Entre o dito e o não dito: modos de significar as vítimas de feminicídio na página de Facebook do G1

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.84715

Palavras-chave:

Silêncio;, Feminicídio, Mídia, Análise do Discurso.

Resumo

Neste trabalho analisamos os discursos sobre o feminicídio postos em circulação pelo G1 na sua rede social Facebook, buscando compreender como aquilo que não é dito (Pêcheux, 2015) significa e como esse silêncio, entendido aqui como constitutivo, ou seja, como o não dito necessariamente excluído (Orlandi, 2007), produz sentidos para mulheres vítimas de feminicídio. Sob o aparato teórico e metodológico da Análise do Discurso pecheutiana, analisaremos postagens e comentários sobre casos de feminicídio feitos entre os anos de 2015 e 2023. Nossa análise evidenciou um efeito de desqualificação da vítima que ocorre através de variados modos de enunciação: pela  nomeação pejorativa, pela enunciação adversativa e pelo foco narrativo do crime. Como consequência desses modos de significar a vítima, notamos o silenciamento do caráter de gênero do feminicídio.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ariane Silva da Costa Sampaio, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Graduada em Letras - Português pela Universidade Federal de Sergipe. Mestre e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino - PPGLE - da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Professora assistente do curso de Letras na Universidade Estadual do Ceará - UECE. 

Washington Silva de Farias, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Professor Associado do curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino (PPGLE) da Universidade Federal de Campina Grande -UFCG, Campina Grande, Paraíba. Doutorado em Linguística -UFPB.Atua nos seguintes temas: constituição e representação discursiva de sujeitos e sentidos; discurso, memória e identidades; discurso, educação e ensino.

Referências

BRASIL. Lei nº 13.104, de 09 de março de 2015. Brasília, DF, 2015.

BRASIL. ONU - Mulheres. Diretrizes para investigar, processar e julgar com perspectiva de gênero as mortes violentas de mulheres. Brasília, DF, 2016. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/04/diretrizes_feminicidio.pdf. Acesso em agosto de 2023.

BORELLI, Andréa. A tese da passionalidade e os códigos penais de 1890 e 1940. In: Simpósio Nacional de História, 22., 2003, João Pessoa. Anais do XXII Simpósio Nacional de História: História, acontecimento e narrativa. João Pessoa: ANPUH, 2003. CD-ROM.

COURTINE, Jean Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Carlos: EdUFSCar, 2014.

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2013.

DELA-SILVA, Silmara Cristina. O acontecimento discursivo da televisão no Brasil: a imprensa na constituição da TV como grande mídia. TESE. (Doutorado em Linguística). Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas: 2008.

DIAS, Cristiane. A análise do discurso digital: um campo de questões. REDISCO. Vitória da Conquista. v. 10, n. 2, p. 8-20, 2016.

GRIGOLETTO, Evandra. Do lugar social ao lugar discursivo: o imbricamento de diferentes posições-sujeito. In: FERREIRA, M. C. INDURSKY, F. Análise do discurso no Brasil: mapeando conceitos, confrontando limites. São Carlos: Claraluz, 2007.

LAGARDE Y DE LOS RÍOS, Marcela. Por la vida y la libertad de las mujeres. Fin al feminicidio. El Dia, V. Febrero, 2004.

LUCENA. Mariana Barreto Nóbrega de. Mortes violentas de mulheres no Brasil e novas vulnerabilidades: da violência do patriarcado privado à violência do patriarcado público. Porto Alegre: Aspas, 2020.

ORLANDI, Eni. As Formas do Silêncio: no movimento dos sentidos. 6 ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.

ORLANDI, Eni. Discurso e Texto: formulação e circulação dos sentidos. 4. ed. Campina, SP: Pontes, 2012.

ORLANDI, Eni. Análise de discurso: Princípios e Procedimentos. 12. ed. Campinas: Pontes, 2015.

PASINATO, Wânia. Feminicídios e as mortes de mulheres no Brasil. Cadernos Pagu, Campinas, n. 37, p. 219-246, dez. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/s0104- 83332011000200008. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332011000200008. Acesso em: 30 maio 2020.

PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. 4. ed. Campinas, São Paulo: Pontes editores, 2006.

PÊCHEUX, Michel. Papel da memória. In: ACHARD, P. et. Al. Papel da memória. 4.ed. Campinas, São Paulo: Pontes, 2015.

PRADO, Débora. SANEMATSU, Marisa. Feminicídio: #invisibilidadeMata. Fundação Rosa Luxemburgo. São Paulo: Instituto Patrícia Galvão, 2017.

SEGATO, Rita. Contra-pedagogías de la crueldad. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Prometeo Libros, 2018.

TEDESCHI, Losandro. A. As mulheres e a história: uma introdução teórica metodológica. Dourados, Ms: Ed. UFGD, 2012.

VERGÈS, Françoise. Uma teoria feminista da violência. São Paulo: Ubu Editora, 2021.

Downloads

Publicado

2024-09-27

Como Citar

SAMPAIO, Ariane Silva da Costa; FARIAS, Washington Silva de. Entre o dito e o não dito: modos de significar as vítimas de feminicídio na página de Facebook do G1 : . Palimpsesto - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, Rio de Janeiro, v. 23, n. 46, p. 221–245, 2024. DOI: 10.12957/palimpsesto.2024.84715. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/palimpsesto/article/view/84715. Acesso em: 23 maio. 2025.