Currículos de licenciatura em História de duas universidades públicas brasileiras e a lei 10.639/2003: silêncios, disputas e resistência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2021.54932

Palavras-chave:

História, África, Relações Ético-Raciais, Educação

Resumo

Este artigo propõem uma análise sociopolítica das disputas, resistências e silenciamentos no que tange a implementação da Lei 10.639/2003 e suas diretrizes nos currículos dos cursos de licenciatura em história na Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. Partimos das contribuições da teoria crítica de raça e racismo e da análise de discurso para compreender de que forma as matrizes curriculares das licenciaturas em história refletem a discussão sobre a incorporação da valorização da história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos. A análise aponta que a implementação da Lei tem deixado evidente que os currículos são espaços em disputas, tensionamentos e silenciamentos em relação às narrativas da população negra brasileira e africana.

Biografia do Autor

Marcos Antonio Batista Silva, Centro de Estudos Sociais,Univ Coimbra

Doutor em Psicologia Social pela Pontífica Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pós-doutorado no Centro de Estudos Sociais, Univ Coimbra.(Projeto 725402 - POLITICS - ERC-2016-COG)

Danielle Pereira de Araújo, Centro de Estudos Sociais, Univ Coimbra

Doutora em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas São Paulo/ Brasil. É investigadora em pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais, Univ Coimbra (Projeto 725402 - POLITICS - ERC-2016-COG). 

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Publicado

2021-12-22