Mestiçagens do processo ibérico e brasileiro: Al-Andalus, (im)permeabilidade linguística como paradigma geopolítico e colonialidade
DOI:
https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.84069Palavras-chave:
permeabilidade linguística, Península Ibérica, geopolítica, lusofonia.Resumo
O presente artigo propõe repensar a categoria da linguagem perante seu papel na geopolítica da formação dos Estados-nações Brasil e Portugal. Para isso, dissertamos a respeito das categorias de contatos linguísticos propostas por Zinkhahn Rhobodes (2015) em contraste com a perspectiva de DeGraff (2005) sobre a não excepcionalidade do processo de crioulização. Adotamos o giro decolonial como metodologia e imperativo ético de fugir do eurocentrismo científico-cultural, de modo que buscamos redimensionar a importância africana no processo da língua brasileira “culta” e da língua portuguesa. Para tanto, a importância científico-cultural e o apagamento da ocupação muçulmana em Al-Andalus são tratados como paradigmas linguísticos.
Referências
AL-AMAR, Abdullah. La presencia de Al-Kitâb de Sibawâyh en al-Ándalus y su papel en la evolución del pensamiento lingüístico andalusí. Jordan Journal of Modern Languages and Literature, v. 9, n. 3, p. 215-232, 2017.
AMORIM FILHO, Pedro. Políticas polirrítmicas: o mundo é composto como música, mas não é uma sinfonia. In: BUZATO, M. E. K.; SEVERO, C. G. (Orgs.). São Paulo: Letraria, 2023. p. 96-114. Disponível em: https://www.letraria.net/wp-content/uploads/2023/07/Cosmopolitica-e-linguagem-Letraria.pdf. Acesso em: 13 jun. 2023.
ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricity. Trenton: Africa World Press, 1988.
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico. 56 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2016.
BAGNO, Marcos. O português não procede do latim. Uma proposta de classificação das línguas derivadas do galego. À busca do tesouro, n. 191, p. 34-49, 2011.
BAGNO, Marcos. Do galego ao brasileiro, passando pelo português: crioulização e ideologias linguísticas. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). O Português no Século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola, 2013, p. 319-338.
BAUMAN, Richard; BRIGGS, Charles L. Voices of Modernity: Language Ideologies and the Politics of Inequality. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2003.
BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
BEZERRA, Antônio Ponciano. A reconquista cristã da Península e a Constituição do reino português. In: A História da Língua Portuguesa. São Cristóvão: CESAD, 2011, p. 65-73.
CALVET, Jean-Louis. Linguistique et Colonialisme, petit traité de glottophagie. Paris: Payot, 1974.
DEGRAFF, Michel. Linguists’ Most Dangerous Myth: The Fallacy of the Creole Exceptionalism. Language in Society, v. 34, n. 4, p. 533-591, 2005.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. A Thousand Plateaus: Capitalism and Schizophrenia. Trad. B. Massumi. Minneapolis, MN: University of Minnesota Press, 1987.
ERRINGTON, Joseph. Colonial Linguistics. Annual Review of Anthropology, v. 30, p. 19-39, 2001.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Trad. R. Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.
GAIO, Mario Luis Monachesi. Etnicidade linguística em movimento: os processos de transculturalidade revelados nos brasileirítalos do eixo Rio de Janeiro-Juiz De Fora. 2017. 303 f. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) – Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, Estudos Aplicados da Linguagem, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/3678/2017-04-03%20tese%20mario%20gaio%20-%20versao%20final.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 13 jun. 2023.
GARDY; Phillipe; LAFONT, Robert. La diglossie comme conflit: l’exemple occitan. Languages, n. 61, p. 75-91, 1981.
GOGAZEH, Zyad Mohammad. Aspectos del pensamiento lingüístico árabe clásico según Ibn Djinnî. PhD diss., Sevilla, 2002.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural da Amefricanidade. 1988. In: Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. Coletânea organizada e editada pela UCPA – União dos Coletivos Pan-Africanistas. São Paulo: Diáspora Africana, 2018, p. 321-334.
GROSFOGUEL, Ramon. Racismo/sexismo epistémico, universidades occidentalizadas y los cuatro genocidios/epistemicidios del largo siglo XVI. Tábula Rasa. Bogotá – Colombia, n. 19, p. 31-58, jul.-dez., 2013. Disponível em: http://www.revistatabularasa.org/numero-19/02grosfoguel.pdf. Acesso em: 13 mar. 2016.
