Revisitando Canudos:

Memória e testemunho no processo de (re)integração da cidade

Autores

  • Daniela Bomfim Pina Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Memória, Trauma, Testemunho

Resumo

Ainda hoje, Canudos é lembrada como palco de um dos maiores massacres ocorridos no Brasil. A guerra ocorrida no sertão da Bahia, ao final do século XIX, se tornou uma das mais recorrentes memórias propagadas em relação à cidade. Na literatura, Euclides da Cunha narra a campanha orquestrada pelo governo republicano com o objetivo de findar a comunidade liderada por Antônio Maciel, o Conselheiro. O olhar apresentado por Cunha demonstra uma posição de testemunho, porém em caráter externo, em razão de sua função na guerra, enquanto correspondente a serviço do governo federal. Desse modo, este trabalho tem como foco revisitar algumas memórias construídas em torno de Canudos, enquanto espaço geográfico, tendo como base o conceito de trauma. Consequentemente, pretende-se compreender a contestação por parte da população local atual sobre as narrativas anteriores, como a encontrada em “Os Sertões”. Enseja-se ainda relacionar o processo de reintegração da região a partir da discussão de Henri Lefebvre sobre Direito à Cidade.

Biografia do Autor

Daniela Bomfim Pina, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestranda em Ciências Sociais (PPCIS/UERJ). Socióloga e licencianda em Ciências Sociais (ICS/UERJ). Atua como Agente educadora na rede municipal de educação do Rio de Janeiro (SME/RJ). Email: danielabp97@gmail.com

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Publicado

2023-12-31

Como Citar

Pina, D. B. (2023). Revisitando Canudos: : Memória e testemunho no processo de (re)integração da cidade. Revista Intratextos, 14(1), 69–89. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/intratextos/article/view/72510