Já só o “Identitarismo” pode ainda salvar o “Universalismo”
DOI:
https://doi.org/10.12957/emconstrucao.2023.75892Resumo
Resumo
Nesse ensaio, apoiado em releitura dos 200 anos da Independência do Brasil e 100 anos da Semana de 22, argumento que ainda mantemos uma relação de colonialidade com a Europa e de racialidade interna, especialmente por ainda tentarmos emular o universalismo europeu naquilo que ele possui de pior, o seu caráter de dominação e exploração dos povos e culturas afrodiaspóricas e ameríndias por meio de uma paradoxal expansão via cerceamento (acumulação sem obstáculos); outrossim, advogo a tese de que, para compensar, sempre vingou, entre nós, uma tradição de resistência e insubmissão ao referido universalismo. É vislumbrada uma mudança de paradigma civilizatória em que os “identitários” (movimentos negros, feminismos, nações indígenas, LGTQIAPN+, ecologistas etc.) estão criando um pluriversalismo onde a esperança consiste em vir a se poder criar uma expansão sem fronteiras das infinitas potências de ser, permanecendo cerceamentos (éticos) apenas do ponto de vista ambiental. Por fim, a amefricanidade é hasteada como uma bandeira digna de representar o novo pluriversalismo filho do colapso da representação pretensamente universalista (branca) e mãe de uma nova era de genuína democracia racial.
Palavras-Chave: Universalismo; Identitarismo; Amefricanidade; Independência; Descolonização.
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