REVISITANDO AS SUPERFÍCIES DE APLAINAMENTO: NOVOS ENFOQUES E IMPLICAÇÕES PARA A GEOMORFOLOGIA GEOGRÁFICA

Autores

Palavras-chave:

Geodinâmica. Megageomorfologia. Paradigmas Geomorfológicos. TFA – Traços de Fissão de Apatita. Cronologia da Denudação.

Resumo

Superfícies topográficas de morfologia plana e com topos a altitudes concordantes constituem uma fisionomia conspícua do relevo continental das margens passivas. O desenvolvimento dessas formas através do tempo, como produto da denudação, tem sido um objeto de indagação de destaque para ciência geomorfológica, seja para reafirmar a base conceitual dos sistemas teórico-dedutivos que fundamentaram a disciplina desde o seu nascedouro, ou para abrir espaço à aplicação e testagem de novos métodos que confiram um lastro empírico mais robusto à interpretação dos problemas de geomorfologia histórico-evolutiva. Ao longo das últimas décadas, o surgimento de um arcabouço metodológico em bases experimentais e intermediado pela instrumentação sofisticada tem aberto novas frentes de investigação sobre a origem das superfícies aplainadas, redefinindo de forma decisiva a maneira como as mesmas podem ser utilizadas como instrumento para interpretação da evolução do modelado. Este trabalho busca apresentar enfoques que apontem para caminhos e linhas de investigação em bases contemporâneas, trazendo exemplos de aplicações à Província Borborema, Nordeste do Brasil, para a origem do relevo em contextos plataformais. Por fim, sugere-se que o estudo das superfícies geomórficas necessita ser revisto de modo que essas formas sejam compreendidas, para além da erosão, como produtos da expressão mais externa da crosta, em constante transformação e altamente dependentes dos contextos geodinâmicos regionais.

Biografia do Autor

Antonio Carlos de Barros Correa, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Possui graduação em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1994), fez intercâmbio de graduação na Radford University, Virginia, EUA, mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1997), doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho com estágio sanduiche na Universidade de Durham, Reino Unido (2001) e pós-doutorado em geomorfologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003) . Atualmente é docente e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, membro permanente dos programas de pós-graduação em geografia e arqueologia, Vice-presidente da UGB (União da Geomorfologia Brasileira) de 2008 a 2010, Membro do Conselho da UGB desde 2010, Lider do Grupo de Estudos do Quaternário do Nordeste Brasileiro (GEQUA) e do Laboratório de Geomorfologia do Quaternário da UFPE e Vice-Coordenador do Programa de Pós-graduação em Arqueologia da UFPE de 2014 a 2018. Coordenador Adjunto da Área de Geografia da CAPES desde 2018. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geomorfologia, atuando principalmente nos seguintes temas: geomorfologia do quaternário, geomorfologia do semi-árido do Nordeste do Brasil, geomorfologia histórica e estrutural, aplicação de índices morfométricos na análise geomorfológica e análise geossistêmica.

Kleython de Araújo Monteiro, Universidade Federal de Alagoas (UFAL),

Possui graduação em Bacharelado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (2007), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (2010) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (2015). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas e Líder do Núcleo de Estudos do Quaternário do Nordeste do Brasil (NEQuat/UFAL), sendo também integrante do Grupo de Estudos do Quaternário do Nordeste do Brasil (GEQUA/UFPE), atuando principalmente nos seguintes temas: Geomorfologia Estrutural, Megageomorfologia, Morfometria, Morfogênese e Geografia Física Aplicada.

Referências

ALMEIDA, F.F.M. Fundamentos geológicos do relevo paulista. Instituto Geográfico e Geológico do Estado de São Paulo, Boletim 41, 1964. p. 167–263.

BAKER, V. R.; TWIDALE, C. R. The reenchantment of geomorphology. Geomorphology, 4(2), 1991. p. 73-100. https://doi.org/10.1016/0169-555X(91)90021-2

BEAUVAIS, A. et al. Analysis of poorly stratified laterite terrains overlying granitic bedrock in West Africa, using 2- D electrical resistivity tomography. Earth and Planetary Science Letters, v. 173, 1999. p. 413 – 424.

BIERMAN, P. R.; CAFFEE, M. Cosmogenic exposure and erosion history of Australian bedrock landforms. GSA Bulletin, 2002.

BLENKINSOP, THOMAS G.; MOORE, A. Tectonic geomorphology of passive margins and continental hinterlands. In: Shroder, John F. ed. Treatise on Geomorphology, Vol. 5. London: Academic Press, 2013. p. 71-92. https://doi.org10.1016/B978-0-12-374739-6.00083-X.

BRAUCHER, R.; BOURLÈS, D.L.; COLIN, F.; BROWN, E.T.; BOULANGÉ, B. Brazilian laterite dynamics using in situ produced 10Be. Earth and Planetary Science Letters, v. 163, 1998. p. 197 –205.

BROWN, R. W.; GALLAGHER, K.; GLEADOW, A. J. W.; SUMMERFIELD, M. Morphotectonic evolution of the South Atlantic margins of Africa and South America. In SUMMERFIELD, M. A. Geomorphology and Global Tectonics. 2000. p. 255-281, Wiley.

BÜDEL, J. Climatic Geomorphology. Princeton: Princeton University Press, 1982.

CASTRO, C. Morfogênese X Sedimentação: evolução do relevo do Nordeste e seus depósitos correlativos. Recife, 1977. 48p. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Pernambuco.

CLARKE, J. I. Morphometry from maps. In: DURY, G. H. Essays in Geomrphology. 1966. p. 235 – 274, Heinemann.

CORRÊA, A. C. B.; TAVARES, B. A. C.; MONTEIRO, K. A.; CAVALCANTI, L. C. S.; LIRA, D. R. Megamorfologia e Morfoestrutura do Planalto de Borborema. Revista do Instituto Geológico, 2010. p. 35-52.

