ESPAÇOS DE RISCO: UM OLHAR SOBRE A VULNERABILIDADE SOCIOESPACIAL

Autores

  • Heitor Soares Farias Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ https://orcid.org/0000-0003-3585-5028
  • Fernanda Karla Bezerra da Silva Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ

Palavras-chave:

Borda metropolitana. Franja rural-urbana. Zoonoses. Leishmaniose Tegumentar Americana. Seropédica

Resumo

A expansão da ocupação humana representa também a expansão dos riscos que podem ser naturais (fenômenos da natureza), tecnológicos (indústrias) e sociais (diferença de classes). Na verdade, todo risco é social já que necessita da presença de pelo menos um indivíduo da espécie humana para que ele exista, do contrário, mesmo os fenômenos da natureza seriam apenas acontecimentos naturais do processo de evolução geológica do planeta Terra. A partir dessa compreensão, entende-se que o risco não é o mesmo para toda a população, devendo ser considerada a condição de vida e saúde dos indivíduos, que podem ser mais ou menos vulneráveis a determinado risco. A vulnerabilidade do indivíduo pode ser percebida no processo de produção do espaço geográfico, que reflete a desigualdade social, e por isso a vulnerabilidade é também espacial, capaz de produzir Espaços de Risco de diferentes naturezas, inclusive os riscos biológicos, muitas vezes negligenciados por acometerem justamente a população mais empobrecida. Diante disso buscou-se dados do DATASUS para identificar as áreas com maior taxa de prevalência da Leishmaniose Tegumentar Americana na região metropolitana do Rio de Janeiro, identificando que os municípios de borda apresentaram maiores taxas de prevalência no período 2001 a 2019. Em seguida realizou-se um trabalho de campo no município de Seropédica, nas áreas onde são encontrados casos da doença para identificar características socioespaciais marcantes da vulnerabilidade socioespaciais, muito presentes nas bordas da metrópole.

Biografia do Autor

Heitor Soares Farias, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ

Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004), Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007) e Doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (2012). Atuei como Tutor a Distância em Cursos de EAD e revisor de material didático impresso para cursos de EAD, ambos do CEDERJ. Desde 2014 sou professor Adjunto do Departamento de Geografia (DGG) e, a partir de 2015, do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGGEO) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Tenho experiência na área de Geografia, com ênfase em Planejamento Ambiental-Urbano, Análise de Riscos, Eventos Climaticos Extremos, Geografia da Saúde e Climatologia Geográfica, atuando principalmente nos seguintes temas: clima urbano, ilha de calor, inundações e poluição do ar, utilizando modelagem atmosférica no Rio de Janeiro.

Fernanda Karla Bezerra da Silva, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ

Pós graduação em Saúde Coletiva pelo IBPEX e e graduação em CURSO DE SERVICO SOCIAL pela UFPE (1994). Servidora Pública Federal pela UFRRJ. Tem experiência na área de saúde, educação e movimento popular, com ênfase em Saúde Coletiva e Participação Cidadã, atuando principalmente no seguinte tema: assédio moral e saúde do trabalhador.

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Publicado

2021-01-28

Como Citar

Farias, H. S., & da Silva, F. K. B. (2021). ESPAÇOS DE RISCO: UM OLHAR SOBRE A VULNERABILIDADE SOCIOESPACIAL. Humboldt - Revista De Geografia Física E Meio Ambiente, 1(2). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/humboldt/article/view/57379

Edição

Seção

Dossiê de Lançamento: Epistemologia da Geografia Física Brasileira