A narrativa como ferramenta na educação médica

Eloisa Grossman, Maria Helena C. A. Cardoso

Resumo


O objetivo do artigo é discutir o papel da narrativa como uma ferramenta na educação médica. As autoras argumentam que o método utilizado pelos médicos para cuidar de seus pacientes tem raízes muito antigas. Os caçadores foram os primeiros a recorrer à narrativa para difundir o conhecimento adquirido a partir da interpretação de pistas e vestígios deixados pelos animais. Desenvolveram, assim, um modelo de conhecimento indireto, indiciário e conjetural, que garantia a sobrevivência. Esse método é, também, o fundamento da semiologia e da difusão do saber médico. Em seguida, discorrem sobre as diferentes modalidades narrativas empregadas na prática e no ensino da medicina e elencam suas principais características. A classificação proposta inclui: casos construídos com propósito educativo (método PBL), narrativas de pacientes sobre suas doenças, narrativas apresentadas em materiais informativos (cartilhas, folhetos, cartazes, websites e blogs), anamneses sistematizadas em prontuários e relatos de caso apresentados em sessões clínicas e em revistas científicas. Concluem afirmando que médicos escutam e escrevem, fazem leituras de sinais e de métodos complementares em seu cotidiano de trabalho. Habitam o universo da palavra oral, da palavra escrita e das imagens. A legitimação da importância da competência narrativa na formação dos estudantes de medicina parece ser um caminho profícuo para aproximá-los do mundo dos pacientes e ajudá-los a entender o que a doença representa para cada indivíduo em particular.


Descritores: Medicina narrativa; Educação médica.

 

Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2014;13(4):32-38

doi: 10.12957/rhupe.2014.13945


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DOI: https://doi.org/10.12957/rhupe.2014.13945