Francisco Fernandes Palha Júnior, o “Delegado Chico Palha” (1891-1964)

a construção do herói pelas manchetes cariocas

Abstract

O presente artigo tem por objetivo associar o cotidiano de trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, à cobertura dos eventos feita pelos principais periódicos impressos na cidade na primeira metade do século XX. Para tanto, acompanha a trajetória profissional noticiada do guarda civil e investigador de polícia Francisco Fernandes Palha Júnior, vulgo Chico Palha. O caráter majoritariamente apologético de tais manchetes aponta para um projeto de valorização da imagem pública do policial, marcada pela sua personalidade atrabiliária e por seus métodos investigativos violentos. Fundamentada na Teoria do Agendamento, compreende-se que a imprensa tenha sido coparticipe no processo de construção do mito. Mesmo após 60 anos da morte do ex-policial, o nome e as lembranças das suas ações permanecem vivos na memória em decorrência do sucesso alcançado pelo samba na virada do século, composto por dois de seus antigos detratores.