ESPAÇOS DE RISCO: UM OLHAR SOBRE A VULNERABILIDADE SOCIOESPACIAL
Palavras-chave:
Borda metropolitana. Franja rural-urbana. Zoonoses. Leishmaniose Tegumentar Americana. SeropédicaResumo
A expansão da ocupação humana representa também a expansão dos riscos que podem ser naturais (fenômenos da natureza), tecnológicos (indústrias) e sociais (diferença de classes). Na verdade, todo risco é social já que necessita da presença de pelo menos um indivíduo da espécie humana para que ele exista, do contrário, mesmo os fenômenos da natureza seriam apenas acontecimentos naturais do processo de evolução geológica do planeta Terra. A partir dessa compreensão, entende-se que o risco não é o mesmo para toda a população, devendo ser considerada a condição de vida e saúde dos indivíduos, que podem ser mais ou menos vulneráveis a determinado risco. A vulnerabilidade do indivíduo pode ser percebida no processo de produção do espaço geográfico, que reflete a desigualdade social, e por isso a vulnerabilidade é também espacial, capaz de produzir Espaços de Risco de diferentes naturezas, inclusive os riscos biológicos, muitas vezes negligenciados por acometerem justamente a população mais empobrecida. Diante disso buscou-se dados do DATASUS para identificar as áreas com maior taxa de prevalência da Leishmaniose Tegumentar Americana na região metropolitana do Rio de Janeiro, identificando que os municípios de borda apresentaram maiores taxas de prevalência no período 2001 a 2019. Em seguida realizou-se um trabalho de campo no município de Seropédica, nas áreas onde são encontrados casos da doença para identificar características socioespaciais marcantes da vulnerabilidade socioespaciais, muito presentes nas bordas da metrópole.
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