A FEMINIZAÇÃO DA AIDS: EFEITOS DA MORAL MÉDICA

Autores

  • Bárbara Araújo Sordi
  • Carolina de Sousa Malcher
  • Maria Lúcia Chaves Lima
  • Ana Cleide Guedes Moreira

DOI:

https://doi.org/10.12957/polemica.2015.17957

Resumo

Resumo: Apesar dos avanços medicamentosos, a aids ainda é um grave problema de saúde pública que afronta a ciência pela alta incidência de transmissão e de número de óbitos. Considerada inicialmente como doença exclusiva de determinados grupos de risco, a aids alastrou-se silenciosamente entre as mulheres, que de maneira ilusória acreditavam estar imunes e protegidas do HIV. Desde 1990, a feminização da epidemia tornou-se uma realidade evidente pela alta incidência de novos casos. Entretanto, verifica-se que houve morosidade no reconhecimento da mulher enquanto vulnerável à infecção do vírus pela ciência médica, fato que ainda pode ser verificado nos dias atuais pelas ineficazes campanhas preventivas e pouca visibilidade de debates sobre feminização. Partindo da arqueologia de Foucault como orientação metodológica, este trabalho se propõe realizar uma breve digressão histórica sobre o saber médico e de como o discurso da medicina se utilizou de concepções morais em sua construção histórica, com o fim de refletir sobre a influência da cultura heteronormativa nas práticas médicas e suas implicações na feminização da epidemia, que trouxe consequências catastróficas para as mulheres, contribuindo para sua exposição à contaminação.
Palavras-chaves: Aids. Feminização. Moral médica.

 

AIDS FEMINIZATION: EFFECTS OF MEDICAL MORALITY

Abstract: In despite of medical advances, aids is still a serious public health problem that affronts science by the high incidence of transmission and number of deaths. First considered as an exclusive disease of certain risk groups, aids has silently spread among women that, in a illusory way, believed to be immune and protected from HIV. Since 1990, the epidemic feminization became an obvious reality because of the high incidence of new cases. However, it appears that the recognition of women as vulnerable to virus infection by medical science was delayed, which can still be seen today by ineffective prevention campaigns and low visibility of debates about feminization. Starting from Foucault's archeology as methodological guidance, this work intends to make a brief historical digression on medical knowledge and how the discourse of medicine had used moral concepts in their historical construction in order to reflect about the influence of heteronormative culture in medical practices and their implications for the epidemic feminization, which brought catastrophic consequences for women, contributing to its exposure to contamination.
Keywords: Aids; Feminization; Medical morality.

 

Biografia do Autor

Bárbara Araújo Sordi

Psicóloga Clinica e Hospitalar. Especialista em Psicologia da Saúde e Hospitalar. Mestranda em Psicologia Social, na linha Psicanálise: teoria e clinica. Pesquisadora sobre relações de gênero, feminização da aids e psicanálise. Participante do Laboratório de Psicopatologia Fundamental. Psicanalista em formação pelo Circulo Psicanalítico de Minas Gerais. E-mail: barbarasordi@hotmail.com.

Carolina de Sousa Malcher

Psicóloga e bacharel em Comunicação Social. Especialista em Psicologia da Saúde e Hospitalar e em Teoria Psicanalítica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPa), na linha de pesquisa Psicologia, Sociedade e Saúde.

Maria Lúcia Chaves Lima

Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade de São Paulo. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará. Pesquisadora com experiência nas áreas de Psicologia Social e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: diversidade sexual, relações de gênero, masculinidades, violência contra a mulher, governamentalidade e modos de subjetivação. Coordena o grupo inquietAÇÕES: arte, saúde e educação. É integrante do Núcleo de Práticas Discursivas e Produção de Sentidos da PUC-SP e membro da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO).

Ana Cleide Guedes Moreira

Psicóloga pela Universidade Federal do Pará (1982), mestrado (1992) e doutorado (2000) em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Pós-Doutorado em Psicologia Clínica na Universidade Paris 7. Atualmente é Professora Associada da Universidade Federal do Pará, leciona na Graduação e Pós-Graduação em Psicologia, Mestrado e Doutorado, onde coordena o Programa e dirige o Laboratório de Psicanálise e Psicopatologia Fundamental, grupo de pesquisa presente do Diretório de Grupos do CNPQ desde 2002. Tem experiência na área de Psicologia e Psicanálise, com ênfase em Intervenção Terapêutica e Análise em Instituições Hospitalares e Sistema Único de Saúde, pesquisando, principalmente os seguintes temas: melancolia e estados depressivos, psicopatologia fundamental, pensamento freudiano, dispositivos clínicos, relações de gênero e aids. Membro fundador e pesquisador da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Eneida de Moraes sobre Mulher e Relações de Gênero GEPEM-UFPA. Membro do GT da ANPEPP Psicopatologia e Psicanálise. Pesquisadora visitante do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social PUC-Rio. Chercheur associé à l Université Paris 7 Denis-Diderot. Membro da Réseau Internacional de Psychopathologie Transculturelle.

Publicado

2015-07-30

Como Citar

Araújo Sordi, B., de Sousa Malcher, C., Chaves Lima, M. L., & Cleide Guedes Moreira, A. (2015). A FEMINIZAÇÃO DA AIDS: EFEITOS DA MORAL MÉDICA. POLÊM!CA, 15(2), 013–028. https://doi.org/10.12957/polemica.2015.17957

Edição

Seção

LIPIS - Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social