O corpo indígena e o maquínico como atração popular

"Chefe Botocudo, mulher e criança" nos palcos britânicos, 1821-1823

Autores

  • Marina Cavalcante Vieira

Resumo

Nos anos de 1821, 1822 e 1823 foram expostos três indígenas brasileiros nas principais cidades da Grã-Bretanha e Irlanda. O show intitulado Chefe Botocudo, Mulher e Criança expunha um casal de indígenas brasileiros da etnia Botocudo e uma criança da etnia Puris, de cerca de dois anos de idade. O espetáculo atraiu grande público em um palco onde os “exóticos e selvagens Botocudos” foram apresentados ao lado de “pássaros raros” e uma máquina. A presente análise reconstitui as apresentações dos Botocudos através de jornais da época, bem como problematiza a justaposição entre corpo indígena e a máquina, abrindo campo para pensar a presença/ausência do aparato maquínico na fotografia e cinema etnográficos. Ao final faz-se um pequeno adendo sobre um outro caso de exibição de Botocudos em que os indígenas foram expostos a uma máquina, a Exposição Antropológica Brasileira do Museu Nacional de 1882. Esta análise faz parte de pesquisa mais ampla sobre a exposição de indígenas brasileiros em zoológicos humanos e suas relações com o cinema e a fotografia. Os zoológicos humanos eram formas de entretenimento de massa populares ao longo do século XIX, que tinham como atração a reencenação de modos de vida de povos tidos como exóticos. As trupes de povos não-ocidentais que performavam nestes shows circulavam entre diversas cidades e espaços, apresentando-se em circos, teatros, feiras e zoológicos.

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Publicado

2023-09-26

Como Citar

Cavalcante Vieira, M. (2023). O corpo indígena e o maquínico como atração popular: "Chefe Botocudo, mulher e criança" nos palcos britânicos, 1821-1823. Revista Intratextos, 12(1), 63–86. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/intratextos/article/view/79197