Entre o dito e o não dito: modos de significar as vítimas de feminicídio na página de Facebook do G1
DOI:
https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.84715Palavras-chave:
Silêncio;, Feminicídio, Mídia, Análise do Discurso.Resumo
Neste trabalho analisamos os discursos sobre o feminicídio postos em circulação pelo G1 na sua rede social Facebook, buscando compreender como aquilo que não é dito (Pêcheux, 2015) significa e como esse silêncio, entendido aqui como constitutivo, ou seja, como o não dito necessariamente excluído (Orlandi, 2007), produz sentidos para mulheres vítimas de feminicídio. Sob o aparato teórico e metodológico da Análise do Discurso pecheutiana, analisaremos postagens e comentários sobre casos de feminicídio feitos entre os anos de 2015 e 2023. Nossa análise evidenciou um efeito de desqualificação da vítima que ocorre através de variados modos de enunciação: pela nomeação pejorativa, pela enunciação adversativa e pelo foco narrativo do crime. Como consequência desses modos de significar a vítima, notamos o silenciamento do caráter de gênero do feminicídio.
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