HAUCK, Jan David. A linguagem de outro jeito: as naturezas linguísticas e o desafio ontológico. In: BUZATO, M. E. K.; SEVERO, C. G. (Org.). Cosmopolítica e Linguagem. São Paulo: Letraria, 2023, p. 41-76. Disponível em: https://www.letraria.net/wp-content/uploads/2023/07/Cosmopolitica-e-linguagem-Letraria.pdf. Acesso em: 13 jun. 2023.
hooks, bell. Linguagem: ensinar novas paisagens/novas linguagens. Revista Estudos Feministas, v. 16, n. 3, p. 857-864, 2007.
KANDJIMBO, Luís. Das rivalidades linguísticas à geopolítica crítica. Jornal de Angola, Luanda, 10 de julho de 2022. Opinião. Disponível em: https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/das-rivalidades-linguisticas-a-geopolitica-critica/. Acesso em: 25 jan. 2024.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SEVERO, Cristine; BUZATO, Marcelo El Khouri. In: BUZATO, M. E. K.; SEVERO, C. G. (Org.). Cosmopolítica e Linguagem. São Paulo: Letraria, 2023, p. 129-142. Disponível em: https://www.letraria.net/wp-content/uploads/2023/07/Cosmopolitica-e-linguagem-Letraria.pdf. Acesso em: 13 jun. 2023.
LUCCHESI, Dante. As duas grandes vertentes da história sociolinguística do Brasil (1500-2000). Delta, São Paulo, v. 17, p. 97-130, 2001.
MAKONI, Sinfree. From Misinvention to Desinvention of Language: Multilingualism and the South African Constitution. Black Linguistics: Language, Society and Politics in Africa and the Americas. Org. MAKONI, Sinfree. et al. New York: Routledge, p. 132-151, 2003.
MAKONI, Sinfree; PENNYCOOK, Alastair. Disinventing and Reconstituting Languages. In: MAKONI, Sinfree; PENNYCOOK, Alastair. (Org.). Disinventing and Reconstituting Languages. Clevedon, UK: Multilingual Matters, p. 1-41, 2007.
MIGNOLO, Walter. Histórias locais/Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento limiar. Trad. S. R. Oliveira. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2003.
MOITA LOPES, Luiz Paulo. Como e por que teorizar o português: recurso comunicativo em sociedades porosas e em tempos e em tempos híbridos de globalização cultural. In: O Português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editora, 2013.
MÜHLHÄUSLER, Peter. Language Planning and Language Ecology. Current Issues in Language Planning, v. 1, n. 3, p. 306-367, 2000.
OLIVEIRA, Eduardo David. Epistemologia da ancestralidade. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação RESAFE, n. 17, 2011. Disponível em: https://filosofiaafricana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/eduardo_oliveira__epistemologia_da_ancestralidade.pdf. Acesso em: 16 maio 2018.
PRATT, Mary Louise. Linguistic Utopias. In: FANN, N.; ATTRIDGE, D.; DURANTI, A.; MCCABE, C. (Org.). The Linguistics of Writing. Manchester: Manchester University Press, 1987.
PINTO, Joana Plaza. Prefiguração identitária e hierarquias linguísticas na invenção do português. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). O Português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editora, 2013, p. 120-143.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org.). Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005, p. 227-278.
SEROUR, Salah. Lingüística y literatura árabe. Actas de las I Jornadas de lingüística y literatura árabes, 29-30 noviembre, en Vitoria, España, 2000.
SHAFIK, Minouche. Cuidar uns dos outros: um novo contrato social. São Paulo: Intrínseca, 2021.
SHOHAEDDIN, Shojaeddin. De Persia a la España Musulmana: la historia recuperada. Huelva: Universidad de Huelva, 2001.
SUISSE, Abdelilah. Aspetos importantes do legado árabe na língua portuguesa. Língua-lugar: Literatura, História, Estudos Culturais, n. 2, p. 42-59, 2020.
XAKRIABÁ, Célia Nunes Corrêa. O barro, o genipapo e o giz no fazer epistemológico de autoria Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. 2018. 218 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais) – Universidade de Brasília, 2018.
ZINKHAN-RHOBODES, Dagna. Polonês e alemão em contato. Uma abordagem da aplicação do concepto de limite na análise linguística. Cadernos de Letras da UFF, n. 53, 2015.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista Palimpsesto publica artigos e resenhas inéditos, referentes as áreas de Letras e Linguística. Publica volumes mistos e/ou temáticos, com artigos e resenhas em português, inglês, espanhol e francês.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Palimpsesto utiliza uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.