Ângelo Cretã e Jair de Oliveira: dois vereadores indígenas, a tutela do Estado e a emancipação

Autores

  • João Gabriel da Silva Ascenso Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp-UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2022.68010

Palavras-chave:

mobilização indígena, ditadura militar, tutela de Estado, vereadores indígenas

Resumo

Na década de 1970, em plena ditadura militar, o Brasil vivia um crescimento da mobilização indígena, que se integrava em nível nacional, bem como um aumento da repercussão dessas articulações na imprensa e na opinião pública. Ao mesmo tempo, as políticas oficiais referendavam concepções que atrelavam os indígenas a um estado de infância, que implicariam em uma tutela do Estado sobre esses povos. Entretanto, previa-se a possibilidade de término dessa tutela, com o recurso da emancipação: uma ferramenta legal controversa que pretendia que um indígena ou uma comunidade não fossem mais considerados indígenas. O presente artigo analisa essa problemática a partir da discussão da trajetória de dois indígenas que se elegeram vereadores nesse contexto: o Kaingang Ângelo Cretã, do Paraná, e o Terena Jair de Oliveira, de Mato Grosso.

Biografia do Autor

João Gabriel da Silva Ascenso, Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp-UFRJ)

Professor do quadro efetivo do Setor Curricular de História do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp-UFRJ). Doutor em História pelo Programa de Pós-graduação em História Social da Cultura da PUC-Rio, tendo sido pesquisador visitante no Departamento de História da New York University. Mestre em História pelo Programa de Pós-graduação em História Social da UFRJ e especialista em "Editoração - o mercado do livro" pela Universidade Cândido Mendes (UCAM/IUPERJ). Graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tem interesse na área de História Indígena, História da América Latina e Ensino de História, com especial atenção às articulações entre as cosmovisões ameríndias e os movimentos indígenas do continente.

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Publicado

2022-08-31