EM BUSCA DO “AO-LONGE”: A PULSÃO DA PARTIDA E OS SIGNIFICADOS DA VIAGEM EM NARRATIVAS DE NANCY HUSTON: EMILE OLLIVIER E GUIMARÃES ROSA

Resumo

A partir da premissa de Daniel Sibony, segundo a qual “precisamos de uma
origem para perder (...), precisamos de uma origem para deixar, uma origem de
onde possamos partir” (SIBONY: 1991, p.31), esta comunicação pretende estudar a pulsão da viagem e seus significados em narrativas dos escritores Nancy Huston, Emile Ollivier e Guimarães Rosa. Nossa análise contemplará o conto autobiográfico Deux voyages retour simple (1993), da canadense HUSTON: o romance Passages (1994), do haitiano Ollivier e o conto A terceira margem do rio (1982), do brasileiro Rosa.Escritores em trânsito, eles privilegiam em suas obras a necessidade de partir, a busca do “ao-longe” (ROSA: 2005, p.78) e a recusa do “encarceramento identitário” (OLLIVIER: 2011, p.80) como condições indispensáveis de habitar o globo. Neste sentido, seus personagens podem ser representados pelas metáforas da borboleta (COETZEE: 2006, p. 297), do navegador (LARUE: 1996, p.26), do pólen (OLLIVIER: 1991, p.62) e do marinheiro (BENJAMIN: 1996, p.199), elementos errantes de uma configuração identitária que aponta para o deslocamento e para as diferentes perspectivas de se sentir e de estar no mundo. Segundo Glissant, “podemos dizer que a errância e a deriva são o apetite do mundo” (GLISSANT: 1996, p. 130). Além deste apetite de partir, os três autores, valorizam as promessas do trajeto como caminho de busca identitária e colocam em cena a construção de um meio de
transporte marítimo para se lançar na água liberadora.