Espaço discursivo e proximização no discurso neoconservador brasileiro: articulando a linguística cognitiva aos estudos críticos do discurso

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir como o estudo do posicionamento, da distância e da movimentação espacial, temporal, epistêmica e axiológica no espaço discursivo pode ser produtivo para a análise cognitivo-discursiva do processo de legitimação e de mobilização de ações sociais. Para isso, discutimos inicialmente as bases teóricas da abordagem linguístico-cognitiva dos estudos críticos do discurso (GONÇALVES-SEGUNDO, 2014; 2017; HART, 2014), o conceito de espaço discursivo (CHILTON, 2004) e seus desdobramentos na Teoria da Proximização (CAP, 2013; HART, 2014). Posteriormente, aplicamos as ferramentas desse construto teóricometodológico para analisarmos três instâncias do discurso neoconservador brasileiro contemporâneo, com especial destaque a uma forma particular de construção de anticomunismo: a representação do avanço da agenda, das ideias e das políticas de esquerda como uma forma de legitimação de um discurso de intervenção que envolve a mobilização das forças armadas pelo clamor popular. Depreendemos que tal esforço de legitimação envolvia, em primeiro plano, proximização temporal e axiológica e, em segundo plano, proximização espacial e epistêmica.