Entre correntes e laços: a tragicidade da escravidão feminina em "A ama" (1884), de Délia e "A escrava" (1887), de Maria Firmina dos Reis
DOI:
https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2025.86916Palavras-chave:
Délia, escravidão, feminino, Maria Firmina dos Reis, trágicoResumo
A escravidão no Brasil ganhou contornos de uma verdadeira tragédia brasileira de grandes proporções, haja vista o cotidiano de opressões a que eram submetidos os escravizados. O presente estudo objetiva demonstrar, por meio de uma análise comparativa dos contos “A ama” e “A escrava”, como a escravidão feminina é retratada como trágica pelas lentes de Délia (1853-1895) e Maria Firmina dos Reis (1825-1917). A análise visa destacar a trajetória das protagonistas, a fim de entrelaçar temas como escravidão, opressão, relações humanas e tragicidade, de modo a evidenciar como esses elementos moldaram a vida e o destino dessas personagens escravizadas. Para as mulheres, a escravidão foi sentida de muitas formas que diferem da experiência masculina — portanto, faz-se necessário destacar o lócus dessas escravizadas entre correntes e laços.
Referências
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
ARISTÓTELES. Poética. Tradução: Paulo Pinheiro. 2. ed. São Paulo: 34, 2017.
BORMANN, Maria Benedita Câmara. A ama. In: REIS, Maria Firmina dos; BORMANN, Maria Benedita Câmara. Contos abolicionistas: A escrava e A ama. São Paulo: Pince-nez, 2021. p. 16-22. E-book Kindle.
CAMPELLO, Eliane T. A. O suicídio em contos de Maria Benedita Bormann. Interdisciplinar - Revista de Estudos em Língua e Literatura, São Cristóvão - SE, v. 3, n. 3, 2007. p. 31-48. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/interdisciplinar/article/view/1084.
CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
DUARTE, Eduardo de Assis. Escravidão e patriarcado na ficção de Maria Firmina dos Reis. Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, n. 59, p. 223–236, 2018a. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/estudos/article/view/28876.
DUARTE, Eduardo de Assis. Maria Firmina dos Reis e os primórdios da ficção afro-brasileira. Literafro – portal da literatura afro-brasileira. Universidade Federal de Minas Gerais [20--?]. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/29-critica-de-autores-feminios/317-maria-firmina-dos-reis-e-os-primordios-da-ficcao-afro-brasileira-critica.
DUARTE, Eduardo de Assis. Úrsula e a desconstrução da razão negra ocidental. In: DUARTE, Constância Lima et al (Org.). Maria Firmina dos Reis: faces de uma precursora. Rio de Janeiro: Malê, 2018b. p. 51-79.
EAGLETON, Terry. Doce violência: a ideia do trágico. Tradução: Alzira Allegro. São Paulo: Unesp, 2013.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução: Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.
GAZOLLA, Rachel. Para não ler ingenuamente uma tragédia grega: ensaio sobre aspectos do trágico. São Paulo: Loyola, 2001.
GIACOMINI, Sonia Maria. Mulher e escrava: uma introdução histórica ao estudo da mulher negra no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1988.
GUIMARÃES, Ruth. Dicionário da mitologia grega. São Paulo: Cultrix, 1988.
HOOKS, bell. E eu não sou uma mulher? Tradução: Bhuvi Libanio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019. E-book.
MORAIS FILHO, José Nascimento. Maria Firmina, fragmentos de uma vida. São
Luiz: COCSN, 1975.
MUAZE, Mariana. Maternidade silenciada: amas de leite no Brasil escravista, século XIX. In: OSÓRIO, Helen; XAVIER, Regina Célia Lima (Org.). Do tráfico ao pós-abolição: trabalho compulsório e livre e a luta por direitos sociais no Brasil. São Leopoldo: Oikos, 2018. E-book. p. 360-391.
MUZART, Zahidé Lupinacci. Uma pioneira: Maria Firmina dos Reis. Muitas Vozes, Ponta Grossa, v.2, n.2, p. 247-260, 2013.
PINSKY, Jaime. Escravidão no Brasil. 13 ed. São Paulo: Contexto, 1994.
REIS, Maria Firmina dos. A escrava. In: Úrsula. Rio de Janeiro: Malê, 2022.
TELLES, Norma. Délia, pesquisas. Norma Telles. [19--?]a. Disponível em: https://www.normatelles.com.br/deliapesquisas. Acesso em 22 ago. 2024.
TELLES, Norma. Escritoras, escritas, escrituras. In: PRIORE, Mary Del (Org.). História das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004. p. 337-404.
TELLES, Norma. Memorial da pesquisa. Norma Telles. [19--?]b. Disponível em: https://www.normatelles.com.br/deliamemo. Acesso em: 22 ago. 2024.
TELLES, Norma. Rebeldes, escritoras, abolicionistas. Revista de História, São Paulo, n. 120, p. 73–83, 1989. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18593. Acesso em: 22 ago. 2024.
VOLPINI, Javer Wilson. O literário feminino nos romances oitocentistas de Délia: tradição e ruptura. 2019. Tese (Doutorado em Letras: Estudos Literários) – Faculdade de letras, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2019.
ZIN, Rafael Balseiro. Escritoras abolicionistas no Brasil-Império: Maria Firmina dos Reis e Júlia Lopes de Almeida na luta contra a escravidão. 2022. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista Palimpsesto publica artigos e resenhas inéditos, referentes as áreas de Letras e Linguística. Publica volumes mistos e/ou temáticos, com artigos e resenhas em português, inglês, espanhol e francês.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Palimpsesto utiliza uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.