CZAJKA, W. Estudos geomorfológicos no nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Geografia, v. 20, 1959. p.135-180.

DAVIS, W. M. Peneplains of Central France and Britany. Bulletin of the Geological Society of America. v. 12, 1901. p. 481-483.

DEFFONTAINES, B. Mouvements recents du Graben Rhenan et de ses abords. Etude comparee de methodes Morpho-Neotectoniquues, Bureau de Reserches Geologiques Et Minieres-Service Geologiques National,1987.

GILBERT, K.G. Report on the geology of the Henry Mountains (Utah). U.S.Geogr. Geol. Survey Rocky Mtn. Region (Powell). 1877. p, 18-98.

GREGORY, K. J. The earth's land surface: Landforms and processes in geomorphology, 2010. SAGE Publications Ltd, https://www.doi.org/10.4135/9781446251621.

HACK, J. T. Interpretation of erosional topography in humid temperate regions. American Journal of Science. v. 258, 1960. p. 80 – 97.

HEIKKINEN, O. A trend surface analysis of relief in Sipoo, southern Finland. Fennia, v. 141, 1975. p. 1 – 47.

HELGREN, D. M. Rivers of diamonds: an alluvial history of the Lower Vaal Basin. University of Chicago, Department of Geography, Research Paper, 1979. p.185.

JOHANSSON, M. Analysis of digital elevation data for palaeosurfaces in south-western Sweden. Geomorphology, v. 26, 1999. p. 279 – 295.

KING, L. C. A geomorfologia do Brasil Oriental. Revista Brasileira de Geografia. 18:2, 1956. p. 147-265.

KING, L. C. The Morphology of the Earth. Edinburgh: Ollier & Boyd, 1962.

KING, L. J. Statistical Analysis in Geography. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1969.

LUZ, R. M. N.; JULIÀ, J.; DO NASCIMENTO, A. F. Crustal structure of the eastern Borborema Province, NE Brazil, from the joint inversion of receiver functions and surface wave dispersion: Implications for plateau uplift, J. Geophys. Res. Solid Earth, 120, 2015. p. 3848–3869. https://doi.org:10.1002/2015JB011872.

MABESOONE, J. M. Ciclicidade e relevo. Revista Brasileira de Geomorfologia. V. 1, 2000. p. 68 – 72.

MABESOONE, J. M.; CASTRO, C. Desenvolvimento Geomorfológico do nordeste brasileiro. B. Soc. Geol. Núcleo Nordeste, v.3, 1975. p.5-36.

MARQUES, F.O., NOGUEIRA, F.C.C., BEZERRA, F.H.R., DE CASTRO, D.L. The Araripe Basin in NE Brazil: an intracontinental graben inverted to a high-standing horst. Tectonophysics 630, 2014. p. 251–264. https://doi.org/10.1016/j.tecto.2014.05.029.

MCKNIGHT, T. L.; HESS, D. Physical Geography: a landscape appreciation. Upper Saddle River: Prentice Hall, 2002.

NEUMANN, V. H.; MABESOONE, J. M. Relief correlated sediments on land and under the sea. In: 4th International Sedimentological Congress, Recife, Brazil. Abstracts, 1994. p. 59 – 60.

OLIVEIRA, R. G.; MEDEIROS, W. E. Evidences of buried loads in the base of the crust of Borborema Plateau (NE Brazil) from Bouguer admittance estimates. Journal of South American Earth Sciences, 2012. p. 60-76.

OLDROYD, D. R. Geomorphology in the First Half of the Twentieth Century, Editor(s): John F. Shroder, Treatise on Geomorphology, Academic Press, 2013. p. 64-85. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-374739-6.00005-1.

ORME, A. R. Denudation, Planation, and Cyclicity: Myths, Models, and Reality, Editor(s): John F. Shroder, Treatise on Geomorphology, Academic Press, 2013. p. 205-232. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-374739-6.00012-9.

PANNEKOEKE, A. J. Generalized contour maps, summit level maps and streamline surface maps as geomorphological tools. Zeitschrift für Geomorfologie, v. 11, 1967. p. 169 – 182.

QUEIROZ NETO, J. P. Geomorfologia e Pedologia. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 1, 2000. p. 59-67.

SHALER, N. S. Spacing of Rivers with reference to hypothesis of baseleveling. Bulletin of the Geological Society of America, v. 10, 1899. p. 262-276.

SUMMERFIELD, M. A. Geomorphology and Global Tectonics, London: Wiley, 2000, 281 p.

SVENSSON, H. Method for exact characterizing of denudation surfaces, especially peneplains, as to the position in space. Lund Stud. Geog. Ser. V. 8, 1956. p. 1 – 5.

TARR, R.S. The peneplain. American Geologist 21, 1898, p. 351–370.

TWIDALE, C. R. Derivation and Innovation in Improper Geology, aka Geomorphology. In: The Scientific Nature of Geomorphology: Proceedings of the 27th Binghamton Symposium in Geomorphology held 27-29 September 1996. Edited by Bruce L. Rhoads and Colin E. Thorn. 1996, John Wiley & Sons Ltd.

Downloads

Publicado

2021-01-28

Como Citar

Correa, A. C. de B., & Monteiro, K. de A. (2021). REVISITANDO AS SUPERFÍCIES DE APLAINAMENTO: NOVOS ENFOQUES E IMPLICAÇÕES PARA A GEOMORFOLOGIA GEOGRÁFICA. Humboldt - Revista De Geografia Física E Meio Ambiente, 1(2). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/humboldt/article/view/57370

Edição

Seção

Dossiê de Lançamento: Epistemologia da Geografia Física Brasileira