“QUE É QUE OS HOMENS TEMEM, ACIMA DE TUDO?” Culpa e vergonha na clínica da Aids
DOI:
https://doi.org/10.12957/polemica.2016.21341Resumo
DOI: 10.12957/polemica.2016.21341
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O objetivo deste texto é fazer uma apresentação do sentimento de culpa e do afeto da vergonha associados à condição de ser portador de HIV/Aids. Apesar de ser um assunto relevante em psicanálise, o tema da vergonha não se configura como algo central na obra freudiana, tendo a culpa um lugar muito melhor definido no que diz respeito à relação do sujeito com a cultura. Pode-se afirmar que, para Freud, a culpa aparece como aspecto do mito fundador de nossa civilização. Em Totem e Tabu, por exemplo, é o sentimento de culpa dos irmãos, após o parricídio, que permite a configuração do pacto social. Se a culpa foi tomada dessa maneira, a vergonha aparece inicialmente como uma força repressora, assim como a moralidade, para depois ser associada, por Freud, ao narcisismo. Dessa forma, pensa-se a vergonha ligada à imagem do sujeito perante a sociedade. Daí, dois fenômenos podem ser discutidos: o medo da exposição e o medo de ser ignorado pelo outro. No que diz respeito à Aids, é importante lembrar que o imaginário sobre a doença constitui-se a partir de um estigma, colocando o sujeito no lugar do estrangeiro. A experiência clínica revela uma tendência a não se nomear a doença, fazendo da Aids algo desconhecido. A vergonha expõe o sujeito e, nesse aspecto, estando ligada a outro tema-tabu (sexo), a Aids demanda, além de uma ressignificação, novos rearranjos para lidar com o corpo e com a sociedade.
Palavras-chave: Culpa. Vergonha. Superego. Narcisismo. Aids.
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Abstract: The objective of this paper is to show the guilt and affection of shame associated with the condition of being a person with HIV/AIDS. Despite being a relevant subject in psychoanalysis, the theme of shame is not configured as central in Freud's work, the guilt point has a well defined place regarding the relation of the individual with the culture. It can be said that, for Freud, the guilt appears as an aspect of the founding myth of our civilization. In Totem and Taboo, for example, it’s the brothers guilt feeling, after the parricide, that allows the configuration of social pact. If the guilt was taken that way, the shame initially appears as a repressive force, such as morality, later to be associated, by Freud, to narcissism. That way, the shame would be related to the image of the individual in front of society. Than, two phenomena can be discussed: the fear of exposure and the fear of being ignored by other. Regarding AIDS, it’s important to remember that the imaginary about the disease is constituted from a stigma, putting the individual in the place of the foreign. The clinical experience reveals a tendency to not to mention the disease, making AIDS something unknown. The shame exposes the individual and in that respect, connected to another taboo-theme (sex), AIDS demands, besides a ressignification, new rearrangements to deal with the body and society.
Keywords: Guilt. Shame. Superego. Narcissism. AIDS.
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