É bicho ou é gente? O uso da zoonímia nos nomes atribuídos à prostituta pelos sulistas segundo o Atlas Linguístico do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.12957/matraga.2024.79849Palavras-chave:
Região Sul, Projeto ALiB, prostituta, zoonomiaResumo
Mesmo que popularmente conhecida como a profissão mais antiga do mundo, a prostituição é, ainda nos dias de hoje, um assunto tabu e carregado de preconceito. Essa realidade se reflete também no léxico, uma vez que Sapir (1969) afirmava que o léxico reflete o ambiente físico e social dos falantes. Nesse sentido, este artigo apresenta resultados do Plano de Trabalho de Iniciação Científica (PIBIC) que analisou, sob os pontos de vista diatópico e léxico-semântico, dados geolinguísticos do Atlas Linguístico do Brasil, estudando respostas para a pergunta 142 do Questionário Semântico Lexical, área semântica Convívio e comportamento social, que investiga “como se chama a mulher que se vende para qualquer homem” (COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALIB, 2001, p. 32), documentadas na Região Sul do Brasil. Nesse universo, destacaram-se lexias que tinham relação com designativos de animais (8 em um total de 51), de maneira que o trabalho se ocupou, para além dos estudos em Dialetologia e Geolinguística (CARDOSO, 2010), também do construto teórico da Zoonímia de Alinei (1997), buscando compreender a polissemia dos nomes nos falares da população sulista do Brasil, representada pelas lexias: galinha, piranha, cadela, mariposa, vaca, cachorra, jaguara e perua. As análises confirmaram a relação intrínseca entre língua e sociedade, ao desvelarem tabus a partir dos zoônimos utilizados para nomear a prostituta, ratificando a importância dos estudos geolinguísticos para o conhecimento da norma lexical em uso por uma comunidade e mostrando, enfim, que estudar variação linguística é entrar em um mundo pluridimensional, social e constantemente em movimento.
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