? Distinguishing attitudes toward sexual racism and generic racism among gay and bisexual men. Archives of sexual behavior, 44, 1991-2000. https://doi.org/d10.1007/s10508-015-0487-3

Collins, P. H., & Bilge, S. (2021). Interseccionalidade. Boitempo.

Cruz, C. O. S. (2020). A Visão de Gilberto Freyre sobre as mulheres negras em Casa Grande & Senzala: um olhar crítico a partir da perspectiva negra. Revista Textos Graduados, 7(1), 37-46. http://periodicos.unb.br

Dovidio, J. F., Hewstone, M., Glick, P., & Esses, V. M. (2010). Prejudice, stereotyping and discrimination: Theoretical and empirical overview. Prejudice, stereotyping and discrimination, 3-28.

Fontes, M. L., & Pacheco, A. C. L. (2022). Mulheres racializadas no sul da Bahia: Mapeando colonialidades de gênero, raça/etnia e sexualidade. Em Tese, 19(1), 67-86. https://doi.org/10.5007/1806-5023.2022.e83023

Fredrickson, B. L., & Roberts, T. A. (1997). Objectification theory: Toward understanding women's lived experiences and mental health risks. Psychology of women quarterly, 21(2), 173-206. https://doi.org/10.1111/j.1471-6402.1997.tb00108.x

Han, C. S., & Choi, K. H. (2018). Very few people say “No Whites”: Gay men of color and the racial politics of desire. Sociological Spectrum, 38(3), 145-161. https://doi.org/10.1080/02732173.2018.1469444

Hidalgo, M. A., Layland, E., Kubicek, K., & Kipke, M. (2020). Sexual racism, psychological symptoms, and mindfulness among ethnically/racially diverse young men who have sex with men: A moderation analysis. Mindfulness, 11, 452-461. https://doi.org/10.1007/s12671-019-01278-5

Hirata, E., & Pilati, R. (2010). Desenvolvimento e validação preliminar da Escala Situacional de Satisfação Corporal-ESSC. Psico-USF, 15, 1-11. https://doi.org/10.1590/S1413-82712010000100002

Hordge-Freeman, E. (2015). The color of love: Racial features, stigma, and socialization in black Brazilian families. University of Texas Press.

Hoyt Jr, C. (2012). The pedagogy of the meaning of racism: Reconciling a discordant discourse. Social work, 57(3), 225-234. https://doi.org/10.1093/sw/sws009

Hutz, C. S., & Zanon, C. (2011). Revisão da adaptação, validação e normatização da escala de autoestima de Rosenberg. Avaliacao Psicológica: Interamerican Journal of Psychological Assessment, 10(1), 41-49. https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6674919.pdf

Lima, M. E. O., & Vala, J. (2004). As novas formas de expressão do preconceito e do racismo. Estudos de psicologia, 9, 401-411. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2004000300002

Lima, M. E. O., Rodrigues, H. dos S., & Santos, E. V. (2022). Sexual Racism in Brazil: Aesthetic Preference, Beauty Models and Stereotypes. Trends in Psychology, 30(3), 480-496. https://doi.org/10.1007/s43076-021-00128-5

Mizael, T. M., de Castro, M. S. L. B., & Dittrich, A. (2021). Uma interpretação analítico-comportamental do colorismo e de suas implicações clínicas. Acta Comportamentalia: Revista Latina de Análisis de Comportamiento, 29(4), 65-81.

Moutinho, L. (2004). Razão," cor" e desejo: uma análise comparativa sobre relacionamentos afetivo-sexuais" inter-raciais" no Brasil e na África do Sul. Unesp.

Pacheco, A. C. L. (2013). Mulher negra: afetividade e solidão. Edufba.

Paranhos, M. A. V., & Nery, M. S. (2020). Os usos sociais dos aplicativos de relacionamento: intersecções entre gênero, sexualidade e raça no Recôncavo Baiano. Cadernos de Gênero e Diversidade, 6(4), 200-227. https://doi.org/10.9771/cgd.v6i4.37509

Pereira, A., Oliveira, C. A., Bártolo, A., Monteiro, S., Vagos, P., & Jardim, J. (2019). Confiabilidade e estrutura fatorial da Escala de Distress Psicológico de Kessler de 10 itens (K10) entre adultos portugueses. Ciência & Saúde Coletiva, 24, 729-736. https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.06322017

Pinho, O. (2008). Relações raciais e sexualidade. In A. O. Pinho-Sansone, & L. Sansone (Eds.), Raça: novas perspectivas antropológicas (pp. 257-283). EDUFBA.

Plummer, M. D. (2007). Sexual racism in gay communities: Negotiating the ethnosexual marketplace [Doctoral dissertation, University of Washington]. Repository. http://hdl.handle.net/1773/9181

Rodrigues, A. D. M. (2017). Racismo, Memória e Afeto: Situações de Desamor. https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/176923/Resumo_54344.pdf?sequence=1

Rodrigues, H. dos S. (2021). Racismo afetivo-sexual e Afetivo e Homossexualidade: A quem pertence o corpo do homem negro gay? In M. M. Ramos, & E. Cerqueira-Santos (Eds.), Psicologia & Sexualidade: Diversidade Sexual (pp. 269-286). Dialética.

Rodrigues, H dos S., Sacramento, D. B., Aragão, V. G. O., & Lima, M. E. O. (no prelo) Racismo Afetivo-Sexual e o Preterimento da Mulher Preta: O amor tem cor? Revista Conhecimento Online.

Simões, J. A., França, I. L., & Macedo, M. (2010). Jeitos de corpo: Cor/raça, gênero, sexualidade e sociabilidade juvenil no centro de São Paulo. Cadernos pagu, (35) 37-78. https://doi.org/10.1590/S0104-83332010000200003

Thai, M., Stainer, M. J., & Barlow, F. K. (2019). The “preference” paradox: Disclosing racial preferences in attraction is considered racist even by people who overtly claim it is not. Journal of Experimental Social Psychology, 83, 70-77. https://doi.org/10.1016/j.jesp.2019.03.004

Thai, M. (2020). Sexual racism is associated with lower self-esteem and life satisfaction in men who have sex with men. Archives of Sexual Behavior, 49(1), 347-353. https://doi.org/10.1007/s10508-019-1456-z

Wade, R. M., & Harper, G. W. (2021). Toward a multidimensional construct of racialized sexual discrimination (RSD): Implications for scale development. Psychology of Sexual Orientation and Gender Diversity, 8(4), 401. https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/sgd0000443

Wade, R. M., & Pear, M. M. (2022). Online dating and mental health among young sexual minority Black men: is ethnic identity protective in the face of sexual racism? International journal of environmental research and public health, 19(21), 14263. https://doi.org/10.3390/ijerph192114263

Zamora, M. H. R. N. (2012). Desigualdade racial, racismo e seus efeitos. Fractal: Revista de Psicologia, 24, 563-578. https://doi.org/10.1590/S1984-02922012000300009

Downloads

Publicado

01.07.2021

Como Citar

Rodrigues, H. dos S., Lima, M. E. O., Cerqueira-Santos, E., Ramos, M. de M., & Lima, K. S. (2021). Construção e validação da Escala de Vivência do Racismo Afetivo-Sexual (EVRAS). Psicologia E Saber Social, 10(2), 156–185. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/psi-sabersocial/article/view/83392

Edição

Seção

Artigos