Canções brasileiras como recurso didático para o ensino do fenômeno de variação linguística na Educação Básica
DOI:
https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2025.85191Palavras-chave:
Variação linguística, Ensino de Língua Portuguesa, Educação BásicaResumo
O objetivo deste artigo é propor a incorporação de canções brasileiras como recurso didático para promover discussões sobre a variação linguística e percepção de variação fonético-fonológica para estudantes da educação básica, precisamente no Ensino Médio. Para alcançar tal objetivo, realizamos uma pesquisa documental, conforme orientado por Gil (2002). Escolhendo registros de canções brasileiras como fonte documental, acessíveis on-line, priorizamos os cantores/falantes de diferentes regiões do país, como Luiz Gonzaga, Emicida, Luísa Sonza, Pabllo Vittar, Anitta, Dona Onete e Gilberto Gil, e característica diversidade de gêneros, do forró/baião ao rap, funk, do carimbó à MPB, garantindo representatividade regional de falantes nas cinco canções selecionadas. Para análise dos dados, recorremos aos estudos da Sociolinguística Educacional, segundo orientação de Bortoni-Ricardo (2004), focando no alofone (variação do fonema), conforme Pedrosa e Da Hora (2007). Ainda que existam limitações em pesquisas documentais, como a falta de levantamento da preferência musical nacional, regional e local de estudantes da educação básica, optou-se, a partir da diversidade e de possibilidades de enfoque, por falantes/cantores/canções que, de certa maneira, fazem parte do universo dos estudantes/ouvintes, caso não, oportuniza a eles novos (re)conhecimentos linguístico-culturais. Destacamos a imersão prática na diversidade linguística, o alinhamento com as diretrizes da BNCC (2018), o estímulo à percepção fonético-fonológica e a criação de um ambiente educativo representativo. A pesquisa indica canções brasileiras em sua diversidade, interpretadas falantes/intérpretes musicais de diversas regiões do país, podem constituir ferramentas pedagógicas produtivas para discussões sobre o fenômeno da variação linguística no Ensino Médio, evidenciando uma multiplicidade de fenômenos sociolinguísticos.
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