Os desafios do rearranjo ferroviário no Rio de Janeiro
entre interesses privados e o planejamento estatal para a integração e democratização dos trilhos
DOI:
https://doi.org/10.12957/cdf.2025.88767Palavras-chave:
circulação, ferrovias, democratização dos trilhos, Novo Marco Legal das FerroviasResumo
O artigo tem como objetivo analisar as recentes movimentações públicas relacionadas ao rearranjo ferroviário no estado do Rio de Janeiro, com foco no Plano Estratégico Ferroviário e nos impactos do Novo Marco Legal das Ferrovias. Como desdobramento imediato da nova legislação, a pesquisa também discute o projeto de ligação ferroviária de alta velocidade entre Rio de Janeiro e São Paulo, evidenciando os conflitos entre os interesses privados e as necessidades coletivas de mobilidade, integração e desenvolvimento no estado. A análise crítica apresentada destaca os desafios e as oportunidades da infraestrutura ferroviária no Rio de Janeiro, levando em conta as implicações socioeconômicas, a desarticulação de projetos e as pressões da globalização, que demandam aceleração dos fluxos econômicos e a compressão do espaço-tempo. Nesse contexto de aceleração, as redes de transporte tornam-se fundamentais para a circulação global de mercadorias, pessoas e informações. No entanto, observa-se uma contradição no Rio de Janeiro: enquanto as ferrovias são eficientes para a exportação de commodities, persistem problemas de mobilidade urbana e integração dos sistemas de transporte regionais, por falta de planejamento estatal. Essa situação reflete a lógica neoliberal predominante, que prioriza o rodoviarismo para o transporte interno e as ferrovias para atender aos interesses exportadores, negligenciando a democratização dos trilhos, a integração inter-regional, a mobilidade urbana e, consequentemente, a qualidade de vida da população e o direito à circulação.
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