GEODIVERSIDADE NA SERRA DOS ÓRGÃOS (RJ): um percurso histórico

Autores

Palavras-chave:

Geodiversidade, Geoconservação, Montanhismo, Serra dos Órgãos.

Resumo

Nas últimas décadas, ligado notadamente a uma crescente perspectiva de conservação da diversidade natural, cada vez mais emerge uma aproximação entre geoconservação e gestão ambiental, especialmente em unidades de conservação. Partindo da premissa de que a geodiversidade possui importantes valores de conservação próprios, o aspecto histórico certamente se mostra como mais um fator de motivação para sua conservação. Inserido nessa perspectiva, o presente estudo tem por objetivo apresentar a importância histórica da geodiversidade para as atividades realizadas na Serra dos Órgãos, região serrana do estado do Rio de Janeiro. A partir da proposição de três períodos a contar do século XIX, busca-se abordar como tais atividades hoje se sobrepõem e evidenciam a complexidade nos diferentes tipos de usos e conflitos existentes na gestão desse território. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre os aspectos históricos do montanhismo e conservação da natureza na Serra dos Órgãos, com base em trabalhos de campo, bem como participação e acompanhamento de atividades articuladas por diferentes centros excursionistas e pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Dessa forma, a partir de uma perspectiva histórica e cultural, uma visão integrada da natureza pode se apresentar, fundamentada, sobretudo, no ato de proteger e de conservar um valor, que ressalta um percurso histórico existente na Serra dos Órgãos a partir de sua geodiversidade.

Biografia do Autor

Fernando Amaro Pessoa, CEFET/RJ - campus Petrópolis

Professor e pesquisador do CEFET/RJ campus Petrópolis. Possui Graduação (Licenciatura e Bacharelado) em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em Geografia, na área de concentração Planejamento e Gestão Ambiental, pela mesma instituição. Atua no tema Geodiversidade e Serviços Ecossistêmicos em trilhas e áreas protegidas, coordenando projetos de extensão relacionados à divulgação das geociências e elaboração de roteiros turísticos e didáticos a partir da interpretação ambiental. Também possui experiência na utilização das formas de húmus e ciclagem de nutrientes como indicador funcional de fragmentos florestais da Mata Atlântica. 

Kátia Leite Mansur, Instituto de Geociências / Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981) e doutorado pela mesma universidade (2010). Desde maio de 2011 é Professor Adjunto do Instituto de Geociências / Departamento de Geologia da UFRJ, ministrando as disciplinas de Geologia Geral para o Bacharelado de Ciências Matemáticas e da Terra - BCMT e Geoconservação para o Curso de Geologia e BCMT. Faz parte do corpo docente do PPGL - Programa de Pós-Graduação em Geologia do Departamento de Geologia - UFRJ e do PPGEO - Programa de Pós-Graduação em Geociências: Patrimônio Geopaleontológico da UFRJ/Museu Nacional. Tem experiência na área de Geologia Ambiental, Hidrogeologia, Geoconservação e Popularização da Ciência. Por 29 anos atuou no Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro - DRM-RJ, onde coordenou o Projeto Caminhos Geológicos desde sua inauguração em 2001 até 2011. Faz parte da coordenação do Projeto Caminhos de Darwin e do grupo de gestão da proposta do Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro. Atualmente é Diretora do Museu da Geodiversidade. Em 2014 recebeu o Prêmio Monteiro Lobato da Sociedade Brasileira de Geologia pelo seu trabalho pela Popularização da Geologia.

Maria Naíse de Oliveira Peixoto, Instituto de Geociências / Universidade Federal do Rio de Janeiro

Graduada em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ (1988), possui Mestrado (1993) e Doutorado (2002) na área de Planejamento e Gestão Ambiental do Programa de Pós-graduação em Geografia desta universidade. É professora da UFRJ desde 1997, vinculada ao Núcleo de Estudos do Quaternário & Tecnógeno do Departamento de Geografia / Instituto de Geociências, ministrando regularmente disciplinas nos cursos de graduação (bacharelado e licenciatura) e pós-graduação em Geografia da UFRJ e no curso de Especialização em Ensino de Geografia da Faculdade de Educação da UFRJ. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geomorfologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Geomorfologia do Quaternário, Análise de Bacias de Drenagem, Evolução de Encostas e Cabeceiras de Drenagem, Processos Erosivos e Mapeamento Geomorfológico e, na área de Meio Ambiente, em projetos de Geomorfologia Aplicada, Gestão de Águas e Educação Ambiental. 

Adriel Filipe Soares Brito, Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Atualmente é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geociências do Museu Nacional/UFRJ e também pós-graduando em Forensic Science no Centro Universitário Uninorte/BluEAD, onde junto a órgãos técnico-científicos, busca fomentar as Geociências Forenses no âmbito acadêmico e profissional brasileiro. Foi estagiário do Grupo de Apoio Técnico Especializado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GATE/MPRJ). É membro da Academia Brasileira de Ciências Forenses (ABCF) e integra o Grupo de Pesquisa em Geociências Forenses (DGP/CNPq), filiado à IFG Internacional (Initiative on Forensic Geology). Ademais, está vinculado ao Núcleo de Estudos do Quaternário & Tecnógeno (NEQUAT/UFRJ), tendo experiência em pesquisas e projetos sobre Geomorfologia do Quaternário, com ênfase no Antropoceno/Tecnógeno; Geologia Ambiental; Ensino de Geociências; Geodiversidade; Geoconservação e Educação Ambiental.

Referências

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Publicado

2020-10-23

Como Citar

Pessoa, F. A., Mansur, K. L., Peixoto, M. N. de O., & Brito, A. F. S. (2020). GEODIVERSIDADE NA SERRA DOS ÓRGÃOS (RJ): um percurso histórico. Humboldt - Revista De Geografia Física E Meio Ambiente, 1(1). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/humboldt/article/view/52321

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