Identidade dos trabalhadores na confluência entre o global e o local: o caso da região do Complexo do Alemão

Resumo

Entendemos que a conformação do fenômeno das metrópoles e megalópoles é a expressão contraditória do avanço do capitalismo de marca industrial. No final do século XX assistimos a novas ordenações na esfera do capitalismo considerando a incorporação de novas tecnologias e a globalização da economia. Permanecem, todavia, as marcas do abismo sócio-econômico que separam pobres e ricos no tecido urbano das metrópoles brasileiras. As áreas favelizadas da cidade do Rio de Janeiro nos informam sobre tal fenômeno. Diante disto, cabe colocar em relevo as formas de inserção no mundo do trabalho e da sobrevivência das populações dessas áreas. O texto informa sobre a realização de uma investigação sobre as transformações na esfera do trabalho e da produção ocorridas no subúrbio da Cidade do Rio de Janeiro, em especial os bairros no entorno do Complexo do Alemão – local de moradia de cerca de meio milhão de habitantes. Queremos discutir o desenvolvimento e transformações da cidade em efervescente pólo industrial ao longo do século XX e a contribuição do mundo do trabalho para a construção identitária tanto de indivíduos como de instituições. Neste sentido, uma questão central emerge aí, a saber: as transformações na estrutura produtiva da região do Complexo do Alemão nos permitiriam falar de um novo ethos do trabalho, conformação de novas identidades e organização dos trabalhadores?